Flamengo

"Minhas decisões vão incomodar", diz Filipe Luís ao assumir o Flamengo

Sucessor de Tite, o técnico Filipe Luís separa amizade da nova carreira e diz que velhos companheiros podem se surpreender com as escolhas que ele tomará a partir da estreia contra o Corinthians

Filipe Luís deu a primeira entrevista como técnico do Flamengo no início da tarde desta terça-feira no Ninho do Urubu, o centro de treinamento rubro-negro -  (crédito: Marcelo Cortes/Flamengo)
Filipe Luís deu a primeira entrevista como técnico do Flamengo no início da tarde desta terça-feira no Ninho do Urubu, o centro de treinamento rubro-negro - (crédito: Marcelo Cortes/Flamengo)

Filipe Luís foi apresentado no início da tarde desta terça-feira como sucessor de Tite à frente do Flamengo para os últimos dois meses de temporada. O ex-comandante dos times sub-17 e sub-20 com títulos na Copa Rio e no Mundial de Clubes Sub-20 estreia nesta quarta contra o Corinthians na partida de ida das semifinais da Copa do Brasil com o discurso de fazer correções e deixar a equipe o mais rapidamente possível com a cara, a filosfia de jogo dele. Depois da coletiva, o vice de futebol Marcos Braz disse ter cometido um erro ao anunciar Filipe Luís como interino e disse que Filipe Luís comandará a equiope até dezembro de 2025. O clube vive clima eleitoral. Não há certeza de que o grupo de Landim vencerá.

Colecionador de 10 títulos com a camisa rubro-negra no papel de lateral-esquerdo, o catarinense de Jaraguá do Sul assume a prancheta do elenco principal aos 39 anos. Depois de se aposentar em dezembro do ano passado, Filipoe Luis Kasmirski migou para a função de técnico e passou a acumular experiência nas categorias de base do time rubro-negro. A demissão de Tite fez com que a diretoria e ele queimassem etapas e antecipassem planos.

"Eu me preparei muito para esse momento e estou muito feliz. Desafio muito importante. Falei para todos que trabalham no Centro de Treinamento: 'Preciso de todos'. Preciso da torcida, da imprensa, da diretoria para colocarmos o Flamengo onde ele merece. Sozinho não vou conseguir. Preciso dos meus jogadores, do meu estafe e de todos vocês (imprensa). Esse desafio pode parecer uma pressão gigantesca, mas, para mim, é um privilégio poder liderar e guiar o melhor elenco da América até o caminho onde quero levá-lo", afirmou antes de ser sabatinado pelos jornalistas no Ninho do Urubu, em Vargem Grande.

Filipe Luís trabalhou com 21 jogadores do plantel. Em 2019, fez parte do time campeão da Libertadores e do Brasileirão sob a batuta do português Jorge Jesus, uma das referências do jovem treinador. Gerson, Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabriel Barbosa eram titulares com Filipe Luís naquela formação histórica. Apesar disso, ele mandou recado aos amigos.

"Tem os prós e contras. Eu conheço esse grupo como ninguém, eu sei das lideranças e o que acontece. Eu estava presente nesse grupo há cinco anos. Acho que só chegaram três ou quatro jogadores depois que eu me aposentei. Conheço todos eles. Eu sei que vou tomar decisões que vão incomodar alguns jogadores e que alguns deles vão ficar bravos comigo, mas não é com o Filipe Luís pessoa, é com o Filipe Luís treinador. É importante separar".

Um dos suspenses é sobre a utilização ou não de Gabriel Barbosa no ataque nesta quarta contra o Corinthians. Antes da aposentadoria de Filipe Luís, o atacante disse que não o respeitaria como técnico se não fosse escolhido capitão do Flamengo. "Sei da capacidade do Gabriel, não importa o tempo de contrato, se são dois meses, dois anos ou cinco anos. Eu vou dar a vida por ele e por todos os jogadores para melhorá-los individualmente para que joguem coletivamente organizados. Que eles sejam peças dessa engrenagem, que façam a equipe funcionar", comentou o treinador ao ser questionado sobre a relação com Gabigol.

"Eu sei que vou tomar decisões que vão incomodar alguns jogadores e que alguns deles vão ficar bravos comigo, mas não é com o Filipe Luís pessoa, é com o Filipe Luís treinador. É importante separar" Filipe Luís, novo técnico do Flamengo

O treinador evitou falar sobre a escalação de Gabriel, mas reforçou: "Vou fazer de tudo que está ao meu alcance para recuperar o melhor nível dele, o alto nível dele e o alto rendimento que ele tem e que já teve. E assim que ele começar a falar no campo e começar a ser o Gabriel que eu conheci, com certeza ele irá recuperar os minutos que ele precisa para poder ter uma sequência e desempenhar o melhor futebol dele", disse.

O técnico evitou comparações com Tite, Jorge Sampaoli, Vítor Pereira, Dorival Jùnior, Paulo Sousa, Renato Gaúcho, Rogério Ceni, Doménec Torrent, Jorge Jesus e todos os treinadores anteriores dele com a camisa rubro-negra. "Eu não quero me comparar com nenhum dos trabalhos anteriores. O que foi feito ficou para trás. Eu quero começar uma nova história, um novo Flamengo com a minha cara. Eu pego um time que não é um caos. Não é um time com jogadores descompromissados, caras que não querem correr", ponderou.

O novo comandante lamentou o curto período para treinamentos e admitiu possíveis dificuldades contra o Corinthians no início das semifinais da Copa do Brasil. "É pouco tempo dois treinos, mas vou fazer alguns ajustes necessários nessa equipe. Pouco a pouco, implementar o meu modelo de jogo. Quero que seja um time muito pressionante, incômodo para o adversário, que saiba competir em todas as fases do jogo, e que seja um time compacto. Espero poder ver isso nesse jogo (contra o Corinthians), mas a gente sabe que joga contra um adversário que está numa crescente e que vem para incomodar", avalia.

O clássico entre os times mais populares do Brasil é considerado importante para a estreia no cargo. "Acho o melhor jogo para poder estrear, um jogo importante. Um jogo com pressão, peso, uma semifinal. Quando eu jogava, o mais difícil era motivar para um jogo que não tivesse muita transcendência, ou até mesmo numa fase do campeonato em que o time não consegue se motivar tanto. Nesse jogo, não é preciso motivar ninguém", analisou.

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postado em 01/10/2024 15:16 / atualizado em 01/10/2024 15:22
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