Paris — Sétima colocada na final do skate park nos Jogos de Tóquio 2020, Dora Varella retornou à final olímpica, mas não realizou o sonho do primeiro pódio. Nesta terça-feira (6/8), a paulistana de 23 anos disputou medalha na versão francesa da Olimpíada como uma das oito melhores, mas encerrou a participação no Parque Urbano La Concorde batendo na trave, com a quarta posição e nota 89,14. O ouro ficou com a australiana Arisa Trew (93,18), a prata com a japonesa Cocona Hiraki (92,63) e o bronze, novamente, com a britânica Sky Brown (92,31).
Dora Varella foi a única brasileira envolvida na final do skate park feminino em Paris-2024. O país classificou três atletas para a jornada na Cidade Luz. No entanto, Isadora Pacheco e Raicca Ventura não romperam a barreira da primeira fase, com a 9ª e 12ª colocações.
Um aspecto da decisão chama atenção. A média de idade das oito skatistas candidatas ao pódio era de 16,5 anos. A caçula era a finlandesa Heili Sirvio. Ela veio ao mundo em 17 de março de 2011. A mais velha era justamente a brasileira Dora Varella. Ela se considera a “tia” dessa turma. “Meu Deus, de Tóquio para cá as meninas evoluíram muito, não dá para acreditar. O nível está bizarro, isso é um absurdo. Estou aqui, a tia, tentando acompanhar os memes, as piadas das crianças”, brincou, após a classificação à final.
Todas as medalhistas femininas do skate estão abaixo dos 20 anos de idade. Na disputa do street, a japonesa Coco Yoshizawa, de 14, levou o título. O segundo lugar ficou com a compatriota dela, Liz Akama (15), e o terceiro com Rayssa Leal (16). Medalhistas de ouro, prata e bronze do park, Arisa Trew, Cocona Hiraki e Sky Brown têm 14, 15 e 16 anos, respectivamente.
A brasileira foi a primeira a dropar na pista da decisão. Confiante, subiu o nível em relação à classificatória e impôs pressão sobre as concorrentes com a nota 85,06 — havia feito 82,29. Prova disso foram as três apresentações seguintes. A espanhola Naia Laso, a australiana Arisa Trew e a finlandesa Heili Sílvio caíram. Medalhista de bronze em Tóquio-2020, a britânica Sky Brown aliviou a tensão com boa volta, mas com queda no último segundo. A estadunidense Bryce Wettstein foi a responsável por subir o sarrafo e garantiu 88,12. Na sequência, a japonesa Cocana Hiraki arrancou 91,98 dos juízes e fez com que Dora fechasse a primeira rodada em terceiro.
Não satisfeita com a zona de bronze, a brasileira foi mais ousada na segunda volta, esteve perto de volta perfeita, mas errou manobra, recebendo 77,62, descartado como nota inferior. Os desempenhos das adversárias resultaram em nova queda de posição. Sky Brown obteve 91,60, saltou para a prata provisória e provocou um efeito dominó que jogou Dora para quinto. Na última tentativa, foi impecável, mas o grau de dificuldade dos movimentos em comparação às adversárias gerou 89,14, insuficiente para colocá-la no pódio.
O regulamento olímpico do skate park prevê duas etapas. Primeiro, a de classificação às oito mais bem colocadas nas baterias. Durante a primeira etapa, competidoras têm direito a três voltas de 45 segundos cada. São avaliadas por cinco juízes com notas de 0 a 100, com base em critérios como estilo, velocidade, criatividade, grau de dificuldade e aproveitamento do espaço disponível. O melhor dos três índices será considerado para o avanço ou não à disputa por medalha. Formato semelhante é adotado na final, com as três tentativas de menos de um minuto.
Carreira
Paulistana de 23 anos, Dora Varella iniciou no skate durante a infância. Dois anos depois dos primeiros contatos, aos 12, disputava o Circuito Futuro da Nação, em São Paulo. Acumulou milhas e títulos internacionais na categoria amadora. Em 2019, aos 17, profissionalizou-se e tornou-se skatista da Confederação Brasileira (CBSK). Como “gente grande”, orgulha-se do bicampeonato brasileiro do Skate Total Urbe (STU).
A campanha brasileira no skate em Paris-2024 ainda não terminou. Prata na versão masculina da categoria no Japão, o catarinense Pedro Barros inicia a defesa do pódio nesta quarta-feira (7/8), com a companhia dos paranaenses Luigi Cini e Augusto Akio. As baterias classificatórias começam às 7h30 (de Brasília). As finais estão agendadas para cinco horas mais tarde.
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