Tarja das olimpiadas
Paris-2024

Avec élégance: Jogos Olímpicos celebram primeira cerimônia fora de estádio

Original como Paris gosta de ser, mil e oitenta e três dias após o encerramento esvaziado em Tóquio,os Jogos Olímpicos foram abertos sob olhares de 320 mil na capital francesa

 Overview of the Trocadero venue, with the Eiffel Tower looming in the background while the Olympic flag is being raised, during the opening ceremony of the Paris 2024 Olympic Games on July 26, 2024 (Photo by François-Xavier MARIT / AFP)
       -  (crédito:  AFP)
Overview of the Trocadero venue, with the Eiffel Tower looming in the background while the Olympic flag is being raised, during the opening ceremony of the Paris 2024 Olympic Games on July 26, 2024 (Photo by François-Xavier MARIT / AFP) - (crédito: AFP)

 Paris e Brasília — A ausência de público nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 foi paga com juros e correção ontem. Prova disso é a abertura extravagante e sem precedentes nas águas do Rio Sena. Mil e oitenta e três dias após o encerramento atípico na edição do Japão, a capital francesa brindou o mundo e os mais de 320 mil sortudos presentes com uma festa de gala.

Foram 200 dias de ensaios, 20 mil pessoas envolvidas, 2 mil artistas, 1,8 mil trajes produzidos, 170 câmeras de transmissão e 1,7 mil alto-falantes para oferecer a melhor experiência. O desfile das delegações foi dividido em atos e passou por 12 pontos tradicionais da cidade, cada um representando um pilar: Encanto, Sincronia, Liberdade, Igualdade, Fraternidade, Irmandade, Espírito Esportivo, Festividade, Escuridão, Solidariedade, Solenidade e Eternidade, finalizando na Torre Eiffel. 

O céu de Paris não escureceu enquanto as estrelas do espetáculo não entraram em ação. Cartão postal, o Rio Sena dividiu os holofotes com os mais de 7 mil atletas de 205 delegações, que desfilaram em 85 embarcações pelos 6km de leste a oeste do manancial. O primeiro país a entrar foi a Grécia. 

A cantora estadunidense Lady Gaga também abrilhantou o espetáculo. Contudo, a performance não foi ao vivo, o que frustrou fãs da região onde começou a festa. A reportagem do Correio, que estava no local, flagrou o momento em que a artista gravou a apresentação. Tudo ocorreu cerca de três horas antes do início oficial da cerimônia.

Quem também resolveu participar da celebração foi a chuva. Em pleno verão europeu, abriu a manhã parisiense e ameaçou atrapalhar a festa ao ar livre. No início da cerimônia, caiu levemente, sem tirar a animação das delegações e do público. No entanto, na região da Torre Eiffel, a precipitação foi maior, mas não a ponto de estragar a atmosfera festiva. 

Pela segunda vez, o Brasil foi representado por um homem e uma mulher. O canoísta e quatro vezes medalhista olímpico, Isaquias Queiroz, e Raquel Kochhann, do rugby sevens, repetiram o feito de Bruninho (vôlei) e da judoca brasiliense Ketleyn Quadros na cerimônia esvaziada pela pandemia de covid-19 em Tóquio-2020. Concentrados no Taiti, os surfistas não participaram presencialmente da abertura, mas estiveram virtualmente. 

A apresentação reforçou o discurso de diversidade com exibição de pessoas de diferentes gêneros e etnias. Em seguida, foi feito um pedido de paz a partir da canção 'Imagine', do beatle inglês John Lennon (1940-1980). 

População festeja

Antes da abertura, especulou-se insatisfação dos parisienses com a realização dos Jogos Olímpicos. Porém, não foi isso que o Correio observou no Jardin Tino Rossi, um dos primeiros pontos do desfile com presença de público. Franceses pintaram o rosto, vestiram as camisetas das seleções e exibiram o orgulho nacional. Bandeiras de outros países também coloriram o cenário. Quem não tirou a sorte grande com tíquetes para acompanhar de pertinho improvisou. As sacadas dos típicos prédios parisienses de cinco e seis andares viraram arquibancada, assim como as áreas nas quais contavam com um dos 71 telões espalhados. 

O Brasil também esteve presente na abertura fora das embarcações, com o apoio da torcida. No Arco do Triunfo, monumento inaugurado em 1836 para comemorar as conquistas militares de Napoleão Bonaparte, dois gaúchos de São Leopoldo exibiram com orgulho as cores do país. “Estamos muito empolgados, porque somos do esporte e, Paris, Jogos Olímpicos…”, comenta Diogo, quase sem palavras. Adriana foi curta, mas direta: “Estamos entusiasmados com esse grande momento”.

No Jardin Tino Rossi, Mariana Sakurada realizou o sonho ao lado da mãe, Rosa. “A abertura era o que gostaríamos de ver mesmo. Eu e meu marido estávamos nos inscrevendo na plataforma e, no primeiro minuto, conseguimos comprar. Também assistiremos a vôlei de praia, tênis de mesa, hockey na grama e tênis”, compartilhou a arquiteta. 

Em tempos de Olimpíada, uma rivalidade foi revidada. No primeiro trecho do desfile, a delegação de Portugal foi a única vaiada. Em 2016, os lusitanos frustraram o sonho do tricampeonato da seleção francesa na Eurocopa, no Stade de France. 

A cerimônia de abertura não foi tão tecnológica quanto a de Tóquio-2020, mas se valeu do apelo visual. Exemplo disso foi um coração desenhado no céu por aviões. Fumaças e jatos d’água nas cores da França levaram os presentes ao delírio. Um ponto negativo da passagem das delegações foi a saudação somente a torcedores de uma das margens do Rio Sena.

Segurança 

O esquema de segurança foi intensificado em todos os pontos da cidade. Somente pessoas credenciadas e com os bilhetes podiam acessar as proximidades do Rio Sena. Além dos policiais franceses, agentes de outras nacionalidades reforçaram o esquema com 45 mil profissionais. A preocupação foi redobrada após o vandalismo em estações de trem nos arredores de Paris e ameaça de bomba no aeroporto Basileia-Mulhouse, na Suíça, a 460km da capital francesa.

Após passar pelas mãos de 10 mil pessoas e de peregrinar por 68 dias por 65 territórios franceses, a chama foi levada à pira olímpica pelo judoca Teddy Riner, dono de cinco medalhas nos Jogos e 10 vezes campeão mundial, e por Marie-José Perec, velocista dona de três ouros em Olimpíadas. A cantora canadense Céline Dion fechou a festa e arrancou muitos aplausos na primeira apresentação após ser diagnosticada com doença neurodegenerativa rara. Enfim, estão abertos os Jogos Olímpicos de Paris. 

  •  Um balão subiu levando a chama dos Jogos Olímpicos ao céu parisiense
    Um balão subiu levando a chama dos Jogos Olímpicos ao céu parisiense Foto: AFP
  • Emocionada, a cantora canadense Celine Dion protagonizou o ato final
    Emocionada, a cantora canadense Celine Dion protagonizou o ato final Foto: AFP
  • Com apresentação gravada, a cantora Lady Gaga marcou presença na festa
    Com apresentação gravada, a cantora Lady Gaga marcou presença na festa Foto: AFP
  • A velocista Marie Perec e o judocaTeddy Riner acenderam a pira olímpica
    A velocista Marie Perec e o judocaTeddy Riner acenderam a pira olímpica Foto: AFP
  • Barco brasileiro foi ocupado por 50 atletas de 16 esportes, além dos oficiais
    Barco brasileiro foi ocupado por 50 atletas de 16 esportes, além dos oficiais Foto: AFP
  •  The horsewoman (C) arrives with the Olympic flag at the Trocadero during the opening ceremony of the Paris 2024 Olympic Games in Paris on July 26, 2024. (Photo by Stephanie Lecocq / POOL / AFP)
    The horsewoman (C) arrives with the Olympic flag at the Trocadero during the opening ceremony of the Paris 2024 Olympic Games in Paris on July 26, 2024. (Photo by Stephanie Lecocq / POOL / AFP) Foto: AFP
  • Uma amazona com armadura prateada brilhou sobre as águas do Rio Sena
    Uma amazona com armadura prateada brilhou sobre as águas do Rio Sena Foto: AFP
  • Arno Dorian, personagem da série 'Assassin's Creed', carregou a tocha olímpica
    Arno Dorian, personagem da série 'Assassin's Creed', carregou a tocha olímpica Foto: Peter Cziborra / POOL / AFP
  • O presidente Emmanuel Macron, com 
as primeiras-damas Janja e Brigitte
    O presidente Emmanuel Macron, com as primeiras-damas Janja e Brigitte Foto: Cláudio Kbene/Palácio do Planalto
  • Fogos com as cores francesas explodiram sobre a Pont d'Austerlitz
    Fogos com as cores francesas explodiram sobre a Pont d'Austerlitz Foto: Miguel MEDINA / AFP
  • O astro do basquete LeBron James foi o porta-bandeira dos Estados Unidos
    O astro do basquete LeBron James foi o porta-bandeira dos Estados Unidos Foto: Mauro Pimentel/AFP
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postado em 27/07/2024 07:47 / atualizado em 27/07/2024 07:54
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