PARALIMPÍADAS PARIS-2024

Leomon e André reeditam dobradinha brasiliense na Seleção de golbol

Manutenção do status do país de potência da modalidade na Paralimpíada passa pelas mãos e pelos pés dos companheiros de longa data

Peça importante na campanha do título brasileiro no Parapan de Santiago-2023, André Dantas se prepara para a estreia em Paralimpíada, aos 29 anos -  (crédito: Miriam Jeske/CPB)
Peça importante na campanha do título brasileiro no Parapan de Santiago-2023, André Dantas se prepara para a estreia em Paralimpíada, aos 29 anos - (crédito: Miriam Jeske/CPB)

De companheiros a adversários e, agora, unidos novamente para representar o Brasil no principal palco do esporte paralímpico. Leomon Moreno e André Dantas dão o toque de Brasília na Seleção Brasileira de golbol. Potência da modalidade exclusiva da Paralimpíada, o país tem a coleção completa de medalhas, com ouro, prata e bronze, e aposta na dupla protagonista do quinto capítulo da série Équipe Brasília para repetir a campanha dourada de Tóquio-2020.

O amor de Leomon pelo golbol vem do berço. Ele convive com retinose pigmentar, doença que atrapalha a captação de luz nos olhos. Os primeiros contatos com o esporte foram por meio dos irmãos mais velhos, que possuem a mesma condição e praticavam a modalidade. Não demorou a se destacar e ser apelidado de "Cristiano Ronaldo do golbol", quando atuou pelo Sporting, um dos clubes que lapidaram o craque dos gramados. As três medalhas paralímpicas (ouro em Tóquio-2020, prata em Londres-2012 e bronze no Rio-2016) fazem jus à brincadeira.

Diferentemente de Leomon, André não foi influenciado por familiares. Nascido com toxoplasmose ocular, infecção que afeta a visão, foi atleta da natação durante a infância e conheceu o golbol na adolescência, aos 14 anos, e iniciou uma paixão desenfreada após disputar Paralimpíadas Escolares no improviso para completar o time. A escolha de trocar as piscinas pelas quadras deu frutos. André se orgulha do ouro obtido no Parapan de Santiago-2023 e de dois títulos mundiais, em 2022 e 2018. Aos 29, falta estrear no grande palco paralímpico.

"É uma honra estar entre os selecionados. Os caras mais experientes passam muita confiança, o clima é ótimo. Serão jogos difíceis, mas eu estaria muito mais pressionado se o Brasil fosse meu adversário", comenta, confiante.

Campeões brasileiros juntos pela União dos Atletas Cegos do Distrito Federal (UNIACE) em 2015, os brasilienses se separaram no ano seguinte, quando o Leomon se transferiu para o Santos. Os parceiros se tornaram adversários. O ápice da rivalidade foi a final do torneio nacional de 2016, vencida pelo clube paulista.

"O Leomon é uma referência na modalidade. Nos conhecemos desde a base. Que isso se transfira para a quadra", torce André. "Fomos campeões mundiais juntos em 2018, queremos repetir essa mesma cena em Paris. Esse objetivo é um combustível a mais para a gente, vencer representando o povo brasiliense e nossas famílias", emenda Leomon.

Motivação extra

Na quarta Paralimpíada da carreira, Leomon tem nova inspiração: a filha Alana, de um ano. "É um gás maior do que qualquer coisa no mundo. Tento refletir sobre como era a vida sem ela, e nada me vem à cabeça. Quero ganhar para ela, será meu amuleto."

Leomon esteve em todas as edições em que o Brasil subiu ao pódio nos Jogos e realizou o sonho de obter o ouro em Tóquio. Para ele, a conquista fez o golbol crescer no país, com mais investimento, espectadores e atletas. "A medalha dourada era um sonho. Isso nos dá confiança, mas Paris será uma nova história e estamos prontos para escrevê-la. O golbol é coletivo, esse título só é construído com o esforço de todos", destaca.

A nova jornada de Leomon, André e companhia começa em 29 de agosto, na abertura do Grupo A, contra a França. Estados Unidos e Irã completam a chave. A possível final será em 5 de setembro e pode ser um brinde atrasado à vida de Leomon. O brasiliense comemorou 31 anos ontem: "O presente que quero é a medalha de ouro".

*Estagiário sob supervisão de Victor Parrini

 

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postado em 22/08/2024 06:00
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