Chile x Brasil: Há 70 anos, Seleção jogava de amarelo pela primeira vez

Primeira exibição com novo uniforme foi nas Eliminatórias para a Copa de 1954 contra o Chile, no Estádio Nacional, em Santiago, palco do duelo desta quinta. Saiba por que o uniforme branco foi abolido

Em pé da esquerda para a direita: De pe: Djalma Santos, Nílton Santos, Brandãozinho, Veludo, Pinheiro e Bauer. 
Agachados: Julinho Botelho, Didi, Baltazar, Humberto Tozzi e Rodrigues. -  (crédito: Arquivo/Divulgação)
Em pé da esquerda para a direita: De pe: Djalma Santos, Nílton Santos, Brandãozinho, Veludo, Pinheiro e Bauer. Agachados: Julinho Botelho, Didi, Baltazar, Humberto Tozzi e Rodrigues. - (crédito: Arquivo/Divulgação)

Numa folha qualquer, o gaúcho de Jaguarão Aldyr Garcia Schlee (1934-2018) desenha uma camisa amarela. E com cinco ou seis traços é fácil fazer o novo uniforme da Seleção, derrotar 202 candidatos no concurso promovido pelo jornal Correio da Manhã e testemunhar o lançamento das novas cores da farda em um jogo do Brasil contra o Chile, no Estádio Nacional, em Santiago, pelas Eliminatórias para a Copa. Essa magia aconteceu há 70 anos, em 28 de fevereiro de 1954.

Em sete décadas, o Brasil bordou cinco estrelas de campeão da Copa do Mundo acima do escudo. A sexta parece tão amaldiçoada quanto o discurso usado para abolir a roupa branca dos pés à cabeça condenada depois do vice contra o Uruguai, no Maracanã, em 1950. Segundo as más línguas, o design havia virado símbolo de azar.

Desbotada por maus-tratos dentro e fora de campo e com três técnicos diferentes em 22 meses desde o fim da era Tite, a Amarelinha volta hoje, às 21h, à passarela do primeiro desfile inspirada nos modelos da época. A primeira vitória do Brasil trajando o uniforme transformado em símbolo nacional tinha: Veludo; Djalma Santos, Pinheiro, Nilton Santos e Bauer; Brandãozinho e Julinho; Didi, Baltazar, Humberto e Rodrigues. Todos sob o comando do técnico Zezé Moreira. Remanescente de 1950, Baltazar fez os gols do triunfo por 2 x 0 e começou a encurtar o caminho da classificação para a Copa de 1954, na Suíça.

A Seleção carece faz tempo de um "Enciclopédia" na defesa e da batuta de um "Príncipe Etíope", mas o plano de jogo para reencontrar o Chile no Estádio Nacional lembra no papel aquele sistema usado no lançamento da camisa: 4-2-4. Do meio para a frente, Dorival Júnior usará o par de volantes André e Lucas Paquetá, recuado para a função. Bruno Guimarães fica no banco. Na fase ofensiva, um quarteto de ataque liderado pelos "veteranos" Rodrygo e Raphinha combinado com o novato Savinho e o estreante Igor Jesus.

Os desafios de Aldyr Schlee há 70 anos e de Dorival Júnior no ciclo para a Copa de 2026 se assemelham. Ambos receberam a missão de refundar a Seleção. O desenhista com uma paleta de cores. O técnico, com uma prancheta na mão e uma mescla de jogadores capazes (ou não) de revitalizar a camisa desbotada. O "tintureiro" Dorival tenta revitalizá-la minimamente sem os dois maiores artistas da companhia: Neymar e Vinicius Junior. O maior artilheiro da Seleção está lesionado. O favorito a melhor do mundo também.

O pior primeiro turno da Seleção em participações nas Eliminatórias no sistema de pontos corridos agrava a situação. Enquanto Dorival tenta reformar a Amarelinha, os maus resultados em série insistem em deixá-la pálida. Inicia a nona rodada em quinto com 10 pontos. Seis avançam direto e o sétimo disputará repescagem internacional. Chile e Peru, adversários em Santiago e em Brasília nesta Data Fifa, são vice-lanterna e lanterna, respectivamente. Logo, aumentam a demanda por vitória.

"É uma situação muito ruim para uma Seleção que sempre pontuou na parte de cima, mas vamos atingir este momento. Queríamos um resultado diferente neste momento, mas acho que tudo está acontecendo em um sentido de primeiro nos mostrar uma condição ruim para ver quem tem a resiliência para sustentar o que vamos enfrentar em uma competição como a Copa do Mundo", disse ontem na entrevista coletiva no CT do Palmeiras, antes do embarque para Santiago.

Aldyr Schlee refundou a camisa do Brasil ao vencer o concurso aos 19 anos. Um ano mais velho do que Endrick, a esperança mais jovem em busca da reinvenção do futebol da Seleção. O brasiliense é um dos sacrificados. Titular na derrota contra o Paraguai, a joia do Real Madrid perdeu a posição para Igor Jesus, o centroavante do Botafogo.

"Estar podendo representar a Seleção é gratificante. Espero fazer um bom trabalho aqui para voltar mais vezes. Podem ter certeza de que vamos fazer o nosso melhor aqui para que possamos alcançar nosso objetivo que é a vaga para a Copa do Mundo. Queremos fazer um grande trabalho para deixar todos felizes". Igor Jesus será a 11ª aposta para a função de nove depois dos testes com Endrick, Evanilson, Gabriel Jesus, João Pedro, Matheus Cunha, Pedro, Richarlison, Rony, Vitor Roque e Yuri Alberto.

FICHA TÉCNICA
21h
Santiago (Chile)
Estádio: Nacional
Eliminatórias – 9ª rodada
Árbitro: Dario Herrera (Argentina)
Transmissão: Globo e SporTV

Chile (4-4-2)
Cortés;
Loyola, Kuscevic, Maripán e Galdames;
Tapia, Pulgar, Echeverría e Palacios;
Vargas e Dávila
Técnico: Ricardo Gareca

Brasil (4-2-3-1)
Ederson;
Danilo, Marquinho, Gabriel Magalhães e Abner Vinícius;
Lucas Paquetá e André;
Savinho, Raphinha e Rodrygo
Igor Jesus
Técnico: Dorival Júnior

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postado em 10/10/2024 00:01 / atualizado em 10/10/2024 16:56
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