Tarja das olimpiadas
Olimpíadas Paris-2024

Brasileiros ficam longe de medalhas na vela; veja cenário

Ouro no Rio-2016 e em Tóquio-2020, Martine e Kahena vão para a final, mas sem chance de pódio, enquanto dupla Gabriel e Marco foi eliminada na 49er e Mateus Isaac ainda busca vaga na próxima fase

Ouro no Rio-2016 e Tóquio-2020, Martine e Kahena são finalistas na 49er FX, mas não conseguem subir ao pódio -  (crédito: Wander Roberto/COB)
Ouro no Rio-2016 e Tóquio-2020, Martine e Kahena são finalistas na 49er FX, mas não conseguem subir ao pódio - (crédito: Wander Roberto/COB)

A vela é um dos esportes que mais rendeu medalhas para o Brasil nas Olimpíadas, com oito ouros e 19 ao todo, mas o começo da modalidade em Paris-2024 não foi dos mais animadores para a delegação verde-amarela. Bicampeãs olímpicas, Martine Grael e Kahena Kunze avançaram à final da classe 49er FX, mas não têm chances de subirem ao pódio, e Gabriel Simões e Marco Grael foram eliminados na 49er, enquanto Mateus Isaac continua na briga por um lugar na próxima fase do IQFoil. A esperança de ir bem nos mares de Marseille, a 800km da capital francesa e onde ocorrem as regatas, ainda assim, permanece nas categorias que ainda irão começar a partir de quinta-feira (1/8).

O principal baque para os velejadores brasileiros foi o desempenho de Martine e Kahena. Medalhistas de ouro no Rio-2016 e Tóquio-2020, a dupla começou o último dia de regatas, nesta quarta-feira (31/7), na 15ª colocação geral e fora da zona de classificação, apenas para os dez primeiros. Nas duas baterias finais, as atletas conseguiram um 9º e um 2º lugar, suficientes para subir até o 8º posto no ranking e avançar para a medal race (regata da medalha). Ainda assim, elas não conseguem subir ao pódio, independente do resultado.

A explicação está no regulamento da categoria. Foram 10 regatas ao longo da competição, com possibilidade de descartar o pior resultado. Quanto melhor a colocação em cada bateria, menos pontos são acumulados e vence quem tiver a menor quantia no total. Por exemplo, o vencedor de uma regata soma um ponto e o décimo colocado ganha 10, mas o ideal é ter o menor somatório possível. A medal race vale pontuação dobrada, mas não é suficiente para Martine e Kahena.

As brasileiras estão com 102 pontos e chegam até no máximo 104 em caso de vitória. As francesas Sarah Steyaert e Charline Picon são as líderes com 67 e, mesmo que fiquem em último, somam apenas 87 pontos. Em terceiro, as suecas Vilma Bobeck e Rebecca Netzler estão com 74 pontos e chegam somente até 96. Ao contrário das bicampeãs, a situação de Marco Grael e Gabriel Simões na 49er já está resolvida. Em 19º ao término de todas as regatas, a dupla não conseguiu um lugar na final.

“Na 49er FX não precisa falar muito. As expectativas eram muito altas com a Martina e a Kahena, mas infelizmente elas não conseguiram o desempenho que elas e todos os demais estavam esperando. O Marco (com Gabriel) estava estreando com seu proeiro e teve um início bem difícil. A gente acreditava que dava para fazer um top 10 e ir para a medal race, mas sabíamos que seria bem difícil. Foi um pouco abaixo do esperado”, analisou Walter Boddener, chefe da equipe de vela do Brasil nos Jogos Olímpicos.

IQFoil

Entre as classes que estão próximas do fim, a única com possibilidade para o Brasil é na IQFoil, de windsurf. O país está representado por Mateus Isaac, atualmente em 15º na classificação. Ainda estão previstas mais cinco regatas para quinta-feira (1/8), com chance do brasileiro melhorar a classificação e entrar no top 10. Se conseguir avançar, a fase seguinte zera a pontuação e todos ficam no páreo por medalha. “O desempenho do Mateus está dentro da expectativa. O importante é ele passar entre os dez primeiros para ir para a série final”, comenta Boddener.

Esperança fica para as próximas

Apesar do desempenho na 49er FX e na 49er ter ficado aquém do esperado, além da incerteza sobre o avanço de Mateus Isaac no windsurf, o Brasil ainda tem chances de medalha no mar de Marseille. Novas classes vão às águas a partir desta quinta, com mais cinco barcos brasileiros em ação.

Os primeiros são Gabriella Kidd, no ILCA 6, e Bruno Fontes, no ILCA 7. “O Bruno vem forte. Vai ter uma mudança no vento também, um vento mais forte, o que ele gosta. A Gabriela Kid se preparou bem também, mas é uma flotilha dura, difícil, muito forte. Ela vai ter que se superar e dar o melhor”, compartilha o chefe da vela verde-amarela.

Depois, na sexta (2/8) será vez de Isabel Swan e Henrique Haddad, apelidado de Gigante, se lançarem na 470, categoria mista. A dupla chega com bagagem, com Henrique indo para a terceira Olimpíada e Isabel medalhista de bronze em Pequim-2008. A expectativa é de chegada na medal race para o Brasil.

No sábado (3/8), Marina Arndt e João Siemsen fazem as primeiras regatas no Nacra 17 e podem surpreender. “Eles treinaram muito, se prepararam, ficaram muito tempo aqui em Marseille. É uma flotilha também muito difícil, competitiva. Dependendo das condições, o João performa muito bem, ficou em décimo no mundial há um mês e meio atrás. Ele vem em uma ascendente”, conta Boddener.

Por último, no domingo (4/8), é vez de Bruno Lobo no Kite, com expectativa de andar entre os primeiros e brigar por uma medalha.

*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 31/07/2024 19:15
x