Sessenta e quatro anos depois, a Espanha volta se orgulhar de ter o melhor jogador do mundo. Nesta segunda-feira (28/10), durante cerimônia de gala no Théâtre du Châtelet, em Paris, o volante Rodri recebeu o tradicional prêmio Bola de Ouro, entregue desde 1956 pela revista France Football, agora em parceria com a Uefa.
O país quatro vezes campeão da Euro (1964, 2008, 2012 e 2024) e uma vez da Copa do Mundo (2010) não emplacava um melhor do mundo desde 1960. O último havia sido o meio-campista Luis Suárez, ex-Barcelona, Internazionale e Sampdoria. Suárez fez parte da campanha vitoriosa de La Roja em 1964, faturou dois títulos espanhóis pelo clube catalão em 1959 e 1960 e conquistou duas Champions Leagues pelo time italiano, em 1964 e 1965.
Com a coroação de Rodri, a Espanha chega a outro prêmios da Bola de Ouro. É o nono mais que mais produziu melhores do mundo. Os dois primeiros troféus vieram com o pentacampeão europeu pelo Real Madrid e oito vezes do Campeonato Espanhol, Alfredo Di Stéfano, em 1957 e 1959.
Os números de Rodri pelo Manchester City são tímidos. Em 50 jogos pelo clube na temporada 2023/24, marcou nove gols e distribuiu 13 passes. Porém, segundo relatório do Observatório de Futebol do Centro Internacional de Estudos de Esporte (CIES Football Observatory), o espanhol é o jogador com performance de maior impacto na temporada entre 54 ligas ao redor do mundo.
A Bola de Ouro entregue a Rodri chama atenção para uma quebra de paradigma. Desde 2006 o troféu individual mais cobiçado do planeta bola não para nas mãos de jogadores com funções menos ofensivas. Há 18 anos, o zagueiro e capitão campeão do mundo com a Itália, Fabio Cannavaro, reivindicou o título. Até 2023, atacantes e meias se revezaram no poder.
Rodri está fora de combate desde 2022 de setembro, quando deixou o campeão no clássico contra o Arsenal com grave lesão no ligamento do joelho direito. O espanhol foi operado e perderá a sequência da temporada.
Polêmica
Tetracampeão inglês pelo Manchester City e cérebro da campanha vitoriosa da seleção espanhola na Eurocopa-2024, Rodri desbancou 29 concorrentes, entre eles, os badalados Vinicius Junior e Jude Bellingham. A dupla do Real Madrid sequer viajou para a cerimônia em Paris, após o vazamento da informação de que o jogador do City seria o escolhido.
O clube merengue embarcaria com uma delegação composta por 50 membros, como outros indicados — Federico Valverde, Antonio Rudiger, Dani Carvajal, Toni Kroos e Kylian Mbappé.
A informação que chegou ao Real Madrid antes do início evento gerou descontentamento nos bastidores. O documento acessado pelo Real Madrid indicava Rodri em primeiro lugar com 421 pontos contra 380 de Vinicius Junior. Jude Bellingham (221), Lautaro Martinez 157) e Dani Carvajal (97) fechariam o Top Five da Bola de Ouro, segundo o vazamento.
Em comunicado à imprensa, o clube merengue ressaltou não ser respeitado pela organização do prêmio. "Se os critérios de premiação não designam Vinicius como vencedor, esses mesmos critérios deveriam designar Carvajal como vencedor. Como não foi o caso, é óbvio que a Bola de Ouro da Uefa não respeita o Real Madrid", diz a nota.
Os nomes de Vinicius Junior e de Jude Bellingham foram retirados de placas nos assentos reservados aos convidados do evento. Do lado de fora do Teatro, fãs de Vinicius Junior protestaram contra o resultado que se desenhava. "Vinicius, Bola de Ouro. Vinicius, Bola de Ouro", gritavam os admiradores do brasileiro. Na chegada ao local do evento, Rodri foi vaiado.
Nas redes sociais, a Rainha Marta também criticou a premiação: "Esperei o ano inteiro para ver o Vini Jr. ser reconhecido como o melhor jogador da atualidade. Agora, vem me dizer que não vão dar a Bola de Ouro para ele? Que bola de Ouro é essa?", desabafou a jogadora eleita seis vezes pela Fifa como a melhor do mundo.
Na enquete promovida pelo jornal L'Équpe, parceiro da revista France Football, Vinicius Junior foi o campeão. O brasileiro recebeu 41,3% dos votos, mais do que o triplo de Rodri (13,5%). Jude Bellingham completou o pódio (10,3%).
Formato
A edição de 2024 da Bola de Ouro é a primeira da revista France Football em parceria com a Uefa. Desde 1995, são avaliados jogadores de todo o mundo entre o segundo semestre de um ano e o primeiro do seguinte, conforme calendário o europeu. Votaram um jornalista de cada país do top-50 do ranking da Fifa. A função dos jurados é montar, em ordem de desempenho, uma seleção com os 10 melhores entre os 30 finalistas. O primeiro de cada votante recebe 15 pontos e os seguintes 12, 10, 8, 7, 5, 4, 3, 2 e 1, respectivamente. O atleta com maior pontuação conquista a Bola de Ouro.
Os 10 melhores da Bola de Ouro
1º Rodri (Espanha e Manchester City)
2º Vinicius Junior (Brasil e Real Madrid)
3º Jude Bellingham (Inglaterra e Real Madrid)
4º Dani Carvajal (Espanha e Real Madrid)
5º Erling Haaland (Noruega e Manchester City)
6º Kylian Mbappé (França, ex-Paris Saint-Germain e atual Real Madrid)
7º Lautaro Martínez (Argentina e Internazionale)
8º Lamine Yamal (Espanha e Barcelona)
9º Toni Kroos (Alemanha e Real Madrid)
10º Harry Kane (Inglaterra e Bayern de Munique)
Outros prêmios masculinos
Troféu Kopa (melhor sub-21)
Lamine Yamal
Melhor clube masculino
Real Madrid
Gerd Müller (artilheiro da temporada)
Harry Kane (Inglaterra e Bayern de Munique — 52 gols)
Kylian Mbappé (França, ex-Paris Saint-Germain e atual Real Madrid — 52 gols)
Yashin (melhor goleiro)
Emiliano Martínez
Johan Cruyff (melhor técnico masculino)
Carlo Ancelotti (Real Madrid)
Prêmios femininos
Bola de Ouro
1ª Aitana Bonmatí (Espanha e Barcelona)
2º Caroline Hansen (Noruega e Barcelona)
3ª Salma Parulluelo (Espanha e Barcelona)
4º Sophia Smith (Estados Unidos e Portland Thorns)
5ª Lindsay Horan (Estados Unidos e Lyon)
6ª Mallory Swanson (Estados Unidos e Chicago Red Stars)
7ª Marie-Antoinette Katoto (França e Paris Saint-Germain)
8ª Mariona Caldentey (Espanha, ex-Barcelona e atual Arsenal)
9ª Trinity Rodman (Estados Unidos e Wahsington Spirit)
10ª Alexia Putellas (Espanha e Barcelona)
18ª Gabi Portilho (Brasil e Corinthians)
23ª Tarciane (Brasil, ex-Corinthians e atual Houston Dash)
Melhor clube
Barcelona
Sócrates (causas sociais)
Jennifer Hermoso
Johan Cruyff (melhor técnico feminino)
Emma Hayes (Estados Unidos e ex-Chelsea)
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