Paris — O duelo entre Marcus Vinicius D’Almeida, número um do mundo, e Kim Woojin, vice-líder do ranking, poderia ser facilmente uma final. No entanto, quis o destino que os principais nomes do arco recurvo na atualidade protagonizassem uma decisão antecipada na Esplanade des Invalides, neste domingo (4/8). O brasileiro, porém, ficou pelo caminho e não se credencinou ao round entre os oito melhores dos Jogos Olímpicos após o revés por 7 x 1 (parciais de 29/29, 30/27, 30/29 e 30/28).
No tiro com arco, os confrontos são disputados em cinco sets com três tiros por atleta em cada. O vencedor de cada parcial leva dois pontos. O empate vale um. A vitória e classificação na modalidade é determinada pelo arqueiro que alcançar primeiro três triunfos em sets ou seis pontos. Igualdade por 5 x 5 leva a disputa ao desempate com mais uma flecha para cada.
Foi um duelo extremamente calculado. Coreano e brasileiro fecharam o primeiro set com os mesmos desempenhos: dois 10 e um 9, deixando o placar geral empatado por 1 x 1. Na segunda parcial, Marcus D’Almeida não conseguiu manter o equilíbrio. Enquanto o asiático emplaca score perfeito, com três 10, o arqueiro verde-amarelo teve pontuações 10, 8 e 9, levando-o à derrota parcial por 3 x 1. Na sequência, Woojin seguiu calibrado e só atirou no alvo. O nove de Marcus na penúltima parcial dificultou a classificação. No último, o coreano fez novo triplo e confirmou o avanço com 11 flechas no alvo de 12 lançadas.
Esta foi a terceira participação de Marcus D’Almeida em Jogos Olímpicos. Ele estreou na edição do Rio de Janeiro, em 2016, aos 18 anos, e não passou da primeira fase. Na edição seguinte, em Tóquio, alcançou as oitavas de final.
“Ninguém queria (ser eliminado). Fico muito feliz de ter tido toda a torcida do Brasil, mas é isso. Tirei contra a Simone Biles daqui, um cara fantástico, com dois ouros só em Paris e eu sabia que não poderia dar espaço”, analisou Marcus.
O brasileiro ressaltou o fato de Woojin ser uma pedra no sapato e do protagonismo dos países asiáticos no tiro com arco. “Até hoje, ele ganhou todas. Ele é o único coreano que ganhou de mim até hoje. Eu e o Hugo (Calderano, do tênis de mesa) sabemos muito passar sobre isso, porque é realmente cultural o esporte. Eles vêm ganhando. No feminino, foram três ouros, tanto na equipe quanto no misto e no individual. É fruto de investimento, cultura. Querendo ou não, eles são mais avançados do que a gente nesse sentido.”
“Se eu estivesse em outra chave, talvez seria diferente. Mas é ensinamento para as próximas Olimpíadas: tentar classificar melhor”, emendou. A nota 8 foi vital para a definição do confronto. “São vários motivos, um pouco de vento, mirei um pouco fora. Ganhei tantos combates fazendo 8 e hoje aqui não deu. Tem dias e dias, e hoje não era o meu”
Marcus D’Almeida havia desembarcado em Paris como um dos candidatos ao pódio e uma das esperanças de ouro para o Brasil. Em 2023, o carioca de 1,85m reivindicou o ouro na final da Copa do Mundo. Dois anos antes, no Mundial, obteve a prata. Durante o ciclo, também se consolidou como campeão Pan-Americano de duplas mistas, ao lado da conterrânea Ana Luiza Caetano e medalhista de bronze por equipes masculinas ao lado de Matheus Gomes e Matheus Ely.
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