Redenção para Gabriel Medina e medalha para o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Horas após ter sido eliminado na semifinal com poucas ondas e ficar fora da disputa pelo ouro, assim como em Tóquio-2020, o tricampeão mundial deu show no mar de Teahupoo, no Taiti, e conquistou o bronze no surfe masculino. O lugar no pódio foi garantido com a vitória contra o peruano Alonso Correa, nesta segunda-feira (5/8), por 15.54 x 12.43.
Favorito pelo ouro, o brasileiro sofreu com as condições das águas na semifinal, com poucas ondas, e não conseguiu um lugar na decisão. Ainda assim, Medina mostrou o porquê de ser um dos principais nomes da modalidade e brilhou quando teve a oportunidade. Com direito a tubo, aéreo e rasgadas, o surfista de Maresias foi soberano na bateria e deu ao Brasil a segunda medalha olímpica, somando com o ouro de Ítalo Ferreira em Tóquio-2020. O país ainda irá somar mais uma com Tatiana Weston-Webb, na final do feminino, nesta segunda, às 21h57.
Contra Correa, que foi a grande surpresa do surfe olímpico e sequer faz parte da elite mundial, Medina exorcizou o fantasma que o atrapalhava desde Tóquio-2020. Também favorito na ocasião, o brasileiro perdeu de forma polêmica na semifinal e depois foi derrotado em decisão apertada pelo terceiro lugar. Com o bronze no peito, o surfista ampliou a coleção de conquistas, que já conta com três títulos da Liga Mundial de Surfe (WSL).
Como foi a bateria
Se as ondas demoraram para aparecer na semifinal, na disputa do bronze a situação foi diferente. Quem aproveitou primeiro foi Correa, que emplacou uma sequência de manobras e depois um tubo para somar 12.43, parciais de 6.83 e 5.60. Enquanto isso, Medina teve dificuldades para encontrar a formação certa e ficou preso em dois tubos, mas então resolveu mostrar a que veio.
Primeiro com uma série de rasgadas que rendeu 7.50 dos juízes, depois com uma nova tentativa de tubo que se transformou em um aéreo não finalizado, recebeu mais 7.77 para assumir a dianteira. Não satisfeito, o tricampeão mundial seguiu procurando ondas e achou mais uma para manobras, levantando água com rasgadas e recebendo outro 7.77. Com o mar mais quieto e vantagem no placar, virou apenas contagem regressiva para comemorar o bronze.
Trajetória
Soberano desde o início, Medina começou as disputas nos Jogos com vitória tranquila na primeira fase contra o japonês Connor O’Leary e Bryan Perez, de El Salvador. A bateria das oitavas de final teve sabor ainda melhor, vencendo Kanoa Igarashi, carrasco em Tóquio-2020. Desta vez, o brasileiro dominou o adversário, com direito a onda de nota 9.90, e levou a melhor por 17.40 x 7.04.
Nas quartas, o confronto da vez foi 100% verde-amarelo, contra João Chianca, e novamente um triunfo tranquilo, por 14.77 x 9.33. A maré virou na semi, contra o australiano Jack Robinson, número 3 do mundo, mas justamente pelas condições do mar. Sem ondas, Medina conseguiu surfar apenas uma formação pela primeira vez na carreira. Com apenas uma nota, não conseguiu alcançar Robinson e ficou fora da final. Na disputa pelo bronze, domínio e vitória contra o peruano Alonso Correa.
*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima