Tarja das olimpiadas
Paralimpíadas Paris-2024

Carla Maia realizará o sonho paralímpico após mais de 20 anos de carreira

No primeiro capítulo da série sobre os brasilienses nos Jogos Paralímpicos de Paris-2024, o Correio apresenta a atleta que estreia no torneio após duas décadas dedicadas ao tênis de mesa

Carla Maia irá para a primeira Paralimpíada após mais de 20 anos dedicados ao tênis de mesa -  (crédito: Arquivo pessoal/Divulgação)
Carla Maia irá para a primeira Paralimpíada após mais de 20 anos dedicados ao tênis de mesa - (crédito: Arquivo pessoal/Divulgação)

Persistência. A palavra define muito do trabalho dos atletas de alto nível para chegar ao topo. Imagine para quem passou quase metade da vida dedicada a esse objetivo. Com mais de duas décadas no esporte, aos 43 anos, Carla Maia pode vibrar e dizer: "Eu sou atleta paralímpica". Oito vezes campeã brasileira de tênis de mesa, a jogadora se classificou pela primeira vez para uma Paralimpíada e é a protagonista do primeiro capítulo da Équipe Brasília, série do Correio sobre os personagens brasilienses nos Jogos de Paris-2024.

"Eu tinha esse sonho e parecia algo tão longe, mas eu continuava regando, porque acredito muito no poder do sonho. Se temos um propósito de vida e seguimos esse objetivo, coisas boas virão. Por mais que tenham sido anos tentando, nunca desisti. Passou pela cabeça parar, mas continuei, com muita estratégia, técnica, treinamento e dedicação, até que deu certo. Estou feliz de estar aqui e agora quero mais, vim com vontade de ganhar medalha e de ter uma boa performance. Estou realizando o sonho da minha vida", conta Carla ao Correio.

O começo do sonho foi décadas atrás. Desde pequena, a brasiliense esteve ligada com esportes e fez ginástica artística, atletismo e dança, a maior paixão da adolescência. Aos 17 anos, um sangramento espontâneo na medula atingiu a cervical e a deixou tetraplégica, mas a vontade de seguir no mundo esportivo continuou. Quando conheceu o tênis de mesa, logo participou de um campeonato e ficou com a prata. O começo vitorioso alimentou a meta de um dia estar nas Paralimpíadas.

"Aquela performance, a surpresa, o estímulo da competição, conhecer outras pessoas com as mesmas limitações que eu, tudo aquilo foi a melhor experiência da minha vida até o momento. Queria mais, então fui buscar. Ganhei oito vezes o Campeonato Brasileiro, fui medalhista de bronze por equipes no Parapan de 2007, mas, para os Jogos, sempre chegava pertinho e não conseguia a vaga, ficava como primeira reserva", recorda.

O tênis de mesa é dividido em 11 classes numeradas. As cinco primeiras são para cadeirantes; da 6 a 10, para andantes; e a última para andantes com deficiência intelectual. Quanto maior o número, menor o comprometimento físico-motor, de acordo com o alcance de movimentos, força muscular, restrições locomotoras, equilíbrio e habilidade para segurar a raquete. Carla foi enquadrada na categoria 2, mas recebia conselhos de que estava na classificação errada, contra adversárias com mais movimentação e força.

Foram 20 anos até que, em 2023, fez uma avaliação e descobriu que deveria estar na faixa 1. Com concorrentes em iguais condições, a brasiliense é a atual quinta melhor do mundo na categoria e número 18 no ranking conjunto das classes 1 e 2. A garantia em Paris-2024 veio em junho, quando recebeu o convite da Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF) para competir.

Apesar de ser a estreia de Carla como atleta, não será a primeira vez em Paralimpíadas. Repórter da TV Brasil, a mesatenista tem na bagagem quatro coberturas do megaevento, mas reforça serem vivências distintas para cada função.

"Como jornalista, é completamente diferente. Você está nos bastidores, para contar a história dos grandes heróis, a preparação é diferente, conversava com muita gente e o trabalho não para, sem tempo para descanso, apesar de sempre ter sido torcedora também. Como atleta, é importante descansar, treinar muito, mas aqui percebo ainda mais as histórias que existem, os sonhos, a pressão, são pessoas inspiradoras que me dão combustível. Em comum, tem o sentimento de amor pelo esporte e a vontade de ver o Brasil no topo do pódio", reflete.

Além das raquetes

Além de atleta de alto nível e repórter, Carla foi eleita Miss Brasil Cadeirante e representou o país na competição mundial. Se não bastasse, ela ainda separa tempo para fazer o que ama desde criança: dançar. Da banda colegial até os dias atuais, a brasiliense agora atua no grupo Street Cadeirante, do qual é CEO. O agradecimento por ter conquistado tudo isso vai para o pai, Celso Limp.

“Coisas muito doidas acontecem na minha vida, mas acho que é culpa do meu pai. Quase morri quando tive o sangramento espontâneo na medula, porque estava subindo para a cabeça. Quando o médico falou que tinha chance de óbito, meu pai rezou e me entregou para Deus, que Ele poderia me levar, mas que, se eu ficasse, que pudesse ter uma vida boa. Em nenhum momento foi fácil, passei por um luto ao ficar cadeirante, preciso de ajuda de alguém 24 horas por dia, mas pude viver coisas maravilhosas. Quando surgem oportunidades, eu agarro todas, porque elas não voltam, e é isso que vim fazer na Paralimpíada”, compartilha.

 
 
 
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Ativa nas redes sociais com o perfil @oicarlinha, a brasiliense mostra os bastidores da preparação em Troyes, na França, durante o período de aclimatação antes de ir para Paris. Mesmo longe da capital, o pedido, tanto para os compatriotas quanto para os seguidores, é o apoio durante a participação nos Jogos, que começam em 29 de agosto, ao lado de Marliane Amaral.

“Conto com a torcida de todo o DF por mim e os companheiros do Brasil. Estamos aqui representando todos vocês. Saibam que estamos dando duro para ir bem, não é só um dia de dedicação, são anos. Quando recebo mensagens de apoio, vejo que não estou sozinha e me dá muita motivação. Quero sair daqui orgulhosa de ter feito meu melhor e representado o Brasil como eu pude. Eu até falo ‘bora, team Carlinha, rumo ao topo!’ É isso sempre, por cada caminho, vamos juntos”, projeta.

*Estagiário sob a supervisão de Fernando Brito

Atleta, repórter, modelo e dançarina...

Além de atleta de alto nível e repórter, Carla foi eleita Miss Brasil Cadeirante e representou o país na competição mundial. Se não bastasse, ela ainda separa tempo para fazer o que ama desde criança: dançar. Da banda colegial até os dias atuais, a brasiliense agora atua no grupo Street Cadeirante, do qual é CEO. O agradecimento por ter conquistado tudo isso vai para o pai, Celso Limp.

"Coisas muito doidas acontecem na minha vida, mas acho que é culpa do meu pai. Quase morri quando tive o sangramento espontâneo na medula, porque estava subindo para a cabeça. Quando o médico falou que tinha chance de óbito, meu pai rezou e me entregou para Deus, que Ele poderia me levar, mas que, se eu ficasse, que pudesse ter uma vida boa. Em nenhum momento foi fácil, passei por um luto ao ficar cadeirante, preciso de ajuda de alguém 24 horas por dia, mas pude viver coisas maravilhosas. Quando surgem oportunidades, eu agarro todas, porque elas não voltam, e é isso que vim fazer na Paralimpíada", compartilha.

Ativa nas redes sociais com o perfil @oicarlinha, a brasiliense mostra os bastidores da preparação em Troyes, na França, durante o período de aclimatação antes de ir para Paris. Mesmo longe da capital, o pedido, tanto para os compatriotas quanto para os seguidores, é o apoio durante a participação nos Jogos, que começam em 29 de agosto, ao lado de Marliane Amaral.

"Conto com a torcida de todo o DF por mim e os companheiros do Brasil. Estamos aqui representando todos vocês. Saibam que estamos dando duro para ir bem, não é só um dia de dedicação, são anos. Quando recebo mensagens de apoio, vejo que não estou sozinha e me dá muita motivação. Quero sair daqui orgulhosa de ter feito meu melhor e representado o Brasil como eu pude. Eu até falo 'bora, team Carlinha, rumo ao topo!' É isso sempre, por cada caminho, vamos juntos", projeta. 

Estagiário sob a supervisão de Fernando Brito

  • A mesatenista paralímpica brasiliense Carla Maia
    A mesatenista paralímpica brasiliense Carla Maia Foto: Arquivo pessoal/Divulgação
  • A mesatenista paralímpica brasiliense Carla Maia
    A mesatenista paralímpica brasiliense Carla Maia Foto: Arquivo pessoal/Divulgação
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postado em 19/08/2024 17:01 / atualizado em 19/08/2024 17:05
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