PARIS 2024

Bronze no taekwondo, Netinho morou e treinou em Brasília

Saiba quem foi o mestre dele na passagem pela cidade antes do cumprimento da profecia de Natália Falavigna

 2024.08.08 - Jogos Ol..mpicos Paris 2024 - Taekwondo masculino. O atleta brasileiro Edival Pontes, o Netinho (azul), em duelo contra o espanhol Javier P..rez Polo. O brasileiro garantiu a medalha de bronze ao ganhar este confronto. Na foto, Netinho durante a cerim..nia de entrega das medalhas. Foto: Wander Roberto/COB
     -  (crédito: Wander..Roberto/COB)
2024.08.08 - Jogos Ol..mpicos Paris 2024 - Taekwondo masculino. O atleta brasileiro Edival Pontes, o Netinho (azul), em duelo contra o espanhol Javier P..rez Polo. O brasileiro garantiu a medalha de bronze ao ganhar este confronto. Na foto, Netinho durante a cerim..nia de entrega das medalhas. Foto: Wander Roberto/COB - (crédito: Wander..Roberto/COB)

Protagonista da terceira medalha olímpica do Brasil no taekwondo na história dos Jogos Olímpicos, Edival Pontes, o Netinho, nasceu em João Pessoa, capital da Paraíba, mas parte do bronze ostentado no pescoço depois da vitória por 2 x 1 contra o espanhol Javier Pérez Polo, na categoria até 68kg em Paris-2024, tem link com Brasília e emocionou um dos anfitriões do atleta quando ele veio morar no Distrito Federal em busca de melhores condições de treino.

Presidente da Federação Brasiliense de Taekwondo, Josafá Santos estava no shopping Conjunto Nacional, ontem à tarde, quando parou em frente à televisão para ver o combate decisivo de Netinho. "Acompanhei desde a madrugada, mas estava fora na hora da luta. Eu vi Netinho crescer com meu filho (Luiz Marrentinho). Eles disputaram um Brasileiro juntos, em Porto Alegre. Eu e outros amigos o hospedamos. Ele treinou aqui na cidade com o mestre Washington Azevedo no Sesi de Taguatinga à época e veio muitas vezes ao DF de 2014 a 2016", conta, com a voz embargada, ao Correio. Fiquei emocionado, chorei. Eu e o pai dele, Loidmar Pontes, o Painho, ficamos próximos por causa dos nossos filhos. Era o sonho do pai vê-lo campeão olímpico", relata Josafá.

Netinho treinou em Brasília com mestre Washington. Em 2012, Loidmar conheceu o professor no Rio e manifestou o desejo de que o filho treinasse na Equipa AWA no DF. "Eu aceitei, mas ele morava em João Pessoa", conta Washington. Painho não mediu esforços. Topou mandá-lo para Brasília. Foi acolhido por um dos atletas, o Guilherme Dias, à época, titular da Seleção Brasileira. Ele ficava 30 dias aqui e voltara para João Pessoa (com o mestre Thomaz). Conseguimos colocá-lo na Seleção júnior e começou a carreira internacional", diz o técnico da Equipe AWA, em entrevista ao Correio.

Emocionado, Washington atribui a felicidade de ter colaborado ao maior incentivador de Netinho. "O pai dele é o grande responsável. Deve estar dando pulo lá no céu de alegria. Imagino-o falando comigo: 'Mestre, o Netinho conseguiu'. Ele sempre falava comigo depois das competições", recorda.

Origem

Aos sete anos, Netinho vestiu pela primeira vez o dobok, como é chamado o traje de gala na modalidade. Aconteceu por meio de um convite feito por um amigo do pai, Loidmar Pontes. Começava a surgir numa joia no taekwondo. Aos 10, era faixa preta. Em decorrência da falta de estrutura para treinar, o paraibano trocou João Pessoa por Brasília antes de se estabelecer na cidade paulista de Rio Claro. Com 17, em 2014, se tornou campeão dos Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanjing, na China. No mesmo ano, em Taipei, no Taiwan, festejou o ouro no Campeonato Mundial Júnior.

Uma sequência de grandes resultados, como o ouro Pan da modalidade em Spokane, nos EUA, em 2018, e o título dos Jogos Mundiais Militares em Wuhan, na China, em 2019, alçaram Edival à disputa da primeira Olimpíada. No entanto, ele lidou com um difícil percalço na caminhada: a morte do pai. Vítima de complicações causadas por uma doença no fígado, Loidmar não resistiu. Morreu em novembro de 2020. Em luto, Netinho viajou para os Jogos de Tóquio-2020, mas não brigou por medalha. Naquele ciclo, havia sido ouro no Pan de Lima-2019. Em tese, tinha chance de pódio no Japão.

Netinho confirma que o pai era um dos grandes incentivadores. Loidmar o encorajou a não desistir do taekwondo em duas oportunidades. "Para mim, você é um campeão, mas, a partir do momento em que desistir, você não passa a ser um perdedor", era a mensagem usada pelo mentor. Por isso, Edival continuou a caminhada em busca do pódio olímpico a fim de homenagear o pai a quem tanto ama. Em 2022, se garantiu como vice-campeão mundial de taekwondo, porém viu as chances de classificação para os Jogos de Paris-2024 serem ameaçadas com uma suspensão por doping, no fim de 2023. Voltou em tempo, conquistou a vaga para a edição na França e viveu final feliz.

Para chegar à disputa do terceiro lugar, o paraibano teve caminho complicado. Na estreia, perdeu para o jordaniano Zaid Kareem. Passou a depender da ida do adversário à final para ir à repescagem. Com o objetivo cumprido, derrotou o britânico Bradley Sinden, de virada, e avançou às semis. Garantiu a revanche contra o turco Hakan Recber, algoz da eliminação em Tóquio-2020, para posteriormente garantir a medalha contra Javier Pérez.

"Essa medalha é justamente para o meu pai. Ele é meu guerreiro, meu herói. É especialmente para minha mãe, minha irmã, namorada, técnicos, amigos. Muito obrigado a todos e obrigado à torcida brasileira, que ficou e acreditou em mim", disse à tevê Globo, após a conquista.

Mentora

Em entrevista ao Correio no último mês de julho, Natália Falavigna, protagonista da primeira das três medalhas no taekwondo brasileiro nos Jogos Olímpicos com a medalha de bronze em Pequim-2008, e uma das escolhidas para cumprir função de mentoria na modalidade em Paris-2024, apostou alto no pódio e citou justamente o nome de Netinho. "Temos uma mescla de experiência e juventude na delegação. Eu gosto muito e acho que todos têm condições. Netinho, extremamente talentoso", elogiou

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postado em 09/08/2024 06:00
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