Paris-2024

Como a Marinha virou uma das fábricas de medalhas olímpicas do Brasil

Em entrevista ao Correio, o contra-Almirante Cláudio Leite fala sobre o papel do Programa Olímpico da Marinha no sucesso de judocas como William Lima e Larissa Pimenta, prata e bronze em Paris-2024

Arena do Campo de Marte. Domingo. Terceiro dia dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. O judoca William Lima sobe ao pódio para receber a medalha de prata na categoria meio-leve (até 66kg). Na sequência, o protocolo francês pendura o bronze no pescoço de Larissa Pimenta (até 52kg). Uma curiosidade une o paulista de 24 anos nascido em Mogi das Cruzes e a conterrânea de São Vicente, 23: ambos são militares. Representam a Marinha do Brasil.

Dos 274 atletas do Time Brasil, 59 fazem parte do Programa Olímpico da Marinha (PROLIM). Lançado em 2008, o projeto investe em atletas e apoia diversos aspectos da vida dos esportistas, garantindo estrutura completa à equipe em uma adaptação do Programa de Atletas de Alto Rendimento (PAAR), iniciado cinco anos antes.

Em entrevista ao Correio Braziliense, o contra-Almirante Cláudio Lopes de Araújo Leite, presidente da Comissão de Desportos da Marinha (CDM) e Comandante do CEFAN, detalha o desenvolvimento da ação. "O programa foi idealizado para os Jogos Mundiais Militares de 2011, sediado no Brasil e isso se externalizou para os Jogos Olímpicos", explica.

O contra-Almirante ressalta a importância do apoio oferecido para a busca por resultados até a conclusão dos Jogos Olímpicos de Paris-2024, em 11 de agosto. "Estamos muito otimistas em relação aos nossos atletas. A expectativa é repetir o número de medalhas que trouxemos de Tóquio, que foram seis. Mas quem sabe possamos superar esse número", sustentou. "A Marinha tem dedicado esforços significativos para apoiar e preparar nossos atletas de forma integral. Sabemos da dificuldade, então aplaudimos a todos [os atletas] independente de medalha”, completou.

O PROLIM conta com a estrutura do Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (CEFAN), no bairro da Penha, às margens da Avenida Brasil. A área destinada à prática de esportes está disponível ao preparo de atletas do efetivo da Marinha. "O CEFAN oferece desde hospedagem, à aqueles que querem economizar o tempo de deslocamento, até o apoio de saúde", detalhou o almirante Cláudio Leite. Em Paris, a Marinha tem atletas no atletismo, boxe, canoagem, ginástica rítmica, judô, levantamento de peso, natação, remo, saltos ornamentais, taekwondo, vela e vôlei de Praia.

Guilherme Costa (natação), Alisson dos Santos, o Piu (atletismo), Bia Ferreira (boxe) e Martine Grael e Kahena Kunze (vela) também são servidores da Marinha. A lista sofreu desfalques pouco antes do início dos Jogos. Lesionado, Isaac Souza (saltos ornamentais) deixou a França antes mesmo da abertura do megaevento esportivo.

O contra-Almirante Cláudio Leite explicou o processo de alistamento. "O vínculo entre o atleta e a Marinha tem um prazo. Após o período, ele (atleta) é dispensado do serviço". Falou ainda que quando o tempo de serviço está se aproximando do fim já é organizado um processo para acompanhar e eleger candidatos para substituir o atleta.

Desde 2008, foram incorporados à Marinha 200 atletas em 23 modalidades: Atletismo, Basquete, Beach Soccer, Boxe, Futebol Feminino, Golfe, Judô, Levantamento de Peso Olímpico, Lutas Associadas, Maratona Aquática, Nado Sincronizado, Natação, Orientação, Pentatlo Militar, Pentatlo Moderno, Pentatlo Naval, Remo, Saltos Ornamentais, Taekwondo, Tiro Esportivo, Triatlo, Vela e Vôlei de Praia.

Divulgação/Marinha do Brasil -

 

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