PARIS 2024

Análise: foi mal, Medina, mas a imagem das Olimpíadas é a da Rebeca

Peço licença aos meus amigos fotógrafos, mas nenhuma imagem é mais simbólica do que a reverência prestada pelas norte-americanas Simone Biles e Jordan Chiles à brasileira Rebeca Andrade na cerimônia de premiação do solo da ginástica

Plasticamente, não há dúvidas: a fotografia mais bonita da Olimpíadas de Paris é a celebração de Gabriel Medina no momento em que o brasileiro sai de um tubo, resultando na maior nota do surfe olímpico em todos os tempos: um 9,90. Peço licença aos meus amigos fotógrafos, mas nenhuma imagem é mais simbólica do que a reverência prestada pelas norte-americanas Simone Biles e Jordan Chiles à brasileira Rebeca Andrade na cerimônia de premiação do solo da ginástica.

Rebeca fez história. Entrou para a galeria dos grandes atletas brasileiros de todos os tempos. Ninguém no país tem mais medalhas olímpicas do que ela. Daiane dos Santos se mostrou muito importante para a popularização da ginástica no Brasil. Trouxe movimentos como duplo twist carpado e duplo twist esticado para o dia a dia da população. Rebeca, por sua vez, foi além. Mostrou a todos que podemos disputar de igual para igual com as principais potências da modalidade.

Tal como Guga Kuerten com o tênis e Oscar e Hortência com o basquete, vejo que teremos um efeito Rebeca no aumento no número de praticantes de ginástica. Na academia em que frequento, pais pediram à direção mais aulas para os pequenos. A demanda está em alta, e o esporte brasileiro só tem a agradecer. O triunfo olímpico de Rebeca será, sem dúvidas, um legado muito importante para as futuras gerações.

E tenho certeza de que ocorrerá também uma proliferação de Rebecas nos próximos anos. O Censo de 2010, o último com dados completos disponíveis, mostra que o nome é o 324º mais comum no Brasil — e o 173º entre as mulheres —, sendo a maior incidência no Amazonas, proporcionalmente entre todas as unidades da Federação. Como comparação, o nome Hortência triplicou no país entre os anos 1980 e 1990, justamente a época de ouro da rainha do basquete.

A imagem de Rebeca Andrade celebrando a medalha de ouro (e as duas pratas e um bronze) é um farol para as futuras gerações de brasileiros. Seu nome certamente ganhará ainda mais força, inspirando meninas de todo o país a sonhar grande e a acreditar que ser atleta de alto rendimento é possível, mesmo que seja muito difícil, ainda mais com a falta de apoio existente neste país. O esporte ensina valores fundamentais como disciplina, trabalho em equipe, perseverança e respeito. O futuro pode ser muito promissor. Basta sabermos aproveitar. 

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