SÉRIE D

Conheça Darley, rei dos pênaltis no título inédito do Retrô na Série D

Goleiro mineiro conta ao Correio Braziliense que até uma garrafa de isotônico adaptada como bola em ativação neurológica contra o Brasiliense o ajudou a defender oito pênaltis na campanha do Retrô-PE

Darley defendeu oito cobranças de pênalti em desempates na fase de mata-mata da Série D do Campeonato Brasileiro -  (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)
Darley defendeu oito cobranças de pênalti em desempates na fase de mata-mata da Série D do Campeonato Brasileiro - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)

Ele defendeu oito pênaltis em desempates na fase de mata-mata da Série D do Campeonato Brasileiro. Jogou no Feyernoord com sete estrelas de Louis van Gaal na campanha do terceiro lugar da Holanda na Copa do Mundo de 2014. Usou garrafinhas de gatorade para substituir o sumiço das bolas no Serejão, em Taguatinga, e viabilizar uma ação neurológica antes de eliminar o Brasiliense nas quartas de final. Aos 34 anos, o goleiro Darley Ramon Torres, mineiro de Pedro Leopoldo, assumiu o papel de protagonista do título inédito do clube de Camaragibe (PE). Fundado em 2016 e profissionalizado há apenas cinco anos, o Retrô-PE conquistou a quarta divisão, domingo, ao derrotar o Anápolis-GO por 3 x 1, na Arena Pernambuco.

Darley pegou duas cobranças na segunda fase contra o América-RN, uma no duelo com o Manauara-AM nas oitavas, duas diante do Brasiliense nas quartas e mais duas nas semifinais na queda de braço com o Itabaiana-SE. O Retrô só não dependeu dos pênaltis contra o Anápolis na finalíssima.

Revelado pelo Atlético-MG, Darley treinou com o histórico e quase xará goleiro Danrlei no Galo. Tinha 14 anos, estava na base e a referência no time principal. "De vez em quando, os goleiros subiam para chutar a bola para os profissionais. Ele até brincou com o meu nome", conta Darley em entrevista ao Correio.

As portas da Europa se abriram para Darley cedinho, em uma viagem das categorias inferiores ao exterior. "Pênalti sempre esteve envolvido na minha vida. Defendi um pelo Atlético-MG na Itália contra a Internazionale na final. Subi com 17 anos e cheguei a ficar no banco na Série A. Fui do Sub-17 ao profissional", conta. Os olheiros do Feyenoord viram o jovem goleiro e o levaram para o futebol holandês.

"Assinei contrato com 17 anos. Disputei oito jogos pelo Feyenoord. Fui muito novo. A Holanda sempre foi uma escola para goleiros brasileiros: Cássio (PSV), Gomes (PSV) e Luciano Silva (Groningen) passaram por lá. Eles tinham paciência comigo. Com 19 anos, eu me machuquei. Torci o joelho e o tornozelo", detalha o arqueiro de 1,87m.

Darley teve dois treinadores badalados no Feyernoord. Ele trabalhou com o atual técnico da seleção da Holanda, Ronald Koeman, e foi orientado por Bert van Marwijk, mentor do vice da Laranja Mecânica na Copa do Mundo de 2010 na África do Sul.

Antes da grave lesão no Feyernood, o mineirinho Darley comeu pelas beiradas. Desembarcou no clube para disputar posição com Rob van Dijk e Erwin Mulder depois da saída do titular Henk Timmer. Agradou na pré-temporada e passou a ser testado como principal até contundir-se. O clube não renovou o contrato, mas Darley evoluiu na carreira atuando ao lado de futuras estrelas da Holanda na campanha do terceiro lugar na Copa do Mundo de 2014.

Dos 23 convocados por Louis van Gaal, seis trabalharam com Darley no Feyenoord: Ron Vlaar, Stefan de Vrij, Bruno Martins Indi. Jonathan de Guzmán, Jordy Clasie, Leroy Fer e Georginio Wijnaldum. Lá tinha muito jogador de seleção. Ficavam só uns oito no clube nas paralisações da Data Fifa". Darley era um deles.

A experiência internacional e nacional deu bagagem ao goleiro para lidar com as dificuldades. Nas quartas de final contra o Brasiliense, ele improvisou duas garrafas de gatorade como bolas no aquecimento para a decisão por pênaltis simplesmente porque elas estavam retidas no Serejão. "O Paulo (goleiro reserva) ficou jogando as garrafas para mim, simulando para eu não me antecipar a nada e ficar focado, ter concentração, não me antecipar a nada. Seria feito com a bola, mas como não tinha foi com a garrafa de gatorade observando o movimento que ele fazia", conta.

Torcedores do Brasiliense encostado na grade gritaram: "Que loucura é essa?". A técnica é chamada de ativação neurológica. Darley pegou duas cobranças e eliminou o time candango. "Eu tenho o meu jeito de me concentrar nos pênaltis. Passamos em quatro disputas. Tenho percepção, explosão e peço a Deus discernimento".

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 01/10/2024 00:01 / atualizado em 01/10/2024 12:52
x