Quem é mais atento às nuances de bastidores dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 certamente reparou o "ritual" de abertura das competições na Cidade Luz. Antes de cada evento começar, uma personalidade esportiva entra em cena, recebe os holofotes e bate três vezes no chão com um bastão de madeira. Só depois disso, os reais astros do espetáculo, de fato, tomam conta das arenas. Muitos, porém, ainda não sabem qual a razão gesto, conhecido como Pancadas de Molière.
Assim como vários detalhes inseridos na rotina de animação do público antes, durante, ou após as competições, o gesto tem ligação direta com um importante elemento da cultura francesa: o teatro. O ato de utilizar o bastão para bater no chão nada mais é do que uma forma prática de chamar a atenção do público presente. Jean-Baptiste Poquelin (1622-1673) é apontado com um dos precursores da ação.
As três batidas atuais são simbólicas e foram instituídas na França durante a Idade Média. Há várias narrativas para explicar o número e a ação em si. A de Molière, por exemplo, teria sido para anunciar a chegada do rei, da rainha e do delfim ao auditório. Em outros registros históricos do gesto, o bastão poderia tocar o chão nove vezes (uma referência às nove musas da Grécia antiga) ou até 12, se necessário fosse.
Nos Jogos, a cerimônia começa com um vídeo padrão exibido no telão em cada competição. Depois, a organização induz a multidão ao silêncio e apresenta uma personalidade esportiva para realizar o ato. O sistema sonoro das arenas e estádios dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 "emula" os batuques em alto e bom som para aumentar a experiência imersiva do gesto feito com o bastão no chão. Vários nomes conhecidos viveram a experiência de ser o nome central da cerimônia de abertura de uma sessão de competições.
No primeiro dia de partidas do basquete na capital parisiense, Carmelo Anthony foi o escolhido para dar o "pontapé" inicial de Estados Unidos e Brasil. Na final feminina do skate street, a brasileira Letícia Bufoni vivenciou o papel de protagonista no ato de abertura. Outra atleta nacional a participar do gesto, Karen Jonz abriu as disputas do park feminino. Nomes históricos como Nadia Comaneci (ginástica artística), Dan Carter (rugby) e Basile Boli (futebol) também receberam os holofotes.
Faltam cinco dias para as lutas por medalhas dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 acabarem. Até lá, vários lugares nos pódios serão distribuídos. Em todos os eventos - incluindo a cerimônia de encerramento, marcada para domingo (11/8), no Stade de France -, o gesto icônico da cultura francesa estará no centro dos holofotes. Se não for para, de fato, chamar a atenção do público, servirá para propagar parte da história do país europeu para o restante do mundo.
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