Paris — Como parar o imparável? No basquete dos Jogos Olímpicos de Paris-2024, o Brasil não encontrou a fórmula para isso. Em duelo de quartas de final contra o badalado Dream Team dos Estados Unidos, a Seleção sofreu com as transições rápidas e o entrosamento natural forjado pelo talento dos astros da NBA e perdeu por 122 x 87, nesta terça-feira (6/8), na Arena Bercy, na capital francesa. Com a derrota, o time verde e amarelo se despede das disputas na França, enquanto os americanos seguem em busca da medalha na semifinal contra a Sérvia.
LeBron James, Stephen Curry, Jayson Tatum, Devin Booker, Joel Embiid, Kevin Durant, Anthony Davis, Bam Adebayo... o anúncio dos jogadores integrantes do elenco da equipe favorita ao ouro olímpico na França dava dimensão do tamanho do desafio verde e amarelo. A esperança nacional era viver uma noite mágica e causar um pesadelo no time dos sonhos. Não deu certo. Na primeira apresentação em Paris (antes a sede do basquete era o Pierre Mauroy, em Lille), os Estados Unidos corresponderam toda a expectativa da torcida e brilharam.
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A derrota brasileira é mais do que normal. No entanto, a maneira como ela foi conduzida chama a atenção. A equipe verde-amarela jamais havia sido eliminada na era recente da competição com um placar tão elástico. Na edição de Seul-1988, caiu nas quartas de final para a União Soviética por 110 x 105. Quatro anos depois, despediu-se de Barcelona com o 114 x 96 contra a Lituânia. Em Atlanta-1996, Oscar Schimidt, tomou 23 de prejuízo no 98 x 75 contra a segunda versão do Dream Team. Em Londres-2012, esteve a seis de virar sobre a Argentina (82 x 77) e romper a barreira das oito melhores seleções.
Gui Santos, Bruno Caboclo e companhia deixam Paris com a sensação de que fizeram o possível contra o melhor time do planeta, mas existe um ponto a se lamentar. O triunfo norte-americano foi o segundo com maior vantagem nesta edição dos Jogos Olímpicos: 35 de diferença. A lista é puxada pela exibição incontestável da Sérvia com 41 a mais do que Porto Rico: 107 x 66, pela segunda rodada da primeira fase. A terceira marca também pertence à classificatória, quando os porto-riquenhos foram vítimas do modesto Sudão do Sul após tropeço por 90 x 77.
Era natural que a Seleção Brasileira se acanhasse diante dos Estados Unidos. A atuação até teve lances de bons encaixes em verde e amarelo, com momentos de lampejo capazes de reanimar os torcedores. A quatro minutos e oito segundos do fim do segundo quarto, o Brasil estava a oito pontos atrás dos estadunidenses — 42 x 34. Quando o cronômetro zerou para o intervalo, a diferença era de 27, com 63 x 36. A maior colaboração para o passeio tranquilo dos astros na Bercy Arena veio de um personagem contestado.
O pivô Joel Embiid até escapou da defesa brasileira ao anotar 14 pontos e se credenciar como segundo maior cestinha dos EUA no jogo, mas não fugiu da marcação pressão da torcida francesa. Motivo: o camaronês de 30 anos tem nacionalidade do país-sede dos Jogos e havia sido convidado para defender os anfitriões nesta edição. Porém, optou por defender a nação na qual vive desde os 16 anos. Nem mesmo o presidente francês, Emmanuel Macron, foi capaz de convencer o astro do Philadelphia 76ers a mudar de ideia.
O duelo entre Estados Unidos e Brasil na Arena Bercy foi o 22º partida do basquete masculino nos Jogos de Paris-2024, o sexto a terminar com uma equipe acima da casa dos 100 pontos. Feito que costuma ser raro em jogos da Federação Internacional de Basquete (Fiba). O maior “empecilho” para contagens menores está no relógio. Competições desse porte têm oito minutos a menos do que os espetáculos da NBA, pois cada período é disputado em 10 minutos, e não 12 como na liga norte-americana.
Apesar do desafio e do “pouco tempo”, o cestinha da partida foi brasileiro. Nome da Seleção Brasileira na campanha do Pré-Olímpico e na jornada até as quartas de final nos Jogos de Paris-2024, Bruno Caboclo fechou a participação com 30 dos 87 pontos do Brasil, com aproveitamento 11/14 nos arremessos de dois pontos (79%). Ainda no quesito, Kevin Durant atingiu uma marca expressiva: passou os 488 de Lisa Leslie e virou o maior cestinha da seleção americana, entre homens e mulheres.
Sequência do basquete
O próximo adversário dos Estados Unidos será a Sérvia, do jogador mais valioso da temporada 2023/2024 da NBA, o pivô Nikola Jokic, campeão pelo Denver Nuggets em 2022/2023. A partida da semifinal será disputada na quinta-feira (8/8). No mesmo dia, a Alemanha, atual campeã da Copa do Mundo, enfrentará a embalada seleção francesa.