Tarja das olimpiadas
Paris 2024

Gianetti Sena comemora prata do filho Caio Bonfim em Paris

Do mal-estar causado pela ansiedade ao ápice de alegria, mãe e técnica do primeiro medalhista olímpico do Brasil na marcha atleta ressume ao Correio vibração por conquista do filho nos Jogos da França

Caio Bonfim, 33, comemorou o primeiro pódio olímpico ao lado da mãe e treinadora, Gianette  -  (crédito: Reprodução/Wagner Carmo)
Caio Bonfim, 33, comemorou o primeiro pódio olímpico ao lado da mãe e treinadora, Gianette - (crédito: Reprodução/Wagner Carmo)

Paris - O brasiliense Caio Bonfim entrou para a história da marcha atlética brasileira, nesta quinta-feira (1°/8), ao conquistar uma inédita medalha de prata para o país na competição masculina de 20 km dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. O feito, construído aos pés da Torre Eiffel, é digno de orgulhar e emocionar os compatriotas, mas ninguém tem tantos motivos para vibrar quanto Gianetti Sena, mãe e treinadora do marchador. Ao Correio, ela descreveu os momentos de tensão até o ápice da alegria durante a conquista do filho.

Gianetti acompanhou de perto as exatas 1h19m09s das passadas ritmadas de Caio no circuito do Trocadéro, mas quase a ansiedade causada pela prova interferiu no momento. A mãe do marchador conta ter passado mal antes de o filho escrever o primeiro capítulo de prata da história na modalidade pela qual ela tanto batalhou como atleta e treinadora. Com pressão baixa, precisou, inclusive, ser atendida por médicos da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). Tudo fruto da ansiedade. "Agora, eu estou medicada", brincou, na entrevista após a conquista.

O sentimento depois de Caio passar pela linha de chegada virou euforia. "Muita alegria e felicidade. Conseguimos fazer o que tínhamos treinado. Desde Tóquio-2020, sabíamos que era possível", resume. O brasiliense batalhou pela conquista por quatro Olimpíadas. Antes da França do Japão, competiu em Londres-2012 e Rio-2016. Na disputa rumo à prata em Paris-2024, Bonfim fez uma prova inteligente, na qual dosou o ritmo e controlou a interferência das punições recebidas pela arbitragem. "Muitas vezes, a interpretação é injusta. Inclusive, hoje", esbravejou contra os juízes. "A prata do Caio e o ouro do equatoriano (Brian Daniel Pintado) é para falar: respeitem a América do Sul."

 
 
 
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Com a missão cumprida, Gianetti fez questão de lembrar e agradecer a quem fez parte da caminhada prateada de Caio. Sem exceções, a mãe e treinadora do marchador ressaltou o apoio de especialistas das comissões médicas e técnicas do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e citou o papel vital de cada um durante o "trabalho de excelência". "Dentro do que eles estabeleceram, o Caio estava perfeito. Falaram isso durante a prova. A gente conseguiu fazer com que as coisas ruins do meio do caminho não atrapalhassem para chegar e conseguir essa medalha inédita para o Brasil", vibrou.

Atleta campeã brasileira oito vezes, Gianetti testemunhou e participou ativamente de toda a batalha para construir, durante as últimas décadas, o potencial olímpico da marcha atlética nacional consolidado com a prata em Paris-2024. Até por isso, ela garante: apesar da luta, a consolidação do legado está apenas no começo. "Ainda não temos tanta tradição no esporte. A marcha é pouco praticada para o nível que ela está e queremos colocar o Brasil nesse cenário. Queremos ser respeitados", detalhou.

Apesar de moldar novos planos para a modalidade, Gianetti quer aproveitar o momento para curtir o feito do filho em Paris-2024 através de duas vertentes: a de técnica orgulhosa pelo profissional moldado com muito cuidado e a de mãe coruja realizada por vê-lo chegar tão longe. "Além de treinadora, sou mãe. E o que uma mãe quer? Que o filho alcance sucesso, vida longa e êxito nas escolhas. Vejo meus amigos falando que não querem que os filhos sigam suas profissões. Eu me sinto honrada e privilegiada. Se ele escolheu marchar, é porque deixei um bom legado", celebra.

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postado em 01/08/2024 09:48 / atualizado em 01/08/2024 09:54
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