PARIS-2024

Largada para o The Flash: Petrúcio Ferreira estreia nesta sexta

Mais veloz do mundo nas últimas duas Paralimpíadas, paraibano de 27 anos fala ao Correio sobre o sonho do tri nos 100m, ser inspiração e relação com Brasília

Antes da Paralimpíada, Petrúcio Ferreira fez aclimatação na cidade de Troyes -  (crédito:  Alessandra Cabral/CPB)
Antes da Paralimpíada, Petrúcio Ferreira fez aclimatação na cidade de Troyes - (crédito: Alessandra Cabral/CPB)

As Paralimpíadas começaram com tudo e não vão guardar o melhor para o fim. Logo no segundo dia de competição, um dos principais nomes dos Jogos de Paris-2024 entrará em ação: Petrúcio Ferreira. Homem mais rápido do mundo e atual recordista dos 100m e 200m rasos da classe T47 (amputados de braço), o brasileiro é o favorito para ganhar o terceiro ouro na prova dos 100m e participa da primeira bateria desta sexta-feira (30/8), às 7h57, com transmissão do SporTV2. Se passar, a final é às 14h29, no Stade de France.

Dono do topo do pódio na edição do Rio-2016 e em Tóquio-2020, outras duas únicas participações paralímpicas da carreira, o velocista também tem uma prata e um bronze nos 400m e outro segundo lugar no revezamento 4x100m. A especialidade é nos 100m, por isso o sonho de entrar no hall dos atletas três vezes campeões da mesma prova.

"A expectativa é das melhores. Trabalhamos bastante para que chegasse esse momento, desde Tóquio, já visando os Jogos de Paris. Vou dar meu máximo para chegar na competição e tentar trazer esse tricampeonato. Minha meta é voltar tricampeão para o Brasil", conta ao Correio.

Uma das grandes estrelas na capital francesa, Petrúcio tem um currículo que fala por si. Além dos recordes e das medalhas paralímpicas, ele foi ouro nos 100m dos mundiais de Kobe-2024, Paris-2023, Dubai-2019 e Londres-2017, e no Parapan de Santiago-2023, Lima-2019 e Toronto-2015. Ainda vieram mais conquistas nos 200m, 400m e revezamento 4x100m. Com a coleção extensa, ele colabora na adaptação da garotada da delegação.

"Tenho 27 anos, ainda sou um menino sonhador, cheio de sonhos e desejos dentro do esporte paralímpico. Vejo-me como uma referência pelos resultados que tive, são 10 anos de carreira, então tenho uma bagagem e experiência em grandes competições. Tento trazer isso para a nova geração, que está chegando agora na Seleção. Não me considero o velho, mas dá para dizer que sou o experiente", brinca.

A disputa dos 100m não será a única com a presença de Petrúcio em Paris. O paraibano também irá competir nos 400 metros, mesmo tendo ficado praticamente o ciclo inteiro sem participar da bateria. Depois de ser bronze em Tóquio, ele voltou apenas em junho deste ano, no Desafio da Confederação Brasileira de Atletismo. Mesmo assim, o objetivo é tentar um lugar no pódio, assim como fez na edição da capital japonesa e no Rio-2016, quando foi prata.

"A prova de 400m sempre tem um sabor especial, seja lá qual for a posição, primeiro, segundo ou terceiro. Ficar entre os três é sempre prazeroso, porque é uma prova que eu não foco tanto, mas mesmo assim consigo tirar bom proveito. Foram três anos literalmente sem correr essa distância, treinei só um pouquinho, mas é legal por não ser a principal prova para mim. No fim, ela entra como uma diversão, um desafio pessoal", explica.

Outros trechos da entrevista

Sente-se realizado?

Sinto que ainda tenho desejos a serem alcançados e resultados que busco na pista. Falo que procuro o meu limite. Ainda não o encontrei. Com os meus resultados, quero mudar um pouco do cenário paralímpico, mudar a visão das pessoas sobre os atletas.

Qual a sua relação com Paris?

Conheço bem (a cidade). Foi até a minha segunda viagem internacional. A minha primeira foi para o Chile. Isso deixa ainda mais especial, tenho uma história boa a ser contada. Das vezes que fui, consegui voltar com ouro. Espero em 2024 não seja diferente. Fui recentemente em 2023 e também consegui. Essa é a minha quarta vez, em busca de mais medalhas.

E o chapéu de couro?

Tenho muito orgulho das minhas origens e das minhas raízes. Fui moldado para me tornar o atleta que sou hoje. Sei das dificuldades que os nordestinos enfrentam. Eu procurava levar o símbolo do Nordeste comigo, algo que me identificasse no meio dos atletas.

Algo mudou em você?

A ansiedade permanece, aquele friozinho na barriga. O Petrúcio hoje está mais maduro, mais cabeça, mais ciente do que quer na carreira e do que tem de entregar na pista.

Alguma história com Brasília?

Têm poucas viagens a Brasília, poucas competições. Acaba que não estou indo muito. Se pegar esses meus 11 anos de carreira, só fui cinco vezes. Corri lá o JUBs (Jogos Universitários Brasileiros) de 2023. Inclusive, este ano será em Brasília de novo. Não sei se conseguirei ir. 

*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima 

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 29/08/2024 21:58 / atualizado em 29/08/2024 22:06
x