O jogador de vôlei de praia Steven Van De Velde, condenado por estupro de uma menina de 12 anos, será um dos representantes dos Países Baixos durante as Olimpíadas de Paris.
O caso ocorreu em 2014, quando Van De Velde estuprou uma garota inglesa de 12 anos, que ele teria conhecido no Facebook. Ele foi condenado em março de 2016 a quatro anos de prisão após admitir três acusações de estupro.
De acordo com o portal britânico The Telegraph, o juiz do caso teria dito ao jogador que as esperanças dele representar seu país em Olimpíadas eram "um sonho desfeito".
"Antes de vir para este país, você estava treinando como um potencial atleta olímpico. Suas esperanças de representar seu país agora são um sonho despedaçado", disse o juiz Francis Sheridan, na ocasião.
Mesmo condenado por quatro anos, Van De Velde foi solto em 2017, após cumprir 12 meses da sentença e foi autorizado a "reabilitar" a carreira olímpica.
Hoje com 29 anos, ele foi convocado pela Federação Holandesa de Vôlei para Paris e jogará ao lado do jogador Matthew Immers.
Federação saiu em defesa do atleta
Em declaração oficial sobre o caso, o Comitê Olímpico do país afirmou que desde 2018, o jogador tem participado de torneios internacionais de vôlei de praia "seguindo uma trajetória intensiva e supervisionada profissionalmente".
Além disso, Michel Everaert, gerente geral da Federação Holandesa, afirmou que o jogador "demonstra ser um profissional e uma pessoa exemplar e não há motivos para duvidar dele desde seu retorno. Apoiamos totalmente ele e sua vaga em Paris, que ele conquistou junto com Matthew", declarou.
O comunicado pontuou ainda que as organizações de vôlei e esportiva nacional tem aconselhamento de especialistas que consideraram "nulo" o risco de reincidência por parte do atleta.
Em entrevista, Van de Velde comentou sobre o crime e afirmou que foi o maior erro de sua vida. "Não posso reverter isso, então terei que arcar com as consequências. Foi o maior erro da minha vida. Fui rotulado como um monstro sexual, como um pedófilo. Isso eu não sou, realmente não sou".
Críticas de ativistas
A decisão de manter o atleta nos Jogos causou revolta na comunidade internacional.
A Athletes Network for Safer Sports, também se pronunciou. O projeto é cordenado pela ex-nadadora olímpica brasileira Joanna Maranhão, como parte da da organização Sport & Rights Alliance, que defende os direitos humanos nos esportes.
Em nota, a organização afirmou que "criminosos sexuais não têm lugar nos jogos". "Ser um atleta olímpico é um privilégio, não um direito. Atletas que competem no nível de prestígio dos Jogos Olímpicos são frequentemente percebidos como heróis e modelos – Van de Velde não deveria receber essa honra", afirmou Maranhão no comunicado.
Nas redes sociais, a medalhista olímpica do atletismo pela Grã-Bretanha, Lauren Muir, criou uma petição pedindo que o atleta seja desclassificado. O texto contava com mais de 40 mil assinaturas.
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