Saint-Denis — Carente de um protagonista desde o último desfile de Usain Bolt em Jogos Olímpicos, na pista do Estádio Nilton Santos, na edição do Rio de Janeiro, em 2016, a prova dos 100m rasos parece ter um novo xodó. Aos 27 anos, o americano Noah Lyles reforçou ser o homem mais veloz do planeta após a conquista da medalha de ouro neste domingo (4/8), no Stade de France.
Noah Lyles percorreu os 100m da pista do Stade de France em 9s79 e abaixou a melhor marca pessoal em 2024 — antes, tinha 9s81. Por cinco milésimos, ele deixou para trás o jamaicano Kishane Thompson (9.79s). O compatriota Fred Kerley (9s81) levou a prata. Apesar da confirmação do favoritismo, a comemoração e o anúncio do título só veio após o tira-teima com a tecnologia da fotografia. Até a informação ser mostrada no telão, oito dos nove competidores criaram expectativas.
A vitória de Lyles afastou as zebras. Na primeira edição sem Usain Bolt na prova mais rápida da Olimpíada, o italiano Lamont Marcel Jacobs surpreendeu com o bronze. Gostaria de vencer? Claro. Esperava? Jacobs afirmou que não. Foi a primeira vez a Itália no lugar mais alto do pódio nos 100m. Embora estivesse no páreo em Paris-2024, terminou na quinta colocação, com 9s85.
A última e mais aguardada prova da noite foi precedida por um espetáculo nas arquibancadas. Os mais de 60 mil torcedores que acompanharam o terceiro dia de atletismo no Stade de France receberam pulseiras com leds em diferentes cores, que deram um show visual em roxo e nas cores da bandeira da França, quando os refletores da arena mais imponente do país foram apagadas.
Esta é a segunda participação de Lyles em Jogos Olímpicos. Natural da cidade de Gainesville, na Flórida, vem uma linhagem de amantes do esporte. Iniciou a trajetória aos 12 anos, inspirado em Usain Bolt. Com 1,80m de altura, Lyles é o homem mais veloz do mundo na atualidade e principal candidato a quebrar recordes do ídolo. O jamaicano estabeleceu a melhor marca mundial de 9s58 em 16 de agosto de 2009, em Berlim. Três anos depois, desafiou concorrentes com o recorde olímpico de 9s63, em Londres-2012.
Lyles trilha caminho para também se consolidar como um dos grandes nomes do atletismo. Na edição de Tóquio-2020, conquistou o bronze dos 200m. Três anos depois, reina nos 100m. As conquistas reforçam o status de fenômeno adquirido nos últimos anos. Emplacou quatro conquistas da Diamond League e seis do Mundial de Atletismo. Os mais importantes, em 2023, quando monopolizou os ouros dos 100m, 200m e revezamento 4x100m. Até então, o único que havia obtido a façanha era Usain Bolt, em 2015. Nesta edição da Olimpíada, defenderá o pódio dos 200m. Buscará a vaga na final na sexta bateria, nesta segunda-feira (5/8), às 15h30 (de Brasília).
O novo campeão olímpico dos 100m rasos também é conhecido por ser "sincerão". Em agosto do ano passado, Lyles cutucou jogadores da NBA, a badalada liga de basquete norte-americana, ao questionar por que se autointitulam campeões do mundo após a conquista de um título nacional.
“Assisto às finais da NBA e eles têm o ‘campeão mundial’ no boné. Campeão mundial de quê? Dos Estados Unidos? Não me interpretem mal, amo os EUA, mas ali não é o mundo. Nós (do atletismo) somos o mundo. Temos quase todos os países aqui lutando, prosperando, colocando bandeira para mostrar quem estão representando. Não há bandeiras na NBA”, polemizou. Astros, como Draymond Green e Kevin Durant rebateram o compatriota.
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