Parece ser só futebol, mas na verdade o esporte desdobra-se em outros significados e nunca esteve alheio à sociedade. E a participação da seleção francesa na Copa América 2024 ratifica muito bem isso. Em meio à crise política que se alastrava no país com o avanço da extrema-direita, jogadores da França usaram o espaço das coletivas para se posicionar sobre as eleições. A postura dos atletas, no entanto, gerou uma polêmica entre jornalistas esportivos brasileiros.
Thiago Asmar, conhecido como Pilhado, celebrou a eliminação da França nas redes sociais com um discurso politizado. O jornalista torceu efusivamente para os espanhóis justamente devido ao posicionamento políticos dos jogadores franceses, que, segundo ele, são ”prejudiciais ao povo”. O comunicador publicou um vídeo com ironias aos atletas e atacou principalmente Kylian Mbappé.
“Esquerdistas da França eliminados (risos).
Que maravilha! Que maravilha ver essa seleção francesa cheio de jogador hipócrita, que vive cheio de fortuna e resolveram se politizar para esquerda na França. Vai, Mbappé, vai fazer campanha na França. Eles foram lá, foram se politizar para fazer uma campanha para esquerda, que é suja. Foram fazer campanha vivendo o luxo. Estou feliz, estou parecendo espanhol. Vai, Mbappé, vai fazer campanha para esquerda. Nunca torci tanto contra uma seleção. O Mbappé vive cheio de luxo, ele que tem o salário que tem. Vai lá fazer campanha política, pois estão fora da Copa. Eu estarei sempre contra a França, que quer fazer propaganda ruim para o povo”.
RIZEK MANDA INDIRETA A PILHADO
As opiniões de Pilhado não caíram bem para Rizek, que falou sobre o tema no Seleção SporTV depois do ocorrido. Mesmo sem citar nomes, o jornalista da TV Globo fez referências às pessoas com discursos ‘ignorantes’ em torno de um tema muito importante para sociedade. O comunicador ainda explicou o verdadeiro conflito por trás do posicionamento contra o extremismo que assombrou franceses na última eleição.
“Muita gente se informa sobre cultura geral motivado pelo que acontece no futebol. Tenho convicção que muita gente não entendeu o que aconteceu na França e qual era a luta dos jogadores franceses, então vi muita gente ignorante dizendo “foram lacrar e perderam para Espanha”. Mas não tem nada de lacração nisso, eles estavam lutando pela sobrevivência. Eles estavam combatendo um grupo classificado pelo próprio comitê eleitoral da França como extremistas e que diziam abertamente que não reconheciam aqueles atletas. São filhos de imigrantes, eles queriam a extinção deles como cidadãos franceses. É luta pela sobrevivência. Não tem nada a ver com direita e esquerda, não é essa brinca. Zero problema ser de esquerda ou direita, isso é normal, os dois grupos querem o bem social, mas têm caminhos diferentes. O problema é ser extremista”, e prosseguiu:
“Como era esse campo político da França, que falava abertamente que era contra esse grupo de jogadores. E essas pessoas ignorantes, que não entenderam o que estava em jogo, acabaram comemorando que eles foram eliminados pelo Yamal. Ou seja, que representa exatamente a luta dos jogadores franceses, também filho de imigrantes. A Copa não tem nada a ver com a luta. E ai vem os jogadores da Argentina e cantam isso? Um grito abjeto. Acho que a reação foi pouca até, tem que ter um grito mundial maior”.
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