Um dos clichês do futebol diz que um bom time começa por um grande goleiro. Finalistas desta edição da Copa do Brasil, Flamengo e Atlético-MG reforçam a tese. A dupla de ricaços injeta dinheiro no setor ofensivo, mas não abre mão da manutenção da confiança debaixo das traves. Embora tenham adotado políticas de contratação diferentes para paredões, cariocas e mineiros chegaram ao denominador comum no quesito segurança, com Agustín Rossi e Éverson, personagens do primeiro capítulo da série do Correio sobre os duelos de 3 e 10 de novembro, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte.
Levantamento do Correio mostra que Éverson é o quarto goleiro mais longevo entre os 20 da Série A do Campeonato, atrás somente de Weverton (Palmeiras), Lucas Arcanjo (Vitória) e Cleiton (Red Bull Bragantino). Chegou à Cidade do Galo em setembro de 2020. Foi um achado no "quintal". O paulista de Pindamonhangaba jamais jogou no exterior. Passou pelas categorias de base do São Paulo, até integrar os juniores e depois os profissionais do Guaratinguetá. Rodou pelo Nordeste, com experiências no River-PI, Confiança-SE e Ceará. Destacou-se, mesmo, no Santos de Jorge Sampaoli. Em 2019, foi um dos responsáveis por levar o Peixe ao vice-campeonato e à vaga direta na Libertadores.
Éverson não desfrutou da campanha finalista no torneio continental na temporada seguinte. Deixou o Peixe após amargar a reserva em meio às cobranças de direitos trabalhistas. Foi anunciado em setembro e desbancou a titularidade de Rafael e manteve o ídolo Victor — atual diretor de futebol do clube — como terceira opção antes da aposentadoria. O auge da carreira do paredão de 1,92m de altura foi em 2021. Para quem não tinha nenhum título de expressão, arrematou três numa cajadada só: Campeonato Mineiro, Brasileirão e Copa do Brasil em 2021.
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Enquanto Éverson foi uma possibilidade para o Atlético-MG no mercado nacional, o Flamengo voltou-se para além das fronteiras na hora de definir o dono das traves. Agustín Rossi foi o milagreiro do Boca Juniors entre 2019 e 2022. Antes de fazer as malas e se mudar para o Rio de Janeiro, envolveu-se em um triângulo amoroso com escala na Arábia Saudita. Quando tinha um pré-contrato assinado com o rubro-negro, foi escanteado pelo clube argentino e emprestado ao Al-Nassr, time de Cristiano Ronaldo no Oriente Médio. Disputou oito partidas e aterrissou na Cidade Maravilhosa.
Apesar do status de pegador de pênaltis, demorou a assumir a titularidade no Flamengo de Jorge Sampaoli. Após 16 jogos na reserva, estreou na partida contra o Goiás, pela 24ª rodada do Brasileirão do ano passado. Desbancou as concorrências de Matheus Cunha e Santos e, na Era Tite, fincou as raízes. Foi campeão Carioca no início da temporada, amargou a eliminação nas quartas da Libertadores para o Penãrol, mas celebrou a segunda chance na Copa do Brasil. Na edição de 2023, não foi capaz de pegar o chute de Pablo Maia, que deu o título inédito ao São Paulo. Ao eliminar o Corinthians na semifinal de 2024, não deixou de agradecer ao ex-dono da prancheta.
"A gente já vinha trabalhando muito a pressão com o Tite. Tudo que vivemos durante o ano, com aquele sistema defensivo que montamos no início do ano, ajudou muito. Ninguém pode esquecer que estamos na final da Copa do Brasil. O Filipe chegou há dois jogos, mas o resto da Copa jogamos com Tite e comissão. Não podemos esquecer dele. E estamos muito agradecidos pelo que ele fez conosco", discursou após o empate sem gols na Neo Química Arena.
Formado nas categorias de base do Chacaritas Jrs., Rossi também defendeu as cores de Estudiantes, Defensa y Justicia e Lanús, na Argentina. No Chile, disputou cinco partidas pelo Antofagasta. Rossi escancara como a escola de goleiros brasileiros tem dado certo. O hermano de 29 anos é um dos três estrangeiros titulares dos 20 clubes da Série A. As outras duas exceções à regra são o uruguaio Sergio Rochet (Internacional) e o xará e compatriota Agustín Marchesín (Grêmio). Rossi faz valer a aposta do Flamengo com bola rolando e na marca da cal. Desde o início da carreira profissional em 2014, são 22 pênaltis defendidos. O último deles, no clássico contra o Fluminense.
Mas se Rossi está acostumado a defender pênaltis, Éverson costuma tirar onda de batedor. Em 2021, os caminhos dos dois goleiros foram cruzados nas oitavas de final da Libertadores. O empate sem gols no Mineirão forçou a decisão na marca da cal. Além de defender duas cobranças, o goleiro brasileiro marcou o gol da classificação contra Rossi.
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