Paris e Brasília — A ausência de público nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 foram pagas com juros e correção nesta sexta-feira (26/7). Prova disso é a abertura extravagante e sem precedentes nas águas do rio Sena. Mil e oitenta e três dias após o encerramento atípico na edição do Japão, a capital francesa brindou o mundo e os mais de 320 mil sortudos para testemunhar presencialmente com uma festa de gala.
Foram 200 dias de ensaios, 20 mil pessoas envolvidas, 2 mil artistas, 1,8 mil trajes produzidos, 170 câmeras de transmissão e 1,7 mil alto-falantes para oferecer a melhor experiência.
A cerimônia
O desfile das delegações foi dividido em atos e passou por 12 pontos tradicionais da cidade, cada um representando um pilar — Encanto, Sincronia, Liberdade, Igualdade, Fraternidade, Irmandade, Espírito Esportivo, Festividade, Escuridão, Solidariedade, Solenidade e Eternidade, na Torre Eiffel.
O céu de Paris não escureceu enquanto as estrelas do espetáculo não entraram em ação. Cartão postal, o rio Sena dividiu os holofotes com os mais de 7 mil atletas de 205 delegações, que desfilaram em 85 embarcações pelos 6 km de leste a oeste do manancial. O primeiro país a entrar foi a Grécia.
Quem também resolveu participar da celebração foi a chuva. Em pleno verão europeu, abriu a manhã parisiense e ameaçou atrapalhar a festa ao ar livre. No início da cerimônia, caiu levemente, mas não tirou a animação das delegações e do público. No entanto, na região da Torre Eiffel, a precipitação foi maior, mas não a ponto de estragar a atmosfera.
A apresentação reforçou o discurso de diversidade com exibição de pessoas de diferentes gêneros e etnias. Em seguida, foi feito um pedido de paz a partir da canção Imagine, do inglês John Lennon (1940-1980).
Parisienses na festa
Antes da abertura, especulou-se a insatisfação dos parisienses com a realização dos Jogos Olímpicos. Porém, não foi isso que o Correio observou no Jardin Tino Rossi, um dos primeiros pontos do desfile com presença de público. Franceses pintaram o rosto, vestiram as camisetas das seleções e exibiram o orgulho nacional. Bandeiras de outros países também coloriram o cenário. Quem não tirou a sorte grande com tíquetes para acompanhar de pertinho improvisou. As sacadas dos típicos prédios parisienses de cinco e seis andares viraram arquibancada, assim como as áreas nas quais contavam com um dos 71 telões espalhados.
Brasil na festa fora das embarcações
O Brasil também esteve presente na abertura fora das águas, com o apoio da torcida. No Arco do Triunfo, monumento inaugurado em 1836 para comemorar as conquistas militares de Napoleão Bonaparte, dois gaúchos de São Leopoldo exibiram com o orgulho as cores do país. "Estamos muito empolgados, porque somos do esporte e, Paris, Jogos Olímpicos…", comenta Diogo, quase sem palavras. Adriana foi curta, mas direta: “Estamos entusiasmados com esse grande momento”.
No Jardin Tino Rossi, Mariana Sakurada realizou o sonho ao lado da mãe, Rosa. “A abertura era o que gostaríamos de ver, mesmo. Eu e meu marido estávamos nos inscrevendo na plataforma e, no primeiro minuto, conseguimos comprar. Também assistiremos vôlei de praia, tênis de mesa, hockey na grama e tênis”, compartilha a arquiteta.
Em tempos de Olimpíada, uma rivalidade foi revidada. No primeiro trecho do desfile, a delegação de Portugal foi a única vaiada. Em 2016, os lusitanos frustraram o sonho tricampeonato da seleção francesa na Eurocopa, no Stade de France.
Tecnologia
A cerimônia de abertura não foi tão tecnológica quanto a de Tóquio-2020, mas se apegou ao apelo visual. Exemplo disso foi um coração desenhado no céu por aviões. Fumaças e jatos d’água nas cores da França levaram os presentes ao delírio. Um ponto negativo da passagem das delegações foi eles terem saudado somente os torcedores de uma das margens do Rio Sena.
Esquema de segurança
O esquema de segurança foi intensificado em todos os pontos da cidade. Somente pessoas credenciadas e com os bilhetes podiam acessar as proximidades do Rio Sena. Além dos policiais franceses, agentes de segurança de outras nacionalidades reforçaram o esquema com 45 mil profissionais. A preocupação foi redobrada após o vandalismo em estações de trem nos arredores de Paris e ameaça de bomba no aeroporto Basileia-Mulhouse, na Suíça, a 460km da capital francesa.
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