A liderança isolada do Novorizontino na Série B do Campeonato Brasileiro não é aleatória. O projeto de alcançar a elite iniciado na quarta divisão de 2020 no acesso à Série C, e no salto da terceira para a B, em 2021, tem olhos de lince espalhados por todos os cantos do país em busca de jovens talentos capazes de fortalecer e consolidar o plano. Brasília é um das cidades monitoradas. O time paulista tem pelo menos cinco jogadores nascidos no Distrito Federal em processo de maturação nas divisões de base.
O centroavante Daniel Souto, é uma das apostas. Aos 15 anos, ele e os colegas Acelino, João Guilherme, Caio e Lucas, decidiram procurar espaço no futebol fora do Distrito Federal. A manobra é cada vez mais frequente para atletas da cidade. O êxodo prova que a tradição e o peso da camisa não são os fatores mais importantes na escolha de uma porta da esperança no mundo da bola.
A oportunidade pode estar em times grandes, como o Flamengo, ou em cenários menos convencionais, como no próprio Novorizontino. Entretanto, a escolha mostra-se não tão alternativa assim. Afinal, o Tigre do Vale é o atual líder da Série B do Brasileirão. Com 40 pontos em 22 rodadas, o time paulista tem dois de vantagem relação ao vice-líder Santos e ao terceiro colocado, Mirassol. Longe de casa, os jovens brasilienses esperam estar a dois passos do paraíso, como diz a canção da banda Blitz.
A chegada ao clube sediado na pequena cidade de Novo Horizonte, interior de São Paulo, cuja população é de apenas 41 mil pessoas, tem rendido frutos. Hoje titular da equipe sub-15, Daniel deixou a região do Guará com o pai, Paulo Henrique Miranda, há dois meses e meio em direção ao sonho. A mãe, Sara Souto, optou por permanecer na cidade. O cuidado com os detalhes é, segundo ela, o maior possível.
"Dos cinco meninos que foram para lá, ele (Daniel) foi o único acompanhado pelo pai. Os outros seguiram sozinhos. Estão hospedados nas dependências do clube. Buscamos apoiá-lo da melhor forma que pudermos, pois sabemos do talento e do sonho que tem", conta Sara em entrevista ao Correio.
Nascido em 2009, Daniel iniciou aos cinco anos, na escolinha de Futebol Gênesis, no Ginásio do Cave, no Guará. Era apaixonado pela bola desde bebê. Ginástica olímpica, natação, judô e xadrez não mudaram o foco. Acumulou testes nas escolinhas do Fluminense, Santos e Goiás. "Ele fez várias peneiras. Todo o pessoal daqui de Brasília conhece o Daniel. O momento do Fluminense foi quando achei que ele estava mais perto, por ser um braço de Xerém, mas não aconteceu", diz a mãe-coruja.
Aos 15 anos, Daniel foi visto pelo coordenador da base do Novorizontino. O interesse do olheiro abriu as portas de São Paulo. Daniel Souto, o pai e quatro colegas providenciaram a documentação em uma semana e foram para o interior paulista.
"Quando chegamos lá, nos deparamos com uma estrutura muito boa. Mesmo enxuta, é muito tecnológica. Eles têm essa pegada muito humana. Os meninos fazem musculação, treino físico, vão para a escola e fazem terapia, como todos os atletas. O clube exige até notas boas na escola", elogia Sara.
O impacto de Daniel na nova equipe foi imediato. A família ouviu da equipe técnica que o jovem centroavante foi o único a conquistar a titularidade apenas uma semana depois de ingressar no Novorizontino. Agora, tem um grande objetivo: disputar a Copa São Paulo de Futebol Júnior na edição de 2025, em janeiro.
"Vou ter 16 anos, esse é um dos meus principais objetivos agora. Depois, quero subir do Sub-15 ao Sub-17, e de lá ir direto para o profissional", projeta Daniel Souto, um dos diamantes candangos do Novorizontino.
*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima