Lesão

Lesão de jogador da Hungria na Euro traz debate sobre os protocolos médicos

Momento da lesão de Vargas (esquerda) após choque com adversários escoceses

Momento da lesão de Vargas (esquerda) após choque com adversários escoceses -  (crédito: Foto: Lluis Gene/AFP via Getty Images)
Momento da lesão de Vargas (esquerda) após choque com adversários escoceses - (crédito: Foto: Lluis Gene/AFP via Getty Images)

O atacante Barnabás Vargas, da Hungria, colidiu com os adversários  Gunn e Ralston, durante a vitória por 1 a 0 sobre a Escócia, válida pela terceira rodada da fase de grupos da Eurocopa, na última segunda-feira (24). Posteriormente ao impacto, Vargas caiu desacordado no gramado e permaneceu inconsciente até receber os primeiros atendimentos médicos, realizados em uma tenda improvisada ao seu redor. Preocupado com a situação do companheiro de equipe, o capitão da seleção húngara, Dominik Szoboszlai, veio a público para pedir a revisão dos protocolos médicos para casos graves de concussão, como o de Vargas.

Szoboszlai questionou a demora para a chegada da maca ao local do incidente, o que o levou a ajudar os médicos a carregar o leito. Pouco tempo depois do gol da vitória da Hungria, a federação do país confirmou que Vargas estava em condição “estável” em um hospital próximo ao estádio e que ele sofreu uma concussão e fraturas na maçã do rosto.

Comunicado da federação húngara

Devido a gravidade das lesões sofridas, o jogador passou por cirurgia na última segunda (24), em Stuttgart, Alemanha. Em comunicado, a Federação Húngara disse que o atacante foi operado “com sucesso” por especialistas em lesões faciais, e confirmou que o jogador já foi liberado do hospital, e está se recuperando em casa, na Hungria. Para a Dra. Flávia Magalhães, médica do esporte que é pós-graduada em Fisioterapia Traumato-ortopédica e Fisiologia do Exercício, o grande perigo de lesões como a do jogador húngaro está na possibilidade da repetição de traumas e choques na cabeça, os quais podem gerar novas complicações.

“Por estarem continuamente expostos ao risco de concussão, a repetição da mesma lesão é comum em esportistas. Diante disso, os atletas estão mais vulneráveis a lesões repetidas quando não se recuperam totalmente de uma concussão anterior e, mesmo após a recuperação, os atletas são de duas a quatro vezes mais propensos a sofrerem outra concussão em algum momento”, explica a médica.

Comentários de especialistas sobre a lesão do atleta da Hungria

De acordo com um estudo publicado na revista The Lancet Public Health em 2023, atletas de futebol de elite tendem a apresentar 1,5 vezes mais chances de desenvolver doenças neurodegenerativas em comparação ao restante da população. O que, para Rodrigo Brochetto, coordenador médico do Botafogo Futebol SA, está ligado diretamente aos problemas não tratados adequadamente, levando a pioras significativas do quadro.

“Atletas que sofrem concessões sucessivas e que, principalmente não fazem o tratamento adequado, tem um maior risco de apresentar no futuro uma doença chamada Encefalopatia Traumática Crônica, que causa uma degeneração progressiva, levando a alteração de comportamento (agressividade) e demência”, pontua o especialista.

De acordo com o Dr. Jhone Pereira, médico do time profissional do Cuiabá, o protocolo para o retorno de esportistas que sofrem com traumas na cabeça, conhecido como SCAT-6, será fundamental para o processo de recuperação total de Vargas.

“O protocolo SCAT-6 prevê retorno gradual às atividades, com etapas diárias que devem ser atingidas. Se por acaso em um dia o atleta não atingir o previsto, voltamos atrás um passo e o tempo demora um pouco mais. A quantidade de dias para retornar vai depender da gravidade, do exame inicial e, principalmente, do comportamento físico, clínico e cognitivo ao longo da recuperação “, explica o Doutor.

Juliano Blattes, médico do Sport Club Internacional, também explica que a imprevisibilidade das concussões gera dificuldade em preveni-las, tornando os protocolos de controle a solução mais viável.

“É muito difícil a gente prevenir uma concussão, até porque a concussão no futebol geralmente é um acidente, um ato inesperado. Quando o atleta do futebol sofre uma concussão, normalmente é com cabeceio, ou batendo a cabeça contra o solo. São esses dois mecanismos os mais comuns. Existem vários protocolos que aplicamos para vermos a gravidade dessa concussão. Em média, o atleta fica afastado sete dias das atividades esportivas. Em casos mais graves,ele pode ficar 15 a 30 dias fora das práticas. No futebol, o padrão é de concussões mais leves”, analisa Juliano.

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Jogada10
postado em 28/06/2024 14:05
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