Tênis

US Open: Bia Haddad vence Wozniacki e vai às quartas pela primeira vez

Tenista paulista de 28 anos encerra tabu de 56 anos: tetracampeã do Major de Nova York, Maria Esther Bueno havia sido a última brasileira a figurar entre as oito melhores desde 1968

Uma disputa de US Open iniciada como tentativa de afastar o assombro da edição de 2023, com uma eliminação precoce e inesperada, fez Beatriz Haddad Maia quebrar um tabu de 56 anos. Com a vitória sobre a dinamarquesa Caroline Wozniacki por 2 sets a 1 (6/2, 3/6, 6/3), o Brasil volta a ter uma representante nas quartas de final pela primeira vez desde a presença da tetracampeão do US Open Maria Esther Bueno na versão de 1968. A escrita de mais de meio século caiu em Nova York. Nesta quarta-feira, ela tentará ir além na melhor campanha pessoal e avançar às semifinais. A adversária será a tcheca Karolina Muchova, atual número 92 do ranking. Ela figurava no top 10 até o ano passado.  

Em 2023, uma zebra fez Bia Haddad se despedir do torneio na segunda rodada. À época, a brasileira ocupava a 19ª posição no ranking mundial e foi superada pela estadunidense Taylor Townsend, então 132ª da lista, por 2 sets a 0. A derrota havia sido na sequência de um feito pessoal inédito para Bia. Meses antes, a paulistana havia alcançado a primeira semifinal de um Grand Slam, em Roland Garros.

Neste ano, a história se inverteu. No aberto francês, em maio, Bia Haddad deu azar de ter como adversária a número um do mundo e caiu no primeiro jogo. Três meses depois, usa as quadras de Nova York como palco de uma jornada vitoriosa. Após a vitória no último sábado (31/8), contra a russa Anna Kalinskaya, por 2 sets a 0, a 21ª colocada no ranking mundial levou o país a um patamar que não havia estado nas mãos de uma brasileira desde 1968, quando Maria Esther Bueno conquistou o quarto título pessoal no Major dos Estados Unidos— 1959, 1963, 1964, 1966. 

Após a vitória desta segunda-feira (2/9), Bia se emocionou com a marca alcançada com o avanço às quartas de final e exaltou a Caroline Wozniacki, ao dizer que a acompanhava desde que começou a jogar. "Eu, minha equipe e minha família trabalhamos muito para conquistar esse momento, para ter essa oportunidade. Sinto-me privilegiada e fico até sem palavras", contou a tenista.

O próximo duelo da brasileira será na próxima quarta-feira (4/9), contra a tcheca Karolina Muchova. Depois do duelo das oitavas de final, Bia disse que se sente preparada. "Todas as experiências que eu tive, não só nestes últimos jogos, mas em outros Grand Slams me ajudam e me preparam", disse.

Como foi o jogo

A tenista de 28 anos saiu na frente para garantir o primeiro game e o triunfo inicial foi um gostinho de como seria a primeira etapa da partida. Apesar da dinamarquesa ter deixado tudo igual no segundo game, Bia logo recuperou o ritmo e deixou a adversária para trás novamente e não foi de pouco. Abriu quatro games de vantagem até Wozniacki fazer o segundo. Com o placar em 5/2, foi um ace que definiu que o primeiro set fosse da brasileira.

Contudo, mesmo há mais de 50 posições abaixo de Bia no ranking, Caroline Wozniaki não se abalou com a situação. A brasileira venceu novamente o primeiro game, mas dessa vez os momentos seguintes foram diferentes aos do primeiro set. A dinamarquesa aproveitou o tropeço da rival na partida para garantir quatro games seguidos. Os quatro últimos games foram sendo vencidos de forma alternada, mas foi o suficiente para Caroline se igualar a Bia no número de sets.

Não tinha como a vitória digna de recorde brasileiro no US Open ser de outro jeito se não com tensão e disputa até o final. De início, Bia Haddad sufocou Wozniacki e abriu quatro games e em seguida a dinamarquesa reagiu com duas vitórias seguidas. A brasileira ganhou mais um e ficou a um ponto de fechar a partida, mas em nono game de muito ralí, Caroline Wozniacki levou e pode respirar mais um pouco. Porém a reação da jogadora europeia foi apenas um susto. Com uma disputa acirrada e rali mais longo do jogo, a nona foi de onde saiu o triunfo de Beatriz Haddad Maia.

*Estagiária sob a supervisão de Marcos Paulo Lima.

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