A Fórmula 1 desembarca em solo inglês com as emoções à flor da pele para o Grande Prêmio da Grã-Bretanha, 12º etapa da temporada. Última perna da rodada tripla, com provas em três fins de semana consecutivos, a disputa no circuito de Silverstone, um dos percursos mais tradicionais da categoria, presente no calendário desde 1950, promete esquentar os ânimos do grid após confusões no GP da Áustria. A largada será às 11h de domingo (7/7), enquanto no sábado acontece o terceiro treino livre, às 7h30, e a classificação, às 11h. A transmissão é da Band, BandSports e F1 TV.
Em casa, Lando Norris vai ter motivação extra para correr roda a roda com Max Verstappen. Segundo colocado no mundial de pilotos, o britânico ficou na bronca com o rival após uma tentativa de ultrapassagem que o deixaria próximo da vitória ter terminado com um toque do holandês e pneu furado para os dois. O piloto da McLaren teve dano terminal no carro e precisou voltar para a garagem, enquanto o da Red Bull conseguiu cruzar em quinto e aumentar a vantagem no campeonato para 86 pontos. Apesar do atrito em pista e o tricampeão ter sido amplamente considerado culpado pelo incidente, ambos afirmaram em entrevista que o caso foi resolvido e a amizade permanece.
A disputa entre a dupla fez bem para os organizadores do GP. Antes do fim de semana na Áustria, a corrida na Inglaterra estava com dificuldade para vender ingressos, mas a confusão fez a procura crescer. Maior vencedor do circuito, Lewis Hamilton, inclusive, criticou o valor das entradas, enquanto o evento acusou Verstappen como culpado, pela dominância recente na F1 ter afastado o interesse do público. Além disso, a previsão de chuva (71% de possibilidade) pode proporcionar emoção redobrada.
Independentemente de qualquer justificativa, quem vai com expectativas para Silverstone é a Mercedes. Após um início de temporada fora do comum para a equipe de Berkeley, o time parece ter reencontrado os rumos e chega em crescente, com pódio nas últimas três corridas. Hamilton chegou em terceiro na Espanha, enquanto George Russell teve o mesmo resultado no Canadá e venceu na Áustria, o segundo triunfo da carreira.
Os Agulhas Negras podem se inspirar na compatriota, McLaren, para também crescer após a prova britânica. A equipe de Woking teve uma virada de chave após o GP em Silverstone do ano passado, coroado com o segundo lugar de Norris e Oscar Piastri em quarto. O primeiro pódio de 2023 impulsionou a montadora, que ainda teve outros oito na edição, terminou em 4º no mundial de construtores e se estabeleceu como segunda força da atual temporada, correndo próximo da Red Bull.
Por falar em britânicos, o grid de 2025 terá mais um piloto com raízes em terras da Grã-Bretanha. Oliver Bearman, de 19 anos, foi confirmado na Haas para a próxima temporada e diminuiu as vagas em aberto na categoria. O jovem se destacou no GP da Arábia Saudita, quando substituiu Carlos Sainz na Ferrari após o espanhol passar por uma apendicectomia. Com o anúncio, restam apenas seis assentos vagos em times distintos, Mercedes, Alpine, Williams, Racing Bulls, Sauber e o segundo posto da própria Haas.
A entrada de Bearman significa que um dos pilotos presentes na composição atual da Fórmula 1 não volta para o ano que vem. Sainz, Esteban Ocon, Daniel Ricciardo, Kevin Magnussen, Valtteri Bottas, Guanyu Zhou e Logan Sargeant ainda estão sem vínculo, enquanto o brasileiro Felipe Drugovich observa de longe e é cotado para uma vaga. O nome do tupiniquim é ventilado na Williams.
Depois da corrida na Inglaterra e a conclusão da rodada tripla, a Fórmula 1 para por duas semanas e volta para o Grande Prêmio da Hungria, no Hungaroring, em 21 de julho, às 10h. Verstappen lidera o campeonato de pilotos, com 254 pontos, seguido por Norris (168) e Leclerc (148). A Red Bull está à frente entre os construtores, com 373.
A pista
A pista de 5.891 quilômetros, na qual os pilotos percorrem um total de 52 voltas, é uma das maiores da Fórmula 1 e queridinha de muitos pilotos, já que está presente em diversas categorias de base do automobilismo. Ainda assim, o percurso rápido, com muitas curvas de alta velocidade e retas, exige atenção, especialmente por ter um asfalto que “machuca” os pneus. Até por isso, a Pirelli, fornecedora oficial da F1, selecionou os compostos mais rígidos, duro C1, médio C2 e macio C3.
Silverstone é a etapa onde os freios menos são acionados, com média de apenas 8% por volta, então os motores mais eficientes levam vantagem. No quesito estratégia, a variedade é grande, alternando entre opções de uma ou duas paradas.
Um dos destaques do traçado é a sequência Copse-Maggotts-Becketts-Chapel, a combinação de curvas mais rápidas do calendário, com carros acima de 215 km/h. Das 18 curvas totais do circuito, apenas uma é feita abaixo dos 100 km/h. Com os pilotos pisando fundo a maioria do tempo, existem duas zonas de ativação de DRS (abertura da asa móvel traseira para diminuir o arrasto e dar maior velocidade aos carros). O melhor giro foi de Max Verstappen, com 1m27s097 em 2020, pela Red Bull.
Curiosidades sobre o GP da Grã-Bretanha
Apesar de ser uma pista tradicional da Fórmula 1, o circuito tem um passado com uma história com outro tipo de veículos. O local onde atualmente correm os carros mais rápidos do mundo era, até 1948, uma base da Força Aérea Real (RAF), usada na Segunda Guerra Mundial. Com um histórico desses, nada mais justo que ter uma parte nomeada em homenagem à alguém da realeza, e assim foi feito, mas sem ser reis e rainhas: Lewis Hamilton, condecorado como Sir, dá nome à reta dos boxes, chamada em inglês de Hamilton’s straight.
Com oito vitórias, o heptacampeão é o maior vencedor do GP da Grã-Bretanha, geralmente dominado pelos pilotos da casa. O segundo mais vezes no topo do pódio é Jim Clark, com cinco, e Nigel Mansell atrás, com quatro. O único “intruso” é o francês Alain Prost, também com cinco triunfos.
Os brasileiros também se deram bem por lá, com duas vitórias para Emerson Fittipaldi (1972 e 1975), uma para Ayrton Senna (1988) e outra para Rubens Barrichello (2003). Senna, inclusive, tem um fato curioso envolvendo o circuito. Ainda nas categorias de base, antes de popularizar o sobrenome, ele era chamado de Ayrton da Silva e dominava a prova britânica. Foram três conquistas na Fórmula Ford 2000 e seis na F3 inglesa, performance que fez a imprensa local apelidar a pista de “SILVAstone”, um trocadilho com Silverstone. Outro momento famoso do tricampeão foi a “carona” no carro de Nigel Mansell após ter uma pane seca na última volta da corrida de 1991.
*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima