Chegou ao fim a novela mexicana envolvendo o segundo assento na Red Bull. A equipe de Milton Keynes anunciou nesta terça-feira (4/6) a renovação do contrato de Sergio Pérez para permanecer na garagem ao lado da de Max Verstappen por mais dois anos, até o fim da temporada de 2026. Vice-campeão no ano passado, Checo venceu cinco corridas pela RBR e superou a sombra de nomes como Daniel Ricciardo, Yuki Tsunoda, Carlos Sainz e Fernando Alonso pela vaga.
O drama da permanência ou não do mexicano começou ainda em 2023, quando ameaçou ser páreo para brigar com Verstappen pelo título mundial, mas depois acumulou uma série de resultados ruins. Pérez venceu duas das quatro primeiras provas do ano, porém não conseguiu acompanhar o ritmo do holandês e surgiram rumores de uma troca com Ricciardo, que havia voltado ao grid recentemente pela então Alpha Tauri. Ainda assim, Checo garantiu o vice-campeonato de pilotos e ajudou no título de construtores para a Red Bull.
“Agora é um momento importante para confirmar nossa dupla para 2025 e estamos muito contentes em continuar trabalhando junto de Checo. Continuidade e estabilidade são importantes para o time, e tanto Checo quanto Max são uma parceria bem-sucedida e robusta, assegurando nossa primeira dobradinha no mundial do ano passado”, explicou Christian Horner, chefe de equipe da RBR.
Pérez está em quinto lugar no campeonato de pilotos, com quatro pódios (Bahrein, Arábia Saudita, Japão e China) em oito provas. 62 pontos atrás de Verstappen, o mexicano superou o colega de time apenas no Grande Prêmio da Austrália, quando o tricampeão teve um problema no carro e precisou abandonar. Ainda assim, a boa relação da dupla foi um trunfo importante para a renovação do contrato.
“Fazer parte desta equipe é um desafio imenso e que eu amo. Temos um grande desafio este ano e tenho plena confiança em toda a equipe de que o futuro aqui é brilhante, estou entusiasmado por fazer parte. Acho que temos muito trabalho a fazer e muito mais campeonatos para vencer juntos”, opinou o piloto.
Com a confirmação de Checo atrás do volante da Red Bull, o grid de 2024 tomou mais forma, ainda mais no pelotão da frente. As únicas duplas garantidas até o momento são apenas da McLaren (Lando Norris e Oscar Piastri) e Ferrari (Charles Leclerc e Lewis Hamilton), além da própria RBR. No restante, a Aston Martin renovou com Fernando Alonso, assim como a Williams e Alexander Albon, enquanto George Russell segue sob contrato com a Mercedes e Nico Hulkenberg será futuro membro da Sauber, todos ainda sem saber quem serão os respectivos parceiros. Alpine, RB e Haas seguem com ambas as vagas em aberto.
Ocon fora da Alpine
As movimentações no grid da próxima temporada não pararam só em Perez. Na segunda-feira (3/6), a Alpine anunciou a não permanência de Esteban Ocon na equipe para 2025 e escancarou mais uma vaga em aberto no pelotão. O contrato do piloto francês com a montadora do mesmo país se encerra no fim deste ano, mas as partes decidiram não renovar a parceria de cinco anos. O melhor resultado conjunto foi a vitória na Hungria, em 2021, além do segundo lugar em Sakhir (2020) e o terceiro em Mônaco (2023).
A situação de Ocon ficou ainda mais difícil durante o último Grande Prêmio de Mônaco, há menos de duas semanas. Na ocasião, ele bateu com o companheiro Pierre Gasly ainda na primeira volta ao tentar uma manobra na curva Portier, na entrada do túnel, lugar pouco comum para ultrapassagens na pista de Monte Carlo. O acidente causou danos no assoalho do A524 de Ocon, que precisou abandonar e vai cumprir uma punição de cinco posições no GP do Canadá, no próximo fim de semana. Gasly conseguiu seguir na prova e terminou em 10º para dar à Alpine o segundo ponto da equipe no ano.
“O ataque de Esteban excedeu completamente os limites. É exatamente o que não queríamos ver e haverá consequências. Vamos tomar uma decisão difícil. A Portier não é um local para fazer movimentos, não deixando espaço para o companheiro de equipe”, disse Bruno Famin, CEO da Alpine, após a corrida.
Com a saída, Ocon teve o nome ventilado na Mercedes, por ser piloto da academia da equipe, e opção na Haas e na Sauber. Ainda assim, há a possibilidade dele migrar para outras categorias do automobilismo. “Nós tivemos grandes momentos juntos, mas também alguns difíceis, e certamente sou grato a todos na equipe por essas ocasiões memoráveis. Anunciarei meus planos muito em breve, mas, enquanto isso, meu foco total é entregar na pista por esse time e ter um restante de temporada bem-sucedido”, comentou o francês.
Para convencer uma nova equipe, ele precisa superar a fama de mau companheiro. Na elite desde 2016, apesar de ter ficado de fora na temporada de 2019, os problemas com colegas o acompanham desde a estreia na Manor. Os primeiros atritos vieram com Pascal Wehrlein, na batida no GP de Abu Dhabi de 2016. No ano seguinte, com a mudança para a Force India/Racing Point (atual Aston Martin), as confusões com Sergio Pérez vieram aos montes, com direito a batidas e Ocon publicando nas redes sociais que o mexicano tentou o matar na pista. Os atritos mais recentes foram já na Alpine, com Fernando Alonso em 2022 e depois com Gasly.