Afirmar que Tite não conhece futebol é uma estupidez. Já se emitiu tal conceito por aqui. O problema é que o treinador não se encaixa no Flamengo, como também foi dito neste espaço. Faz tempo, praticamente desde que o cidadão chegou à Gávea. O Rubro-Negro ganhou a Taça Guanabara e o Estadual. Mas teve alguma dificuldade para tal, lembrando que o time jogou mal nas duas competições, notadamente nas partidas decisivas, contra o Nova Iguaçu. O Laranjão da Baixada apresentou uma boa equipe, efetivamente regular, tanto que chegou às finais, mas a distância entre os dois competidores – orçamento, torcida, história – é colossal.
Tite carrega uma Comissão Técnica equivalente a um ministério. E um grupo de jogadores razoável, quando a referência é o futebol brasileiro, mas não conseguiu fazer o Flamengo jogar. Pois não se identifica com o Rubro-Negro. E não é só pelo desconhecimento sobre o Rio de Janeiro, em todos os sentidos. Mas porque a postura de vencedor, que deveria impor ao clube, levando-se em conta tudo o que esse possui e representa, não está no seu projeto. No último jogo, contra o Corinthians, isso ficou definitivamente evidente.
Tite, o defensivista
Nas partidas de volta contra Palmeiras e Bahia, ambas pela Copa do Brasil, e Bolivar, na Libertadores, o cidadão, e seus ministros, armaram esquemas defensivos radicais, e conseguiu superar os adversários. E por incrível que pareça, o Flamengo, mesmo no fio da navalha, continua vivo nas três competições que disputa. Mas haverá momentos nos quais o time não suportará pressões, e será eliminado. O duelo com o Peñarol já está batendo na porta.
É preciso explicar a Tite que o Flamengo – por seu orçamento, torcida e história – tem que jogar sempre para ganhar partidas e conquistar títulos. E que o futebol de resultados, prioritário para o treinador, deve ser apenas uma opção, muito eventual, e não um recurso habitual, como é de procedimento do cidadão.
O Flamengo, a essa altura, já não tem muita escolha. Restam três meses para o fim da temporada. Mas ainda há tempo para fazer uma troca radical, varrendo Tite e seu ministério do mapa, substituindo com urgência essa plêiade, para alcançar os resultados que – fantástica realidade – ainda são possíveis.
Mas infelizmente, como tudo indica que a mudança não ocorrerá, o Flamengo não vai ganhar mais nada.
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