Paris — A parte mais importante do processo de conquista de medalhas em Jogos Olímpicos está na atuação dos atletas nas áreas de competição. Porém, a excelência em performance só é possível quando há uma série de cuidados no entorno. Um deles é com o sono. E Paris 2024 tem uma atenção especial com um dos itens primordiais para possibilitar descanso e recuperação: o colchão dos quartas da Vila Olímpica. Feito de ar e modulável, o acessório tem fãs e haters na Vila dos Atletas.
A Airweave, uma empresa de origem japonesa, é a responsável pela produção das peças. O produto é composto por três blocos ajustáveis de tamanho igual, com diferentes níveis de firmeza. Um é macio, o outro intermediário e, o último, duro. A ideia, segundo os representantes da marca ouvidos pela reportagem do Correio, é oferecer uma experiência personalizada de sono, graças à possibilidade de ajustes para adaptação a diferentes formas corporais.
A empresa tem um grande espaço de atendimento na Vila dos Atletas. Por lá, aposta no uso da tecnologia para realizar a adaptação. A reportagem do Correio experimentou o processo. Na demonstração, os responsáveis inserem dados como altura, peso e idade em um sistema informatizado. Um scanner produz duas fotos completas do corpo. Em uma, é preciso ficar de frente. Na outra, de lado. Em cerca de cinco minutos, o dispositivo retorna indicando qual a melhor opção.
No caso do repórter fotográfico Abelardo Mendes Jr., "cobaia" do Correio na experiência, a configuração indicada após as análises de dados foi o módulo macio para a cabeça e o mais resistente para as pernas. Para ele, a diferença foi nítida. Dos mais de 16 mil atletas hospedados na Vila Olímpica, cerca de três mil personalizaram o colchão de acordo com as necessidades individuais. Quem não passou no stand da Airweave ficou com o modelo padrão do sistema do colchão.
Os responsáveis da empresa citaram dois casos envolvendo atletas. Um boxeador americano reclamou estar "afundando" na cama e teve o colchão reconfigurado para uma versão mais dura. Uma ginasta experimentou uma experiência contrária e foi atendida com módulos mais macios para maximizar o conforto e a recuperação física durante o sono. Isaquias Queiroz foi um dos poucos do Time Brasil a comentar. "Dormir na cama da Vila é doído demais. Acho que foi por isso que eu tive dor de cabeça", apontou.
Um dia após a abertura, equipe feminina de handebol da Suécia também optou por trocar os colchões da Vila Olímpica e comprou equipamentos próprios em Paris. "O problema não é a cama de papelão, estou perfeitamente bem com isso. O colchão que é duro, ele é novo e demora um pouco até ficar confortável. Sentimos que não aguentaríamos esperar por isso, queríamos dormir bem desde o começo. Não suportamos dormir mal", justificou a capitão Jamina Roberts.
Na segunda Olimpíada consecutiva na qual a cama é uma protagonista polêmica - o modelo de papelão também provocou frisson em Tóquio 2020 —, o colchão é um personagem central para facilitar ao máximo o descanso dos atletas. Há quem goste do modelo e quem reclame da ideia, mas um detalhe é indiscutível: em tempos de avanço considerável da tecnologia, a experiência personalizada e inteligente é um dos trunfos na tentativa de maximizar o conforto e os ganhos esportivos.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br