O lema da delegação brasileira é de fazer Paris virar baile, e virou. Em dia de show verde-amarelo, o país garimpou quatro ouros nos Jogos Paralímpicos de Paris-2024, liderados pela estrela de Petrúcio Ferreira, tricampeão no atletismo. Júlio César Agripino quebrou recorde mundial, Ricardo Mendonça coroou o ciclo vitorioso e Ana Carolina Moura venceu a dona da casa na final, todos para subirem ao lugar mais alto do pódio. O desempenho colocou a nação em terceiro lugar no quadro de medalhas: cinco conquistas douradas, uma de prata e seis de bronze. O desempenho está acima da projeção inicial. A meta é figurar no top-5 e registrar o melhor resultado da história.
Hegemônico, Petrúcio teve a consagração como homem mais rápido do mundo na classe T47 (deficiência nos membros superiores). Campeão na prova dos 100 metros rasos no Rio-2016 e em Tóquio-2020, o velocista paraibano deu show e manteve a escrita de vitórias desde o Parapan de 2015, quando ganhou a corrida pela primeira vez em grandes torneios internacionais. Largando atrás dos adversários, o atleta de 27 anos acelerou na reta final e conseguiu cruzar com tempo de 10s68, a melhor marca dele na temporada.
De São José do Brejo do Cruz, na Paraíba, onde sofreu acidente com uma máquina de moer capim aos dois anos de idade, o velocista entrou no hall dos tricampeões paralímpicos. Reconhecido como uma das grandes estrelas dos Jogos, ele também é dono de duas pratas, uma nos 400m e outra no revezamento 4x100m, e um bronze nos 400m. "Muita emoção de estar vivendo tudo isso na minha vida. Sou muito grato. Petrúcio está aí conquistando o mundo. A gente está aqui para mostrar tudo isso, a transformação que o esporte proporciona", disse ao SporTV.
Ainda nas pistas do Stade de France e em outra prova dos 100m, desta vez na classe T37 (para paralisados cerebrais), Ricardo Mendonça venceu o primeiro ouro paralímpico da carreira. Dominante na categoria desde Tóquio, quando foi bronze, ele coroou o ciclo com a medalha nos Jogos.
Fechando a trinca brasileira do atletismo, Júlio César Agripino inaugurou o topo do pódio na modalidade para o Brasil em grande estilo: junto do guia Edelson Ávila, ele correu 5.000m na classe T11 (deficiências visuais) em 14min48s85 e estabeleceu o novo recorde mundial da distância. Foi a primeira medalha paralímpica do atleta. Ele creditou a conquista ao trabalho psicológico.
"Sempre tive dificuldade para controlar a parte mental e me concentrar. Eu chegava bem condicionado, mas falhava na concentração. Conversei com minha psicóloga, falei que estava um pouco nervoso, mas acordei e pensei: 'vou ganhar'. Ela falou que eu iria reagir bem e foi o que aconteceu", contou ao CPB.
A última medalha do dia, já no fim da tarde, veio dos chutes de Ana Carolina Moura. Na primeira Paralimpíada da carreira, a mineira de 29 anos enfrentou a francesa Djelika Diallo na final do taekwondo para atletas de 65kg. Mesmo com o ginásio lotado pela torcida adversária, ela se impôs para fazer história. A vitória por 13 x 7 garantiu o segundo ouro do país na modalidade, somando com Nathan Torquato em Tóquio-2020.
"A minha medalha de ouro valeu a pena demais. Estou muito satisfeita, porque é um trabalho em equipe e um resultado de todos", celebrou a atleta, que tem má-formação congênita no antebraço direito e começou a lutar para se defender após ser assaltada e perder um colar que ganhou no nascimento.
Além dos ouros, o Brasil somou mais cinco bronzes para a coleção em solo parisiense. Yeltsin Jacques foi companheiro de Agripino no pódio dos 100m da classe T37 e ficou em terceiro, assim como fizeram Silvana Fernandes no taekwondo (classe K44) e a dupla Cátia Oliveira e Joyce Oliveira (WD5). A natação somou outras duas conquistas, uma com Talisson Glock nos 200m medley (SM6) e outra no revezamento 4x50m livre 20 pontos, que reuniu Glock, Daniel Mendes, Lídia Cruz, Patrícia Santos e Samuel Oliveira.
Brasília na área
O DF está na festa do ouro com nomes importantes para o terceiro dia em Paris. Medalhista em Tóquio-2020, Wendell Belarmino entra na piscina às 6h38 para tentar retornar ao pódio da classe S11. Mais cedo, a partir das 5h30, Daniele Souza quer fazer história no badminton e enfrenta Hu Guang Chiu, de Taipei, por um lugar nas eliminatórias. Às 7h26, o atleta-guia Wendel Souza corre com Daniel Mendes nos 400m da T11. Na saideira da fase de grupos do golbol, a seleção feminina, com a brasiliense Jéssica Vitorino, entra em ação às 9h45 contra a China, enquanto Leomon, André e o time masculino jogam com o Irã às 12h30.
Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima
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