A Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF) subiu a marcação contra a manipulação de resultados nos gramados locais. Nesta terça-feira (20/8), a entidade anunciou colaboração com a empresa de entretenimento on-line Rei do Pitaco e a companhia especializada em coleta de dados SportRadar para colocar em prática o Projeto Parceiro da Integridade do Esporte.
Para coibir as ações fraudulentas no futebol local, as empresas oferecerão análises dos fluxos de apostas das partidas nas bets on-line e ferramentas para o controle e o monitoramento assertivo dos jogos. Se detectadas atividades suspeitas, autoridades e organizações serão alertadas e possíveis investigações iniciadas.
Estiveram presentes durante a assinatura do acordo: o chefe de gabinete da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Distrito Federal, Marcus Uítalo; o subsecretário de Esporte, Lazer e Espaços Esportivos da Secretaria de Esporte e Lazer do DF, Nivaldo Vieira Felix; o sócio do Pinheiro Neto Advogados, Vicente Coelho Araújo; e o Direfor Jurídico do Rei do Pitaco, Rafael Marcondes.
O evento teve também um painel para explicar o funcionamento do sistema de monitoramento e sobre a importância do fomento a ações de integridade. A moderação do evento ficou por conta de Fernando Vasconcelos, responsável de integridade do Rei do Pitaco, e contou com as falas do gerente de Integridade da SportRadar, Felipe Marchetti, do presidente da Federação Futebol do DF, Daniel Vasconcelos, e do subsecretário de Monitoramento e Fiscalização da Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, Fábio Macorin.
Para o presidente da Federação Futebol do DF, Daniel Vasconcelos, o sistema será um grande aliado no combate a fraudes em jogos. "Esta parceria agrega muito ao futebol do DF e espero que sirva de exemplo para outras federações. Nós, que temos comprometimento com a lisura, só temos a ganhar, assim como o torcedor. Com um relatório completo, teremos insumos para, em casos suspeitos, informarmos às autoridades que investigam e julgam. É muito bom saber que podemos contar com a máquina pública e instituições como o Rei do Pitaco neste luta pela integridade", destacou.
Segundo o chefe de gabinete da SECTIDF, Marcus Uítalo, a integridade precisa ser regra no mundo empresarial e esportivo. "Essa iniciativa é um divisor de águas. Precisamos o tempo todo provar que somos probos, íntegros, pois o esporte forma caráter salva vidas. É importante ter ações como esta, que separam o joio do trigo, para que empresas sérias possam crescer e tirar do mercado as que não estão comprometidas com a probidade. E para garantir que a paixão de muitos brasileiros não seja corrompida por atos ilícitos", ressaltou.
Como funciona o sistema de monitoramento
No evento de assinatura da parceria, o gerente de Integridade da SportRadar explicou que as tentativas de manipulação de resultados de jogos são assuntos debatidos há anos e que o mercado latino americano costumava ser um alvo devido ao baixo monitoramento e poucas iniciativas de integridade.
Marchetti detalhou o funcionamento do sistema de monitoramento, que se baseia na coleta de dados a partir dos eventos esportivos. “A partir da observação, é gerada uma padronização. É possível detectar se determinado apostador mudou padrões de apostas, segundo os resultados obtidos, cruzar com informações geográficas, de identificação, de pesquisa e vários outros critérios com a ajuda de inteligência artificial. Enviamos uma comunicação completa contendo qualquer atividade suspeita dentro dos jogos."
Marchetti ainda esclareceu “que o relatório que é emitido já é aceito como evidência pelo Corte Arbitral do Esporte (TAS/CAS) e pelo Ministério Público Federal (MPF), além de ter comprovação científica chancelada pela Universidade de Liverpool, na Inglaterra”. A partir das evidências encontradas e relatadas, é possível encaminhar a denúncia ao Ministério Público e demais autoridades que cuidam da investigação dos casos, como a Polícia Federal.
Sobre os acordos de cooperação
Para o advogado responsável pelas áreas de compliance e integridade do Rei do Pitaco, Fernando Vasconcelos, o monitoramento constante é essencial para manter a integridade dos esportes e assegurar um ambiente competitivo justo. “Um dos pilares do trabalho da Rei do Pitaco é primar pela segurança das nossas plataformas, nas quais os jogadores formam times virtuais. Ou seja, a preocupação com a possibilidade de manipulação nas disputas extrapola as nossas barreiras virtuais e chega até os times reais, que são, em verdade, a base da nossa atuação com jogos eletrônicos”.
Até o momento seis acordos – que têm validade até 2026 - foram assinados e outros dois aguardam a finalização. Segundo o Diretor Jurídico do Rei do Pitaco, Rafael Marcondes, a intenção é que a ação se estenda. "Há federações esportivas que contam com menos recursos e até mesmo a menor visibilidade, o que pode se tornar um terreno fértil para a manipulação de resultados. E a lisura dessas disputas são do interesse de todos: Rei do Pitaco, Federações, governo, sociedade… Afinal, é a imprevisibilidade dos resultados que traz a emoção do jogo. E essa é uma das nossas ferramentas de trabalho", frisou.
Histórico de manipulações
Duas das últimas quatro edições do Campeonato Candango estiveram na mira das autoridades devido a denúncias de manipulação de resultados. Em 2021, personagens envolvidos na disputa da elite local, como jogadores, revelaram esquema para favorecimento de Formosa, Samambaia e Real Brasília. Ex-presidente do Formosa, Marcelo Lucas Ribeiro, seria o mentor da organização criminosa. Na versão 2024 do torneio, O Ministério Público do DF e Territórios entrou em ação e contastou indícios de manipulação em partidas do Santa Maria, sobretudo nas goleadas sofridas por 6 x 0 para o Ceilândia e por 5 x 0 para o Gama. A turbulência interna resultou no rebaixamento da equipe grená.
*Estagiária sob a supervisão de Marcos Paulo Lima.
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