Nascida em 1960, Elena Mukhina foi uma grande aposta da ginástica artística para a União Soviética. Abandonada pelo pai e lidando com o luto da morte da mãe aos cinco anos de idade, foi criada pela avó e iniciou a carreira na ginástica aos 7 anos. Até os 15 anos, a jovem era uma ginasta mediana e não recebia tanta atenção. Mas tudo mudou quando Nadia Comaneci, da Romênia, conquistou olhares do mundo após conquistar um 10, nota máxima à época, e medalhas nas Olimpíadas de Montreal, em 1976.
Após incansáveis treinos e bastante persistência, Elena foi campeã mundial em Estrasburgo, na França, em 1978, conquistando três medalhas de ouro. Ela então despontou como a nova sensação da ginástica mundial ao ganhar várias notas 10, desbancando Comaneci. Na época, a União Soviética tinha como objetivo principal ficar à frente da Romênia na modalidade.
Aos 18 anos, tudo começou a desandar na vida de Mukhina. Ela começou a passar por treinamentos exaustivos que começaram a afetar sua saúde. Após sofrer algumas lesões, a jovem estava no limite e bastante fragilizada. Durante treinamentos para um campeonato, em 1979, ela quebrou uma das pernas.
Faltando menos de um ano para os jogos de Moscou, na Rússia, Elena foi obrigada a retornar aos treinos sem passar pela recuperação completa do acidente. Ela dizia que mal conseguia andar, mas por pressão do técnico, foi obrigada a continuar.
Antes de quebrar a perna, a ginasta havia começado a treinar um novo salto para sua apresentação solo: o salto Thomas, criado pelo norte-americano Kurt Thomas. O movimento é extremamente difícil e perigoso, e o técnico soviético pressionou Mukhina para treiná-lo a tempo das Olimpíadas que aconteceriam no país.
No salto Thomas, o atleta faz piruetas no ar e aterrisa enquanto rola no chão. Durante o movimento, o ginasta corre o risco de cair sobre o queixo ou o pescoço, causando uma grave fratura. E foi exatamente o que aconteceu com Elena.
Faltando aproximadamente um mês para os Jogos Olímpicos de Moscou, em 1980, ela se acidentou e ficou tetraplégica. Ela morreu em dezembro de 2006, após uma parada cardíaca. Após o episódio com Elena, o salto Thomas foi banido para homens e mulheres em competições internacionais.
Anos depois, em uma entrevista à revista russa Ogoniok, ela contou que disse ao seu treinador que quebraria o pescoço. Em resposta, ele disse que pessoas como ela não quebravam o pescoço. "Eu realmente queria justificar a confiança depositada em mim e ser uma heroína", explicou a ginasta.
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