Ter ligação direta com qualquer esporte costuma estar vinculado a sonhos. E, para a maioria dos atletas, o ápice da carreira é participar de uma edição de Jogos Olímpicos. Envolvido com o vôlei em 42 dos 54 anos de vida, o brasiliense Ernesto Vogado não conquistou a meta como jogador. As lesões foram as principais vilãs da trajetória. Mas não o fizeram desistir. Personagem do sexto episódio da série Équipe Brasília, o treinador de George e André, dupla número 2 do mundo e uma das mais cotadas a conquistar medalhas em Paris-2024, é exemplo de entender os caminhos ofertados pela vida. Mesmo quando a trajetória foge do curso natural.
Ernesto usufruiu do crescimento do voleibol em Brasília nos anos 1970 e 1980 para se aprofundar nas duas versões da modalidade. Viveu os primeiros saques, manchetes e ataques nas quadras. Mas sentir os pés na areia lhe causava algo suficiente para fazê-lo mudar para a praia. Por lá, adquiriu posição de referência. “Fui profissional por muito tempo. Cheguei até a integrar, em algum momento, a dupla número um do país”, lembra. No entanto, a trajetória como atleta profissional terminou abreviada. As lesões no joelho interromperam progressão suficiente para levá-lo, por exemplo, a uma edição de Jogos Olímpicos.
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As limitações físicas forçaram uma troca de rota. A opção de jogar em menor intensidade contrastava com a possibilidade de ser treinador. “Tive uma torção no joelho e tinha que decidir se continuava jogando ou se iria para essa carreira de técnico que sempre amou vôlei e tal”, destaca. Então presidente da Federação de Brasília de Vôlei, Carlos Luiz Barbosa, encorajou Ernesto a apostar no caminho ainda inexplorado. “Ele citava o fato de eu ser capitão e de entender do jogo. Dizia que eu tinha postura diferente no olhar e nas decisões”, relembra. O conselho foi certeiro e abriu caminho para o brasiliense virar um nome influente na modalidade.
Dono de seis prêmios de melhor treinador do país, habituou-se a lapidar talentos. Com dois deles, veio a oportunidade de viver, aos 54 anos, a primeira experiência olímpica da vida. Vogado guiará a dupla André e George em busca da retomada de um pódio ausente na última edição dos Jogos, em Tóquio. “Tudo é sempre uma etapa. Eles representam o Brasil, um celeiro do vôlei de praia. São campeões Pan-Americanos, deram o passo com a classificação olímpica e a sequência é tentar medalhar”, ressalta.
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Elo com a capital
Embora seja radicado em João Pessoa (PB) desde 1993, cidade onde toca o Centro de Treinamento Cangaço, um projeto referência no vôlei de praia desde 2012, a trajetória olímpica de Ernesto tem ligação estreita com Brasília, especificamente com o Parque da Cidade. Em passagem pela capital para disputar uma etapa do Circuito Nacional em 2022, destacou, ao Correio, a meta de levar André e George aos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Passados dois anos, viu os pupilos concretizarem objetivo na capital: em maio, a dupla carimbou o passaporte para a França sem nem entrar em quadra, com a desistência dos compatriotas Pedro Solberg e Guto durante a competição Elite16.
“É a realização de um sonho não só meu, mas de toda Brasília, pela festa que vi com a notícia da classificação do André e do George. Não temos praia, e ter alguém envolvido nesse cenário é importante. Temos tradição no voleibol de quadra e de praia. É relevante o brasiliense estar inserido no alto rendimento”, avalia, projetando a caminhada dos pupilos em Paris-2024. “É importante estar bem ranqueado para pegar uma chave menos difícil na Olimpíada. Não existe caminho fácil, mas pode haver um menos complicado, principalmente no início do torneio”, analisa.
André e George iniciarão a busca por medalha no Grupo D. A estreia será contra a dobradinha marroquina de Abicha/ Elgraoui, em 27 de julho. Três dias depois, medem forças com o dueto cubano Diaz/Alayo, antes de encerrarem a classificatória contra a nona melhor dupla do mundo, formada pelos estadunidenses Partain/Benesh (1º/8). Avançam às oitavas de final líder e vice de cada chave, além dos dois melhores terceiros colocados. Os demais terceiros disputarão repescagem.
Baseado na experiência de uma vida no vôlei, Ernesto projeta uma jornada vitoriosa para o Brasil depois de uma Olimpíada atípica sem medalhas da modalidade em Tóquio. “A pandemia atrapalhou a programação. O Brasil, que é muito do contato, não teve o apoio do público. Agora, para Paris, é olhar para o ranking. O top-10 e top-16 costumam ditar. Os favoritos não devem sair muito desse panorama. Tem suecos líderes, os noruegueses atuais campeões olímpicos e os tchecos vencedores do Mundial. Também coloco sempre os brasileiros e os americanos. Acredito que voltaremos fortes nessa aspiração pela medalha”, discursa.
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