O Botafogo parece ter retornado à estaca zero. Ou seja, flerta com aquele início de temporada quando as lacunas do plantel estavam expostas e tiravam o sono de qualquer alvinegro. Após semanas de calmaria, com direito à liderança isolada do Campeonato Brasileiro, o desequilíbrio volta a ser a marca do grupo. Especialmente após dois eventos recentes. A saber: a cafajestagem do lateral-direito uruguaio Suárez e a escassez de zagueiros – dos três beques utilizados pelo técnico Artur Jorge, somente um dá conta do recado e mantém a regularidade durante a temporada.
O mito do “melhor elenco da história”, como sustentavam, em delírio, alguns botafoguenses, ficou obsoleto. Nenhum time que luta por títulos importantes pode ter um zagueiro nota 4 como a primeira opção no banco. Halter caberia em qualquer equipe da Série B. Não em um Botafogo que briga por título brasileiro e pleiteia vaga nas quartas de final da Libertadores. Barboza, seu parceiro no início do ano, teve dias de sobriedade, mas voltou a ser o tresloucado de sempre. Sobra apenas Bastos, o melhor, disparado. Segovão nunca entra. E Pablo é fruto de uma pernada que a diretoria do Flamengo acertou no sócio majoritário da SAF, John Textor.
A lateral direita tornou-se, mais uma vez, uma baita dor de cabeça. Tudo porque o traidor Suárez, titular absoluto, inventou algumas desculpas e abandonou o grupo na fase mais aguda da temporada. O sacripanta, esportivamente, ajustou o setor e seria primordial nos jogos de mata-mata. No entanto, seu valor, como pessoa, esbarra em uma nota de R$ 3. Que seja, portanto, infeliz na reta final da carreira. A cafajestagem do Lenhador abre espaço para a ascensão de Ponte, defensor que não tem as mesmas artimanhas futebolísticas dentro das quatro linhas. Além disso, não há mais um suplente de ofício, já que Rafael não sai do departamento médico.
Diretoria do Botafogo erra novamente
O desequilíbrio é flagrante. Enquanto do meio para frente, o Botafogo está, mesmo com algumas lesões, enfim, bem servido, a defesa pode jogar água em todo o planejamento da temporada. A diretoria errou de novo. Em 2023, com 13 pontos de vantagem sobre o segundo colocado, achou que não valeria a pena gastar dinheiro para reforçar o time. Em 2024, houve investimento. Textor tirou o escorpião do bolso. Mas o scout esqueceu a retaguarda, pois julgou que as opções eram satisfatórias.
Todo time brasileiro, em alguma hora, terá de poupar jogadores. Com o Botafogo não seria diferente. Independentemente da decisão de priorizar um torneio em detrimento de outro, aí reside o “x da questão”. Em algum momento, o técnico Artur Jorge será obrigado a chamar Halter, zagueiro que, lamentavelmente, tem falhado, religiosamente, em todos os jogos. E quando Bastos não joga, o beque bate cabeça com Barboza.
É ponto pacífico e incontroverso que, em 2024, a arbitragem da CBF começou a meter a mão no Botafogo. A partir daí, para não perder pontos por ações do VAR, o Glorioso precisa almejar a perfeição. E este paradigma passa por contratações e planejamento. Afinal, no Mais Tradicional, quem contrata também joga.
*Esta coluna não reflete, necessariamente, a opinião do Jogada10
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