Frustração e ferida aberta é o que resume a última semana do Atlético. Em quatro dias, a revolta pela arbitragem deu lugar também às preocupações com o elenco.
Diante do Palmeiras, na última segunda-feira (18) um escárnio de arbitragem atrapalhou o jogo e tirou de todos a capacidade analítica sobre o jogo. A Massa do Galo, revoltada, mesmo tomando um 4 a 0 aplaudiu o time.
A péssima atuação do “homem do apito” tirou o olhar do jogo, o referencial que estava além. Passados três dias, na quinta-feira, o Galo encontrou o Vitória no Barradão desfigurado e ainda sem Hulk e Paulinho. Além dos vários jogadores fora por convocação e lesão, os encaixes não funcionaram.
O Vitória que vinha de um retrospecto altamente negativo nos recentes jogos: 6d; 3e; 1v. O último êxito tinha sido exatamente contra o Inter de Coudet no domingo (17). Mas contra o Galo, tudo funcionou para o Leão da Barra.
Willian Oliveira e Matheusinho estavam em noite iluminada, parecia que tinham baixado o espírito de Messi e De Bruyne. E o Galo estava desprotegido defensivamente, – algo recorrente desde o jogo contra o Sport na volta pela Copa do Brasil, quando fora dominado pela primeira vez -. Um 4 a 2 que tirou a bazuca da arbitragem de quinta e direcionou a outros personagens, sobrou para todo mundo.
De quem é a reponsabilidade?
Num trabalho coletivo não há responsabilidade única. E tudo começa de cima para baixo. A diretoria do Atlético sabia das necessidades de reposição de elenco e não conseguiu fazer algumas reposições. Algumas posições sofrem com desequilíbrios. Recentemente, o Atlético perdeu Pavón, Jemerson e Edenilson para o Grêmio.
Pode-se questionar que as saídas foram de atletas contestados pela torcida, mas planejamento que se antecipa sabia que convocações eram previstas e que a Copa América ocorreria. Para agravar tudo, Otávio (lesionado) e Alan Franco (convocado – Equador) tiraram literalmente a proteção defensiva do Galo. A justificativa da diretoria para os poucos movimentos está no orçamento que ainda sofre com juros de anos.
Sem Franco e Otávio, o rendimento caiu de mais de 74% para 38%, conforme levantamento do jornalista Fred Teixeira – O Tempo. Os adversários passaram a chutar mais “limpamente” ao gol e o agasalho defensivo foi “rasgado”. Para se ter uma ideia, com Franco e Otávio, contra o Rosário, o Galo sofreu apenas quatro finalizações e venceu.
Para comparar, podemos colocar outra vitória, desta vez contra o Bragantino, na virada por 2 a 1,o time da terra da linguiça teve 15 arremates. Contra o Palmeiras e Vitória, respectivamente, 22 e 12 jogadas terminadas pelos adversários. A conclusão é clara: o Atlético não conseguiu repor para o período as ausências e ficou exposto defensivamente.
Equívocos de Milito
A engenharia gosta de soluções e não de culpados. Mas a responsabilidade sobre o planejamento é da direção; em campo dos atletas pelo não rendimento e, por último, neste momento, do seu comandante por ter se equivocado em algumas ações, apesar da balança favorável de muito mais acertos.
A outra justificativa de que atletas contratados agora não iriam jogar até a abertura da janela diz muito sobre o planejamento e o cobertor que ficou extremamente curto. São os fatos. Mais que isso, pensando em solução do para frente, para chegar na janela tem que negociar antes. Que se confirme Alonso e Fausto Vera o quanto antes, e, quem sabe, uma surpresa, com um driblador, o tal do “quebra-linhas”, mas acho que estou muito sonhador.
As instabilidades viriam. Faz parte do processo. O time é bom. O elenco tem vazios e desequilíbrios. Mas o importante é que o Milito precisa ser ajudado e deve ser protegido, só não pode ser usado, jamais, como metal de sacrifício. Afinal, queremos ele aqui para sofrer e vibrar junto com a Massa por pelo menos um quinquênio.
Enfim…
Não é para esquecer a semana. Afinal, a sabedoria está em tratar problemas com profundidade. Deixar Gabriel Milito exposto e colocá-lo como metal de sacrifício pode ser o erro mais raso e repetido da cultura provinciana que habita nossa covardia de cada dia.
A semana do galista foi dura, mas o aprendizado vem na maturidade do processo. É nessa hora que é de bom tom a diretoria aparecer. É na hora do “ruim” que se ganha o povo, dando as faces para bater. Uma torcida gigante como a do Atlético quer o “jogo junto” com você, no bom e no ruim.
A trinca da vitória é: diretoria, time e torcida rumando juntos, sem se perder. Mas a ferida se abre e se fecha, sempre. Afinal, uma vez até morrer.
Galo, som, sol e sal é fundamental!
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