PARIS 2024

Finalista olímpica cresceu no MST e aprendeu esporte com vara de pesca

Valdileia Martins perdeu o pai no começo da competição em Paris, mas continuou em homenagem a ele

Valdileia Martins, que se classificou para a final do salto em altura nas Olimpíadas de Paris nesta sexta (2/8), começou a praticar salto em altura de forma improvisada em um Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no Paraná. 

A história da origem da atleta foi contada pelo jornalista Demétrio Vecchioli, em postagem no X (antigo Tweeter). Segundo o comunicador, Valdileia sempre guardou em segredo as raízes como integrante de uma família assentada pelo MST. “Ela escondeu isso, não por vergonha, mas por medo de ser discriminada”.

Vecchioli contou ainda que nem o atual treinador da saltadora, com quem trabalha há seis anos, nem o anterior, que a treinou por nove anos, sabiam desse detalhe da vida dela. 

Valdileia cresceu em um assentamento rural e lá começou a praticar salto em altura de forma improvisada, usando uma vara de pescar como sarrafo e sacos de milho cheios de palha de arroz como colchão, colocados pelo pai dela, Israel Martins. Infelizmente, o genitor não pôde ver a classificação da filha. Ele faleceu na segunda-feira (29/07).

Segundo o jornalista, Valdileia soube da morte do pai na terça-feira (30/7), durante um dos primeiros treinos dela em Paris. Aos 35 anos, participar de uma Olimpíada era um sonho que ela construiu junto a Israel Martins. Além de se classificar para a final olímpica, a atleta também se tornou recordista brasileira.

Inicialmente, a saltadora pensou em desistir dos Jogos. “O momento havia perdido sua alegria”, contou Vecchioli. No entanto, ela decidiu continuar em homenagem ao pai, que estava orgulhoso da ida dela à competição. Valdileia acompanhou o velório por chamada de vídeo, contendo as lágrimas, desligou o telefone foi treinar. Nem mesmo a equipe que estava com ela percebeu que havia algo triste acontecendo. 

A decisão de permanecer na disputa após a notícia da morte de Israel é, também, uma homenagem ao pai. "Eu sou forte hoje graças ao meu pai e a minha mãe, que sempre me incentivaram a quebrar barreiras”, diz. “Acho que ele sente orgulho de mim, de tudo que eu estou fazendo”, relatou a atleta, na entrevista ao comunicador. 

 

Mais Lidas