O cérebro do campeão de boxe Maguila, que morreu nesta quinta-feira (24/10) aos 66 anos, será doado para estudos na Universidade de São Paulo (USP). Há anos convivendo com a doença degenerativa conhecida como "demência do pugilista", o ex-boxeador concordou, em 2018, em doar o órgão para a universidade, com consentimento da família.
Os pesquisadores querem entender as consequências dos impactos repetidos na cabeça, causados pela prática de esportes como boxe, rúgbi, futebol, entre outros.
A Encefalopatia Traumática Crônica (ETC), a "demência do pugilista", é confundida com outras doenças como o Mal de Alzheimer, por conta dos sintomas semelhantes. A enfermidade está associada à perda cognitiva e distúrbios de comportamento, tais quais episódios de depressão, violência e suicídio.
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Além de Maguila, o zagueiro Bellini, campeão mundial em 1958, e o pugilista Éder Jofre, que morreu em 2022, também doaram o cérebro para o estudo.
Em 2014, após a morte de Bellini, a família doou o órgão para a universidade. O caso foi apresentado, em um congresso de medicina, como o primeiro diagnóstico da doença em um jogador de futebol. Diferentemente do Alzheimer, a ETC tem sintomas comportamentais, principalmente em pessoas mais jovens, e um tempo de vida mais longo.
O diagnóstico da doença, porém, ainda é difícil de ser realizado. Por enquanto, só é feito com o estudo do cérebro do ex-atleta após a morte. Os avanços científicos permitem algumas avaliações de marcadores da ETC, como a proteína TAU, em exames de imagem e da retirada do líquor cerebral — fluido que amortece as estruturas cerebrais.
Se a proteína for encontrada em alta quantidade em determinadas regiões do cérebro, é possível confirmar a doença. Cientistas esperam que em breve os marcadores poderão ser identificados em um simples exame de sangue.