VÔLEI

Superliga Feminina começa com brasilienses em menos da metade dos times

Disputa da elite do vôlei brasileiro entra em cartaz nesta quarta-feira (16/10) com cinco atletas nascidas no Distrito Federal. Representante da cidade, o Brasília não emprega nenhuma prata da casa

Da esquerda para a direita: as brasilienses Fabíola Almeida, Rebeca Viana, Júlia Kudiess, Vivian Lima e Geovana Freitas -  (crédito: Montagem sobre fotos de Rogério Guerreiro/Brasília Vôlei, Fernanda Georges/Flor de Ypê/Paulistano/Barueri, Hedgard Moraes/MTC, Unilife Maringá e Carolina Oliveira/Osasco)
Da esquerda para a direita: as brasilienses Fabíola Almeida, Rebeca Viana, Júlia Kudiess, Vivian Lima e Geovana Freitas - (crédito: Montagem sobre fotos de Rogério Guerreiro/Brasília Vôlei, Fernanda Georges/Flor de Ypê/Paulistano/Barueri, Hedgard Moraes/MTC, Unilife Maringá e Carolina Oliveira/Osasco)

A Superliga Feminina de Vôlei começa nesta quarta-feira (16/10) com o alerta à baixa representatividade do Distrito Federal. Campeão do torneio nacional mais badalado da modalidade nos tempos de Leila Barros, Ricarda Lima, Paula Pequeno, Tandara Caixeta, Fabíola e, recentemente, com Júlia Kudiess, o quadradinho tem somente cinco pratas da casa envolvidas na corrida pelo título, como aponta o censo do Correio

Jogadoras nascidas na capital do país estão vinculadas a menos da metade dos times da Superliga 2024/2025. Nem mesmo o Brasília emprega atletas lapidadas na cidade. O mapeamento mostra que elas estão espalhadas por São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Revelação da última edição, Júlia Kudiess, de 21 anos, ajudou o Minas a faturar o quarto troféu em seis anos. 

A central está no clube de Belo Horizonte desde os 14 anos. Teve a contribuição recompensada com a convocação à Seleção Brasileira de Bernardinho. No entanto, durante a primeira etapa Liga das Nações, em maio, rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho e foi diagnosticada com uma microfratura do platô tibial, que a tirou dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Enquanto Júlia se recupera, o técnico italiano Nicola Negro tem à disposição atletas de Seleção, como a bicampeã olímpica Thaisa, a ponteira Pri Daroit e a oposta Kisy Nascimento. 

Talento da geração de 2006, a Rebeca Viana defende as cores do Barueri. A oposta/ponteira é de Ceilândia e começou na modalidade por conta da irmã, que precisava praticar esporte por questões de saúde. Rebeca se engajou com o vôlei e sonha com novos voos na Superliga. “Estou muito animada, é o meu terceiro ano em Barueri. Eu me sinto mais preparada. Estamos super preparadas, o time está muito bom e são meninas com bagagens, destaques na Superliga passada”, comenta. 

No Unilife Maringá, Vivian Lima carrega a bandeira do Distrito Federal. A levantadora criada no Guará completou 25 anos na segunda-feira (14/10) e tem passagens por Terracap/BRB/Brasília, Brasília Vôlei, Fluminense, Praia Clube e Barueri. Para ela, a presença de uma equipe da capital federal na elite coloca talentos na vitrine. “Brasília sempre revelou atletas importantes para o vôlei. Tem muitos profissionais capacitados e que trabalham muito bem, e isso vem fazendo a diferença e ficando mais visível pelo nível de atletas brasilienses projetados no cenário nacional e internacional. A tendência com o time da capital é aumentar a quantidade de jogadoras na Superliga”, destaca.

Vivian está na segunda temporada no Maringá e enxerga a evolução do projeto da equipe que bateu na trave do mata-mata com a nona colocação na primeira fase. “Este ano, o time vem com mais experiência, o que tende a ser melhor do que temporadas passadas. O objetivo é fazer uma boa classificação e um bom campeonato. Estou feliz demais pela confiança depositada e espero ajudar o time a fazer a melhor campanha do projeto até aqui e crescer. Esse é o objetivo.”

Um dos pilares do Mackenzie na temporada de retorno à elite do voleibol feminino é a experiente Fabíola Souza. A levantadora de 41 anos acumula milhas por Minas, Osasco, São Cristóvão, Pinheiros, São Caetano, Sesc, Flamengo e Sesi Bauru. No pentacampeão Osasco, o elo com o Distrito Federal é Geovana Freitas, central de 1,88m de altura. 

A companhia catarinense Abel Moda não tem nenhuma brasiliense nas quadras. Porém, a mente por trás do jogo vem do Distrito Federal. Maurício Thomas está há 15 anos longe da capital, mas traça diagnóstico sobre a diminuição da fábrica do vôlei da capital. “Tínhamos os clubes, o Minas, Iate, AABR e AABB com trabalhos de formação e os atletas tinham a oportunidade de treinar em grandes estruturas, junto a grandes profissionais. Hoje, vejo que os clubes estão diminuindo cada vez mais. Não é uma coisa isolada. Há a carência de bons técnicos e de boas estruturas, tem as dificuldades da logística de Brasília. Talvez, talentos não conseguem ir treinar devido ao financeiro, apoio, de vales de transporte e alimentação. Hoje, os pais são ‘paitrocínios’”, analisa. 

Maurício Thomas também enxerga uma mudança no físico dos atletas da nova geração. “Os atletas ficaram mais baixos, masculino e feminino. Acabou diminuindo a quantidade de talentos que surgiram. Temos grande volume, mas com pouco biotipo ideal para o vôlei. Precisa-se dar atenção maior ao tempo de treinamento e à capacitação de profissionais. Compete-se muito, mas não treinam tecnicamente muito tempo.” 

O dono da prancheta elogia os trabalhos do Brasília Vôlei, com equipes masculinas e femininas, mas entende que a capital poderia dar um próximo passo. “Brasília teria capacidade de formar mais um time, a capital do Brasil… Você vê São Paulo, tem quatro, cinco, seis times, o Rio tem três. Brasília tem potencial, isso vai fortalecer o campeonato do Distrito Federal, oportunizar mais atletas a jogarem. Precisa-se estruturar as equipes e fazer trabalho sério”, defende.

“É preciso remunerar bem os profissionais para terem confiança no trabalho e se dediquem somente a isso. Hoje, os profissionais trabalham em escolas e em clubes e acabam não tendo dedicação exclusiva, como era antigamente”, completa. 

Invasão gringa

A presença tímida de atletas do Distrito Federal na Superliga Feminina contrasta com a importação de jogadoras. O torneio começa com 14 gringas, de oito países diferentes. O regulamento prevê da competição permite a inscrição de até três estrangeiras por equipe. O Brasília aderiu à moda ao contratar a central canadense Kate Fergusson e a oposta húngara Panni Petovary. Os Estados Unidos puxam a fila dos países com mais atletas de fora empregadas na elite do vôlei do Brasil: 4. O Canadá vem em segundo, com três, enquanto a Rússia fecha o pódio (2). Azerbaijão, Holanda, Hungria, República Dominicana e Venezuela têm uma cada. 

Regulamento 

A primeira fase da Superliga Feminina é disputada no formato de pontos corridos, com duelos entre todas as equipes em dois turnos. Classificam-se ao mata-mata as oito melhores equipes, enquanto os dois piores caem para a segunda divisão. Os duelos das quartas são definidos por meio de cruzamento olímpico, ou seja, o 1º colocado enfrenta o 8º, o 2º pega o 7º e assim por diante. A fase eliminatória é jogada no sistema melhor de três até as semifinais. A decisão pelo título é em jogo único. 

A principal novidade para esta temporada da Superliga Feminina é a implementação do sistema de desafio — recurso tecnológico que auxilia a arbitragem — para todas as partidas. A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) arcará com os custos de cerca de R$ 3 milhões para rodar a operação em 17 cidades de seis estados, além do Distrito Federal. Antes, o sistema era de responsabilidade dos clubes. 

As partidas da Superliga Feminina são transmitidas pelos canais SporTV e pela plataforma de streaming Vôlei Brasil. 

Primeira rodada

Quarta-feira (16/10)
18h30 Praia Clube x Mackenzie

Sexta-feira (18/10)
18h30 Gerdau Minas x Abel Moda

Sábado (19/10)
16h Fluminense x Pinheiros
18h Barueri x Bauru

Segunda-feira (21/10)
18h30 Brasíla x Sesc Flamengo
21h30 Maringá x Osasco

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postado em 16/10/2024 13:25 / atualizado em 16/10/2024 21:13
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