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Conheça Luiza Fullana, a brasiliense bola da vez do tênis brasileiro

Apesar da iniciação aos 12 anos, ela compensa o tempo perdido com a experiência nos Estados Unidos. Fã de Djokovic, representará o Brasil ao lado de Bia Haddad e cia. na Billie Jean King Cup, em novembro

A tenista brasiliense Luiza Fullana disputará a Billie Jean King Cup em novembro, em São Paulo -  (crédito: Redes sociais/Reprodução)
A tenista brasiliense Luiza Fullana disputará a Billie Jean King Cup em novembro, em São Paulo - (crédito: Redes sociais/Reprodução)

O relógio marca 21h30 quando Luiza Fullana atende à chamada de vídeo direto da Grécia. A brasiliense de 23 anos poderia estar se preparando para descansar para o confronto contra a russa Ekaterina Makarova, pelo ITF W35 de Heraklion, mas aproveita o tempo para falar sobre a lua de mel que vive com o tênis.

Em menos de dois meses, conquistou o título mais importante da carreira, no saibro do ITF W35 de São Paulo, e foi convocada para defender o Brasil na Billie Jean King Cup, o principal torneio feminino entre países. Em 15 de 16 de novembro, ela se juntará à Bia Haddad, Laura Pigossi, Carol Meligeni e Ingrid Martins para jogos contra argentinas no Ginásio do Ibirapuera, na capital paulista, pelos playoffs.

"Tenho uma relação muito boa com o Peniza (capitão do time). Ele me ligou um dia e me chamou para treinar com as meninas. Fiquei super feliz, e acabou que a Luisa Stefani, infelizmente, sentiu dor no joelho. No dia seguinte, ele me ligou e me chamou para fazer parte do time. Eu estava no Aeroporto de Zurique, no meio da viagem para a Grécia. É uma coisa com a qual sonhamos, jogar pelo nosso país", compartilha ao Correio.

Luiza tem uma história diferente da maioria das tenistas. Aventurou-se no hipismo, na dança, na ginástica, no vôlei, no basquete e na natação antes de ingressar nas quadras para "agradar ao pai", aos 12 anos. A modalidade costuma ser descoberta por novos talentos por volta dos cinco, seis. Porém, o tempo foi recuperado nos Estados Unidos. A brasiliense deixou o país aos 16 , concluiu o ensino médio, graduou-se em marketing pela Charleston Southern University, mas nunca abdicou da raquete.

Morar nos EUA era uma oportunidade de jogar mais e ter contato com outros estilos de tênis por valores mais acessíveis. "Foi uma das melhores escolhas da minha vida. A estrutura lá é muito diferente. Eu não tinha condições, principalmente financeiras, de continuar no Brasil jogando, por ser um país grande, que fica longe de lugares com competições. Ir para lá me deu essa facilidade de jogar mais torneios por ano pagando menos", destaca.

As despesas para desfilar por diferentes quadras saíram das economias da atleta. Ela trabalhou por um ano para juntar o dinheiro, diferentemente do atual cenário. Agora, tem apoios e está de malas prontas para viver na Espanha. "Eu estava realmente me virando para conseguir jogar. Com os contratos que fechei, estou recebendo o apoio que preciso para me dedicar 100% ao tênis. Estão fazendo a diferença, porque, finalmente, conseguirei me dedicar 100% ao meu sonho."

Luiza não esconde que o tênis é exigente financeiramente. "Você tem que sempre estar viajando. A sua vida está sempre mudando. É muito estressante e, para as pessoas que estão buscando evoluir, o ideal seria viajar com o treinador. Eu, nesta semana, estou com o técnico. Você paga hotel, comida e passagens para duas pessoas, sem contar o trabalho dele", explica. Embora seja uma modalidade cara, ela enxerga um caminho para popularizar o acesso.

"Seria lindo se empresas e o governo conseguissem fazer quadras públicas. Isso incentiva não somente o pessoal a jogar, mas a cuidar da saúde", ressalta. A ideia ajudaria no desenvolvimento de novos talentos, como Pablo Maia. Ele tinha nove anos em 2018, quando teve a história viralizada por jogar tênis no quintal de terra em casa e com rede improvisada por um pano. "É de emocionar falar desse menino com tão pouca estrutura. É uma força de vontade de se admirar. Na próxima vez que eu estiver em Brasília, é convidá-lo para bater uma bolinha", sugere.

O tênis também demanda suporte físico. Não basta ter talento. Número 10 do ranking, Bia Haddad convive com dramas desse tipo. "É muito importante fazermos tudo que podemos para diminuir os riscos, como cuidar da alimentação, alongar bastante, fazer o máximo de fisioterapia e exercícios de prevenção", alerta a atleta que conviveu com o drama de quebrar ossos dos dois pés. "Eu não sabia, tenho uma tolerância muito alta para dor. Eu não tinha ideia até acordar no outro dia e não conseguir andar. Essas coisas acontecem e tem que ter paciência e cabeça."

Paciência e tranquilidade estão ligadas ao fator psicológico, parte importante da preparação de Luiza. "Temos de aprender a treinar nossa cabeça, não só o corpo e os movimentos. Gosto de me colocar em situações no treino na qual sinto pressão para, quando vier, eu não me sinta desconfortável", revela. Ela também defende a necessidade de lazer fora do esporte. As artes são aliadas. A música preferida dela é Everybody wants to rule the world, da banda britânica Tears for Fears. Livros de mistério, filmes dos heróis da Marvel, comédias românticas e séries como Friends e Modern Family fazem parte da vida da atleta.

Preferências

Luiza foi pega de surpresa na semana passada com o anúncio aposentadoria de Rafael Nadal no próximo mês, mas admite: "Não é meu favorito". "Senti que esse momento estava chegando, mas não esperava que seria tão cedo. O Djokovic é o meu preferido. Ele ainda está na jogada", brinca. Ela conheceu o ídolo nos EUA, quando estava treinando em uma academia de Nova Jersey. "Um dia de verão tranquilo, chego para treinar e chega alguém atrás de mim e pergunta como estou. Quando viro, era o Djokovic. Eu não consegui responder. Pensei que estava sonhando. Depois, descobri que ele estava ficando em uma dessas casas da propriedade do dono. Durante o US Open ele fica lá", relata.

Embora admire mais o sérvio, Luiza destaca ponto forte das outras lendas. "Do Nadal, a força mental, nunca desistir. Do Federer, a postura em quadra, isso faz a diferença no jogo. E do Djokovic, como compete. Muita gente o acha arrogante, metido, mas temos de entender que é o jeito dele, e isso o faz ser o melhor, esse jeitinho dele um pouco esquentadinho que faz ele ir para o próximo ponto querendo matar o adversário. Temos de pegar isso e aprender com eles. Cada um tem uma característica e é isso que os tornam tão incríveis", defende. No feminino, ela gosta de acompanhar a espanhola Paula Badossa.

Apesar de ter vivido nos EUA e se familiarizado com a quadra rápida, Luiza estreita os laços com o saibro, palco da Billie Jean King Cup. "Amo quadra rápida, sempre achei que os meus melhores resultados sairiam dela, mas veio essa surpresa do título. Acho que estou aprendendo a gostar mais do saibro.

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postado em 17/10/2024 06:00 / atualizado em 17/10/2024 11:56
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