A fábrica esportiva do Distrito Federal chama a atenção pela variedade. Ostenta medalhas olímpicas no atletismo, no futebol masculino e feminino, no judô e no vôlei de quadra e de praia. Quarenta e quatro dias após atualizar para quatro o recorde de pódios no megaevento, coloca na esteira da primeira competição do ciclo até os Jogos de Los Angeles-2028 uma linha de produção de talentos dos saltos ornamentais. Dos oito atletas da delegação brasileira que iniciam, nesta terça-feira (24/9), a jornada no Campeonato Sul-Americano de Cáli, na Colômbia, seis são de Brasília e uma é radicada no quadradinho.
Anna Lúcia dos Santos, Heloá Camelo, Caio Dalmaso, Luis Felipe Moura, Rafael Borges, Rafael Max e a paraibana Luana Lira — moradora da capital há 10 anos — são os representantes. A explicação para a presença massiva de pratas da casa na Seleção da modalidade está na estrutura. Todos são desenvolvidos no Centro de Excelência em Saltos Ornamentais, na Universidade de Brasília (UnB), e têm à disposição uma piscina para a modalidade, plataformas de 5m, 7,5m e 10m e quatro trampolins (dois de 1m e dois de 3m), além de ginásio para treinamento, piscina olímpica de 50m e uma semiolímpica (25m).
A delegação que competirá no Complexo Hernando Botero O'Byrne passa por renovação. Somente uma atleta está acima dos 22 anos, Luana Lira (28). Os técnicos Edson Fernando Luz e Gabriel Serra apostam em cinco estreantes: o paulista João Margiotto e os brasilienses Rafael Borges, Caio Dalmaso, Rafael Max e Heloá Camelo. Heloá e Dalmaso são os caçulas, aos 18.
"Brasília se destaca na formação de bons atletas nos saltos ornamentais por diversos fatores. Posso citar dois aqui: a estrutura é excelente, com diversos equipamentos novos — trampolins e plataforma de ótima qualidade; a qualidade dos nossos treinadores, como o Gabriel (Serra), que é muito dedicado e realmente analisa cada atleta individualmente, de modo que todos possam atingir seus objetivos", destaca Heloá.
"Minha expectativa para o Sul-Americano é bem alta. Ainda tenho 18 anos, estou no meu último ano na categoria juvenil e vou disputar a minha primeira competição internacional adulta. Treinei bastante e estou muito feliz por ter essa oportunidade de estar aqui em Cáli com atletas de alto nível, inclusive alguns que já foram para os Jogos Olímpicos", destaca. Ela competirá nos trampolins 1m e 3m feminino e saltará na plataforma 10m sincronizado da prova mista com Dalmaso.
Rafael Max espera converter experiências internacionais em sucesso no primeiro Sul-Americano. Em junho, foi prata com Anna Lúcia Santos da prova sincronizada mista do trampolim de 3m nos Jogos do Brics, em Kazan, na Rússia. Em 2022, faturou o bronze no Mundial Júnior de Montreal, no Canadá.
"Fizemos um bom planejamento para essa competição, chego seguro e confiante para alcançar grandes resultados. Estive no Mundial de Doha em fevereiro, não consegui a vaga olímpica para Paris-2024, mas logo voltei aos treinamentos, pensando em Los Angeles 2028. Participei do Troféu Brasil de Saltos Ornamentais em maio e, agora, estou aqui para disputar a primeira competição deste novo ciclo olímpico", comenta.
O Brasil está entre as potências do continente. Venceu a última edição do Sul-Americano de Buenos Aires, em 2021, com cinco ouros, sete pratas e dois bronzes. Na versão anterior, em Trujillo, no Peru, havia obtido quatro títulos, cinco vices e dois terceiros lugares. Para a competição em Cali, a Colômbia é considerada favorita, mas o "Time Brasília" ensaia atrapalhar a festa dos anfitriões.
"A equipe é muito forte e tem saltadores de altíssimo nível. Nossa estrutura em Brasília ajuda bastante, o nosso treinador Gabriel Serra prepara treinamentos individualizados, possibilitando que cada um evolua de acordo com as características. Essa combinação de fatores deixa o ambiente propício para alcançarmos o melhor desempenho possível, com qualidade e excelência", analisa Heloá.
Rafael Max enxerga o Sul-Americano como trampolim para a sequência do trabalho no ciclo e aposta na tradição de Brasília para sucessos nos saltos ornamentais. "Tivemos o César Castro e o Hugo Parisi como dois grandes nomes da história do nosso esporte, que disputaram quatro edições de Jogos Olímpicos cada um. E agora, com a sede da nossa confederação em Brasília, temos um centro de treinamento cada vez mais desenvolvido e cada vez com mais praticantes."
As pratas da casa no Sul-Americano
» Anna Lúcia Rodrigues Martins dos Santos
» Heloá Almeida Camelo
» Caio Santos Dalmaso
» Luis Felipe Moura
» Rafael Rodrigues Borges
» Rafael Silva max de Almeida
» Luana Wanderley Moreira Lira (radicada em Brasília)
O que disputam
Feminino
Trampolim 1m: Heloá Camelo e Luana Lira
Trampolim 3m: Anna Lúcia dos Santos e Luana Lira
Plataforma 10m: Heloá Camelo
Trampolim 3m Sincronizado: Anna Lúcia dos Santos / Luana Lira
Masculino
Trampolim 1m: Luís Felipe Moura e Rafael Borges
Trampolim 3m: Luís Felipe Moura e Rafael Max
Plataforma 10m: Caio Dalmaso e João Margiotto
Trampolim 3m Sincronizado: Luís Felipe Moura / Rafael Borges
Plataforma 10m Sincronizado: Caio Dalmaso / João Margiotto
Provas mistas
Trampolim 3m Sincronizado: Anna Lúcia dos Santos / Rafael Max
Plataforma 10m Sincronizado: Heloá Camelo / Caio Dalmaso