Paris — A participação de Ana Marcela Cunha na prova de 10km da maratona aquática feminina nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 gerou muita expectativa pela oportunidade real de obtenção de mais uma medalha para o país. Defendendo o título de Tóquio-2020, a brasileira tinha status de favorita, mas acabou fora do pódio ao cruzar o Rio Sena em quarto lugar. Frustrada por não ter conseguido uma nova medalha, a atleta fez um balanço da atuação na França e evitou prospectar Los Angeles-2028.
A principal expoente da modalidade no país viveu um ciclo olímpico entre bons resultados e dificuldades causadas por lesões e um sentimento de desencontro com o esporte. Competir em Paris-2024, por si só, é considerado uma vitória. Mas o fato de Ana Marcela ter ficado tão próxima de conquistar mais uma medalha na carreira deixou a atleta visivelmente emocionada. O "quase" causou um sentimento inegável de decepção.
"O quarto lugar é um abismo grande entre ter, ou não, um medalha. Em 2008, quando fui quinta, não doeu tanto quanto agora", explicou a brasileira, ressaltando, porém, as dificuldades de chegar até Paris-2024. "Há dois anos, eu estava passando por uma cirurgia e simplesmente liguei para a minha família e falei: quero parar de nadar. Voltar a me encontrar e estar feliz é o mais importante", pontuou.
"Eu havia chegado ao meu limite no esporte. Não estava feliz, mas, graças a Deus, tenho uma família que me apoia. Meus patrocinadores e meu clube foram juntos. Nunca deixaram de acreditar que eu realmente podia me reencontrar e estar aqui. Somos atletas, mas somos seres humanos. Não somos uma máquina. Queria demais essa medalha. Vou precisar de um tempinho para olhar para frente e ver o que vamos fazer", continuou.
Após vencer o processo cirúrgico e as condições psicológicas adversas causadas por ele, a brasileira se mudou para a Itália e passou a ser treinada por Fabrizzio Antonelli. Para ela, o passo não prejudicou a preparação e foi vital para a participação na Olimpíada. "Eu mudei todo o programa, mas, sem isso, talvez em não estivesse aqui. Preciso ter orgulho do que fiz. O quarto lugar é doloroso, mas tenho que manter a cabeça erguida", discursou.
O clima de lamentação por ficar fora do pódio fez Ana Marcela evitar realizar grandes projeções visando a próxima edição dos Jogos. A brasileira não confirmou e nem descartou presença em Los Angeles-2028. "Tem a Copa do Mundo pela frente. Vou virar a página e ver como vai ser. Tenho 32 anos e uma bagagem grande, muitas conquistas", pontuou. Na análise da prova, Ana foi na contramão das demais concorrentes ao explicar qual a maior dificuldade enfrentada no Rio Sena.
"Na maior dificuldade de pessoal, eu me senti bem, que foi contra a correnteza, por incrível que pareça. Foi mais difícil nada a favor. Elas abriram ainda mais e depois ficou mais difícil. No final, até achei que eu estava muito cansada e o pessoal ia me passar, mas ainda consegui a quarta colocação", analisou. Com a missão em Paris-2024 cumprida, Ana Marcela deseja pensar no presente e avaliar o cenário para, de fato, idealizar o futuro e uma nova participação olímpica em 2028.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br