A Eurocopa e a Copa América encerradas no domingo passado deixaram como legado a valorização de um profissional quase sempre depreciado ou escanteado no mundo da bola: o técnico especializado na formação de jogador de futebol. O popular “professor” das divisões de base.
Lionel Scaloni ganhou o quarto título em quatro anos pela seleção principal da Argentina. Uma Copa do Mundo (2022), duas edições da Copa América (2021 e 2024) e a Finalíssima (2022). Antes, havia comandado a Sub-20 da Argentina. A AFA gostou e delegou também a prancheta da esquadra principal. Deu muito certo e ele ficou somente com a tropa de elite.
A scaloneta virou realidade. Se antes havia divisão entre as ideologias de César Luis Menotti, técnico do primeiro título na Copa de 1978 adepto do futebol-arte, e de Carlos Bilardo, protagonista do bi (1986) com um estilão de resultados, hoje podemos acrescentar o novo ciclo vitorioso da Argentina ao debate. O meio de campo formado por Di María, Rodrigo de Paul, Enzo Fernández e Mac Allister jamais será esquecido. A dupla de ataque Messi e Julián Álvarez virou queridinha da torcida — o “casal 20”.
Luis de la Fuente devolveu a Espanha ao topo com sete vitórias na Eurocopa: as vítimas foram Croácia, Itália, Albânia, Geórgia, Alemanha, França e Inglaterra. O presente dele é festejado depois de um passado questionado. Antes de herdar a prancheta de Luis Enrique, ele comandou as seleções sub-19, sub-21 e sub-23. Conquistou a Euro Sub-19 (2015), a Euro Sub-21 (2019) e a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.
Sete jogadores campeões da Euro faziam parte do elenco no Japão: Simón, Cucurrella, Merino, Olmo, Pedri, Zubimendi e Oyarzabal. Luis de la Fuente foi escolhido por uma razão óbvia: conhecia o projeto, o processo e os jogadores da Espanha como a palma da mão.
A resistência é quebrada aos poucos no Brasil. A CBF entregou a prancheta da Seleção principal a Ramon Menezes depois da eliminação do Brasil contra a Croácia na Copa de 2022. Se fosse para apostar em um interino com passagem pelas divisões de base, o nome correto seria o de André Jardine, mentor do bi olímpico e ex-assistente de Tite na Seleção principal antes de partir rumo ao México e colecionar títulos pelo América.
O Brasileirão vai entrando na moda europeia. Sexto colocado no Brasileirão, o Cruzeiro escala a tabela graças a um treinador egresso da base. Fernando Seabra trabalhava nas categorias de formação do Red Bull Bragantino. Assumiu um trem azul descarrilado e devolveu ao eixo. O Vasco distancia-se da zona do rebaixamento com um treinador especializado em divisões de base. Rafael Paiva formou jogadores no Mogi Mirim, Desportivo Brasil, São Paulo, Vasco e Palmeiras.
Na Eurocopa, na Copa América ou no Brasileirão, os técnicos da base conquistam respeito. Pep Guardiola também foi um dia!
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