Olimpíadas Paris-2024

Trabalho com fisioterapia ajudou Caio Bonfim na maratona de provas em Paris

Medalhista de prata na marcha atlética, brasiliense disputou corrida individual masculina e mista nos Jogos, totalizando mais de 42 quilômetros percorridos

Correr 20 quilômetros não é fácil, nem mesmo para um vice-campeão olímpico, ainda mais ter que fazer isso duas vezes em um intervalo de sete dias. Medalhista de prata na marcha atlética dos Jogos de Paris-2024, Caio Bonfim conseguiu subir ao pódio pela primeira vez após quatro participações olímpicas e uma preparação que envolveu muito treino, competições e uma surpresa: a fisioterapia. O trabalho de quase uma década com um profissional especializado ajudou o marchador brasiliense na prevenção de lesões e na recuperação entre competições.

Foram 42.125 km percorridos em duas provas nas Olimpíadas, somando os 20km da marcha individual masculina e mais 22.125km do revezamento misto com Viviane Lyra, que juntos terminaram em 7º. Após recepcionar a parceira na linha de chegada da corrida desta quarta-feira (7/8), Caio demonstrou exaustão, cansaço e chegou a vomitar. “Estou mal. Acabei de fazer uma maratona olímpica”, disse ao Correio. A explicação foi uma indisposição estomacal devido ao desgaste, e a situação poderia ser pior se não fosse o cuidado prévio.

O medalhista de prata trabalha há 9 anos com o fisioterapeuta esportivo Tiago Fonseca, membro da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e Atividade Física (SONAFE Brasil). Juntos, a dupla foca em melhorar a performance da marcha, com exercícios de quadril e coordenação muscular, além de fortalecer o atleta contra lesões e aumentar a capacidade de recomposição física. A rotina de treino em Brasília tem uma atividade semanal com o especialista.

“A marcha atlética possui várias peculiaridades em termos físicos. Ela exige muito da parte técnica e, principalmente, uma capacidade de estabilização articular de quadril. Por isso, há uma demanda aumentada nessa área dos quadris e também na região lateral do joelho, o que exige bastante da musculatura, especialmente dos glúteos médio e máximo”, explica Tiago.

“Durante o nosso acompanhamento, fazemos exercícios de mobilidade, flexibilidade e de recuperação entre treinos. Nos demais dias, que são direcionados para desenvolver a parte de fortalecimento, ele realiza ativações, conforme orientamos para serem realizadas no dia a dia”, complementa.

Fato é que precisa estar inteiro para correr mais de 20 km duas vezes e terminar entre os dez primeiros em ambas. Na marcha masculina, a prata foi a primeira medalha do Brasil na prova e o melhor resultado de um brasileiro na modalidade. No misto, Caio fez a passagem para Viviane em quarto, colado nos líderes, mas duas punições para a carioca colocaram a dupla em risco e o brasiliense voltou em oitavo, depois encerrando a participação em sétimo.

Ainda assim, para o fisioterapeuta, os resultados positivos não são surpresa. “Seguimos um protocolo de treinamentos intensivos, rotina bem delineada e periodização adequada. Por isso, tínhamos certeza de que ele estava muito bem preparado para buscar a medalha, até porque, nos últimos dois anos, ele conquistou o pódio em todas as provas que disputou, além de ter terminado 2023 como número 1 do ranking mundial da marcha atlética. Não tinha como ser diferente”, celebra Tiago.

*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima

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