Automobilismo

F1: Tudo sobre o GP do Azerbaijão, 17ª corrida da temporada de 2024

Fim de semana no Circuito Urbano de Baku abre rodada dupla de corridas de rua e tensão crescendo na briga pelo título; "patinho feio" entre os pilotos das principais equipes, Sergio Perez costuma brilhar nesta prova

A Fórmula 1 segue quente e desembarca nas margens do Mar Cáspio para o Grande Prêmio do Azerbaijão, 17ª etapa da temporada de 2024. Primeira perna da rodada dupla de corridas de rua, a prova no Circuito Urbano de Baku será um novo tira-teima na briga cada vez mais parelha no campeonato de pilotos e de equipes, com Max Verstappen e a Red Bull perseguidos por Lando Norris e a McLaren. A largada será às 8h de domingo (15/9), enquanto no sábado (14/9) ocorre o terceiro treino livre, às 5h20, e a classificação, às 8h30. Band, BandSports e F1 TV transmitem.

Não é exagero falar que tudo pode acontecer na prova. Desde o declínio da Red Bull e o fim da dominância do carro da montadora, o time de Milton Keynes ganhou na Espanha e depois chegou ao pódio apenas duas vezes em seis corridas. Para dimensionar a situação, a última vez que Verstappen ficou meia-dúzia de provas sem vencer foi em 2020. Enquanto isso, a McLaren terminou com pelo menos um piloto entre os três primeiros em todas as oportunidades desde o GP da China, em abril, além de Mercedes e Ferrari terem ressurgido com vitórias.

O cenário fez a vantagem da RBR despencar e, pela primeira vez desde maio de 2022, correr o risco de perder a liderança no mundial de construtores. A situação de momento coloca o time inglês de Woking apenas oito pontos atrás dos taurinos. Já no campeonato de pilotos, a vantagem construída pelo atual campeão, Verstappen, caiu para 64, mas poderia ser menor, se não fossem os recorrentes erros da McLaren. A equipe também vive o próprio problema interno, com disputas em pista entre Norris e Oscar Piastri que atrapalharam o britânico na caça do tricampeão e custaram pontos preciosos.

 
 
 
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Quem se aproveita da instabilidade dos líderes, um por falta de desempenho do RB20 (carro da Red Bull) e outro pelas ordens conturbadas de Zak Brown (CEO da McLaren) na garagem, é Charles Leclerc e a Ferrari. O monegasco vem de três pódios consecutivos e vitória em Monza, desempenho que o permite sonhar, apesar de estar a 86 pontos do líder, assim como o time de Maranello, atrás por 39 entre as montadoras.

Uma recuperação da Red Bull no campeonato, e também do holandês, passa pelas mãos de Sergio Pérez. Com a corda no pescoço e sem segurança de que terá o assento em 2025, o mexicano é o único do top-8 do grid que ainda não venceu em 2024 e tem apenas quatro pódios no ano, o último no GP da China, quinta etapa da temporada. Ainda assim, a pista de Baku se acostumou a ver boas provas de Checo, vencedor em 2021 e 2023. Apenas ele venceu o GP do Azerbaijão duas vezes desde a estreia do traçado, em 2016.

Partindo para a parte de baixo do pelotão, Ollie Bermann será uma surpresa entre os velhos conhecidos. O jovem britânico irá correr pela Haas, com quem já tem contrato assinado para 2025. Ele substitui Kevin Magnussen por uma corrida após o dinamarquês estourar o limite de pontos na superlicença por advertências sofridas ao longo de um ano. Vale ressaltar, no entanto, que muitas das punições vieram em ocasiões onde o veterano segurou os adversários para proteger o companheiro de equipe Nico Hulkenberg na zona de pontuação.

Pontos, inclusive, são um assunto delicado na garagem da Sauber. A equipe que vira Audi em 2026 é a única no grid que ainda não pontuou na temporada e sequer parece dar sinais de melhoras. Até por isso, as atenções do time podem se voltar para a corrida da Fórmula 2, na qual o brasileiro Gabriel Bortoletto participa. O jovem de 19 anos é um dos cotados para o assento na montadora suíça para o ano que vem.

Depois da corrida no Azerbaijão, a Fórmula 1 retorna na próxima semana, em 22 de setembro, para outra prova de rua, o Grande Prêmio de Singapura, no Circuito Urbano de Marina Bay. A largada está prevista para às 9h. Verstappen lidera o campeonato de pilotos, com 303 pontos, seguido por Norris (184) e Leclerc (217). A Red Bull está na frente entre os construtores, com 446 pontos, e a McLaren logo atrás (438).

A pista

A pista de 6.003 quilômetros, na qual os pilotos percorrem um total de 51 voltas, é uma das maiores da Fórmula 1 e ganhou comparações por ser um “GP de Mônaco com velocidade”. A semelhança com a prova de Monte Carlo são nos muros apertados que espremem os carros entre si, mas a diferença é na principal característica de Baku: a alta velocidade. Os pilotos ultrapassam a casa dos 350 km/h e concluem o percurso em mais de 200 km/h de média no velocímetro.

O traçado rápido e repleto de retas se mescla com 20 curvas, muitas delas de 90° graus e de baixa velocidade, por isso as equipes precisam encontrar o balanceamento certo em um pacote com bom arrasto e que permita ser rápido, o sonho de qualquer automobilista. O contraste é visível na reta principal, de 2,2 km de extensão, e a sequência na “Cidade Velha”, onde castelos medievais dão vista privilegiada para as curvas 8 e 9, que tem apenas 7,6 metros de largura.

O Circuito Urbano de Baku possui duas zonas de DRS (abertura da asa móvel traseira para diminuir o arrasto e dar maior velocidade aos carros), mas ambas sofreram alterações para 2024. A primeira, logo após a segunda curva, foi diminuída em 2m, enquanto a maior, na reta dos boxes, cresceu em 100m. Tanta velocidade exige pneus mais característicos para ir rápido, por isso a Pirelli, fornecedora da Fórmula 1, escolheu os compostos mais macios da categoria. Os carros poderão calçar as borrachas duro C3, médio C4 e macio C5.

É importante largar bem no Azerbaijão, pois a distância entre a linha de início e a primeira curva é de apenas 141 metros, a menor do calendário. A melhor volta na pista é de Charles Leclerc, com 1m43s009 em 2019, com a Ferrari.

Curiosidades sobre o GP da Grã-Bretanha

Uma das pistas mais recentes da Fórmula 1, introduzida em 2016 para o GP da Europa e oficializada como etapa do Azerbaijão em 2017, o circuito de Baku foi palco de muitos acidentes neste período. O público no país banhado pelo Mar Cáspio acompanhou de perto uma colisão proposital de Sebastian Vettel em Lewis Hamilton com safety car acionado (2017), caos interno na Red Bull com batida de Daniel Ricciardo e Verstappen (2018), uma famosa topada de Leclerc com o muro (2019) e campeões cometendo erros que custaram vitórias.

O monegasco, inclusive, tem uma história a parte por lá. Ele é o dono da melhor volta no traçado (1m43s009 em 2019) e foi pole em três ocasiões, mas não sabe o que é vencer no Azerbaijão. Além dele, o piloto que largou na posição de honra, no entanto, só terminou a prova em primeiro duas vezes na história, com Nico Rosberg em 2016 e Valtteri Bottas em 2019.

O circuito de Baku também é marcante na F1 por diversos motivos. Ali foi registrada a maior velocidade de um carro na era dos híbridos, com 336.1 km/h de Bottas em 2016, ainda na Williams, e serviu de palco para a inauguração do modelo de sprint, no ano passado. Duas edições antes, em 2021, a prova marcou o último pódio de Sebastian Vettel, pela Aston Martin.

Apenas duas equipes monopolizaram as vitórias no Azerbaijão. A Red Bull venceu quatro vezes, com Verstappen (2022), Ricciardo (2017) e Checo Pérez (2021 e 2023), o único a ser o primeiro a ver a bandeira quadriculada em duas ocasiões. Do outro lado, a Mercedes triunfou três, com Rosberg (2016), Hamilton (2018) e Bottas (2019). O Brasil melhor resultado do Brasil foi o nono lugar de Felipe Massa em 2017.

Para quem está surpreso com o GP de Baku em setembro, é porque a etapa mudou de data para se adequar com a tentativa da F1 em ter um calendário mais regionalizado e diminuir as viagens.

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