Futebol feminino

Jovens do DF participam de escola de futebol da campeã mundial, Julie Foudy

Trio brasiliense vive experiência internacional de duas semanas em intercâmbio nos Estados Unidos. Jogadoras do Capital Feminina, Gabriela, Ana Clara e Safira detalham ao Correio aprendizados além do esporte

Ana Clara (com a bola na mão), Gabizinha (segunda agachada na esquerda) e Safira (ao lado, de preto) dividiram a experiência com outras 12 meninas. -  (crédito: Arquivo pessoal)
Ana Clara (com a bola na mão), Gabizinha (segunda agachada na esquerda) e Safira (ao lado, de preto) dividiram a experiência com outras 12 meninas. - (crédito: Arquivo pessoal)

O futebol feminino do Distrito Federal vive um momento de expansão e conquistas mundo afora. A brasiliense Gabi Portilho foi peça importante na conquista da prata pela Seleção Feminina nos Jogos Olímpicos de Paris. E a oportunidade de viver o esporte internacionalmente também caiu nos pés de três adolescentes de São Sebastião. Atletas do Capital Feminina, Gabriela Souza, Safira Santana e Ana Clara Lacerda quebraram a barreira da distância de milhares de quilômetros para realizar um sonho nos Estados Unidos. 

Entre 14 e 30 de junho, as três brasilienses se juntaram a outras 12 meninas brasileiras — naturais do Rio de Janeiro e de Minas Gerais — para realizar um intercâmbio no Julie Foudy: Soccer Camps. Comandado pela jogadora bicampeã mundial pela seleção feminina norte-americana, o acampamento abriu as portas para oferecer uma experiência além do aprimoramento do talento com a bola no pé. Além dos treinamentos, as meninas vivenciaram a chance de jogar outros esportes na Universidade de South Califórnia, onde ficaram alojadas. As jovens também tiveram lições de liderança, união e empoderamento. A ação foi promovida pelo Departamento de Estado e a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. 

Gabriela, ou Gabizinha, se perde em um sorriso ininterrupto ao resumir a experiência na terra tetracampeã mundial de futebol feminino. “Foram as melhores duas semanas da minha vida, sem dúvida nenhuma. Tudo que eles ensinaram serviu de aprendizagem”, relata a garota, ao Correio. Nascida e criada em São Sebastião, a jovem de 17 anos joga pelo Capital há quatro anos. A relação com o futebol, no entanto, é mais antiga: cresce dentro dela desde os dois anos. “Eu pedia aos meus pais um irmãozinho para poder jogar bola”, conta. 

Com 16 anos, Safira encara a experiência além do aprendizado de fundamentos no gramado. A jovem brasiliense definiu a passagem pelos Estados Unidos como “realização”. A todo instante, repetia não ver a hora de voltar, incentivada pela colega Gabizinha: “vamos correr atrás”. À noite, ela diz ter o costume de sonhar o que viveu em solo americano. “Nos campos da Julie, os treinos eram bem intensos. Aconteciam das 9h às 15h e eram seguidos por momentos de reflexão em que contávamos nossas experiências do dia”, relembra. A menina dividia a paixão pelo esporte com o irmão Régis, que atuou na base do Cruzeiro, mas morreu precocemente, e ainda o cita como uma inspiração. 

Durante a viagem, Ana Clara fez questão de manter um diário de bordo. Durante as duas semanas fora do Brasil, ela conta ter vivido momentos de saudade, assim como dias cansativos. “Mas a minha ansiedade de semanas caiu por terra quando vi a atmosfera receptiva e harmônica de outra cultura”, completa a atleta de 17 anos. Moradora do Paranoá, a garota cita como ponto positivo a liberdade concedida para compartilhar da experiência própria. 

Choque de cultura 

A troca de culturas com colegas de países como Israel, Níger, Geórgia, Nigéria, República Tcheca, Taiwan, Mauritânia, Itália e Bangladesh ocorria dentro e fora do gramado. Segundo as brasilienses, as várias línguas não foram empecilhos para a comunicação. “A gente mostrava nossas músicas para elas e elas mostravam a dos países delas para nós”, conta Gabriela. Safira disse querer muito conhecer a Itália. Em Gabizinha, cresceu a curiosidade de conhecer Israel. 

Em meio a tantas novidades, o apoio ao esporte feminino no país norte-americano despertou a atenção das três adolescentes. Para Ana Clara, testemunhar um estádio cheio para assistir uma partida de futebol feminino serviu como motivação para enfrentar o desafio de ser jogadora em um país no qual a modalidade ainda precisa superar a barreira do machismo. “Quero ver isso aqui no Brasil. Quero que sirva de inspiração para as outras meninas também”, destaca.

 

*Estagiária sob a supervisão de Danilo Queiroz.

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postado em 18/09/2024 16:26 / atualizado em 18/09/2024 17:01
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