Paris 2024

Brasil cai para os EUA no vôlei, três anos após perder ouro em Tóquio

Em duelo difícil e de muitas trocas de domínio, Seleção Brasileira busca o placar duas vezes e força o tie-break, mas acaba derrotada. Luta, agora, é por medalha de bronze no sábado, contra Itália ou Turquia

Paris — O 8 de agosto é, definitivamente, o 4 de julho do vôlei dos Estados Unidos — quando é comemorado o feriado de independência do país. Um dia de festa americana, ao menos em confrontos contra o Brasil. Exatamente três anos após conquistarem o ouro dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 (realizados em 2021, devido à pandemia de covid-19) contra as brasileiras, as principais algozes do país no último ciclo voltaram a se impor, desta vez em Paris-2024. Na data especial transformada em sinônimo de vitórias, ganharam por 3 sets a 1 (parciais de 23/25, 25/18, 15/25, 25/23 e 11/15), e avançaram para a disputa pelo topo do pódio. Para a Seleção, resta se contentar com um possível bronze.

A tentativa de vitória da equipe comandada por Zé Roberto Guimarães começou nas arquibancadas. Brasileiros eram maioria na arena da região sul da capital francesa. Embalados por consagradas músicas nacionais, tocadas pelo DJ austríaco Stari, torcedores transformaram a beira da quadra na casa da Seleção Brasileira, no Rio de Janeiro. Tudo isso criou uma atmosfera propicia para a reação e virada, após o início de primeiro set desligado, com derrota.

Apesar da eliminação, o Brasil segue com retrospecto positivo contra os Estados Unidos, com 25 vitórias em 46 duelos. Em Jogos Olímpicos, foram cinco encontros antes de Paris 2024. Em 1992, a Seleção perdeu a disputa pelo bronze em Barcelona. Oito anos depois, em Sydney, o resultado foi devolvido, novamente no duelo pelo terceiro lugar no pódio. No ciclo entre Pequim-2008 e Tóquio-2020, foram três decisões pelo ouro. As brasileiras levaram a melhor na China e em Londres. No Japão, não manteve o retrospecto.

O jogo

O primeiro set foi frenético e com constantes trocas de liderança entre Estados Unidos e Brasil. Impositivas, as americanas abriram 5/0, contando, inclusive, com erros bobos das brasileiras. O primeiro ponto verde e amarelo veio apenas com desafio. Ao contrário de outros jogos, o recurso foi bastante usado pelas equipes e evidenciou o clima quente do jogo. Muito ativo fora de quadra, Zé Roberto mexeu no time em busca de soluções e viu a equipe corresponder com disputas duras com as rivais. Mas não foi suficiente. Melhores no fim, os EUA venceram por 25/23.

A expectativa era ver como a Seleção reagiria ao primeiro set perdido nos Jogos. E a resposta foi a melhor possível. Elétricas, as brasileiras mudaram o padrão inicial do confronto e estabeleceram a dinastia mais longa em vantagem no marcador. Mesmo com as americanas dificultando cada queda de bola na quadra, o Brasil construiu frente consistente de oito pontos, aproveitando todo o clima de apoio oriundo das arquibancadas em Paris. A situação deu a chance de controle até a equipe verde e amarela fechar em 25/18.

Mordidas, as americanas inverteram o panorama na terceira parcial. Assertivas e aproveitando erros das brasileiras (forçados ou não), as adversárias construíram um 15/8 no melhor momento em quadra. Coube ao Brasil reunir forças para buscar o prejuízo. Mas, literalmente, não era o set verde e amarelo e nem mesmo a resistência das referências Gabi, Thaísa e Rosamaria foi capaz de modificar o cenário negativo. Com direito a pontos de bloqueios, aces e ataques poderosos, os Estados Unidos ganharam por 25/15 e retomaram a dianteira em 2 sets a 1.

Não havia mais espaços para erros. A equipe de Zé Roberto até largou atrás, mas logo equilibrou o quarto set. A parcial era resumida, basicamente, em uma troca de pontos. Isso até o 12/10, maior vantagem até então garantida com bloqueio e vibração de Carol para o Brasil. Mesmo mínima, a diferença teve papel importante no desenrolar do jogo. Apesar de alguns erros na tentativa de saque no fundo da quadra, o Brasil tinha desafogo nos ataques potentes contra as americanas. A vibração a cada bola no chão das adversárias era contagiante. Os Estados Unidos até esboçaram uma reação, mas não impediram o 25/23.

O tudo ou nada ficou para o tie-break. As arquibancadas ainda jogavam juntas, passavam energia para as seleções e foram brindadas uma nova troca de pontos. Ninguém largava osso e nenhuma bola era perdida. O Brasil, no entanto, vibrava mais a cada ataque ou defesa bem executados. Mas o excesso de força, algumas vezes, jogou contra. Com erros e momentos de dificuldade das brasileiras, as americanas abriram 12/8. Zé Roberto parou o jogo duas vezes para buscar o ajuste. A situação se complicou com três match points das adversárias. No segundo deles, veio a vitória e a vaga na final. A maior pontuadora dos Estados Unidos na vitória que deu a classificação à decisão foi a ponteira Kathryn Plummer. Ela anotou 26 dos 106 da equipe. Pelo lado brasileiro, o destaque foi a oposta Ana Cristina, com 24, mas muitos erros na conta.

Terceiro lugar

Agora, o Brasil reúne forças para a disputa de terceiro lugar. Enquanto descansa do duelo pegado e da derrota contra os Estados Unidos, o time aguardará o adversário na partida. Às 15h, no horário de Brasília, Itália e Turquia vão entrar em quadra na Arena Paris Sul 1 para definir quem seguirá para a disputa de ouro e quem parte atrás do bronze. O terceiro lugar será definido no sábado (10/8), às 12h15, enquanto a luta pelo topo do pódio está agendado para domingo (11/8), último dia dos Jogos, às 8h.

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