FUTEBOL

Entenda por que a Eurocopa é um trauma a ser superado por Mbappé

Craque mais valioso do torneio desperdiçou a última cobrança na decisão por pênaltis das oitavas de final contra a Suíça em 2021. Para ele, a disputa continental é mais difícil do que a Copa do Mundo

Mbappé participará da Euro pela segunda vez. Na edição de 2020, não marcou nenhum gol -  (crédito: Franck Fife/AFP)
Mbappé participará da Euro pela segunda vez. Na edição de 2020, não marcou nenhum gol - (crédito: Franck Fife/AFP)

Acredite se quiser: o segundo torneio de seleções mais relevante do planeta bola foi capaz de traumatizar até mesmo o craque mais badalado e valioso da atualidade. Um dos poucos jogadores fora de série que ainda desfilam pelos tapetes verdes do mundo, Kyliban Mbappé tem um drama pessoal com a Eurocopa. É considerado o vilão da eliminação da França para a Suíça, nas oitavas de final da edição de 2020, quando desperdiçou a última cobrança da decisão por pênaltis (5 x 4). Nesta segunda-feira (17/6), às 16h, contra a Áustria, em Dusseldorf, inicia a saga pela redenção e pelo tricampeonato continental dos Bleus.

Quem observa o protagonismo de Kylian Mbappé talvez não se recorde de que a Eurocopa é o único torneio pelo qual o astro ainda não balançou as redes com a camisa da seleção francesa. Estreou na versão de 2020 do principal torneio entre as nações do Velho Continente, disputou quatro partidas e a participação mais certeira foi com a assistência para o gol de Benzema no empate por 3 x 3 no tempo regulamentar com a Suíça, antes da disputa por pênaltis.

Situação diferente de quando desfilou pela versão sub-19 da Euro, em 2016. Em 10 de julho daquele ano, a seleção principal foi derrotada em casa para Portugal na decisão e ficou com o vice. Duas semanas depois, Mbappé liderou a equipe de base ao tricampeonato da edição juvenil, sobre a Itália, por 4 x 0. No torneio de transição para o profissional, marcou cinco gols em cinco jogos. Para o extraclasse, ganhar o deixou "mal-acostumado" e pode ter influenciado no desempenho na Euro-2020.

"Em 2018 (na Copa do Mundo da Rússia), não aprendi, cheguei e ganhei na hora, e você não aprende quando ganha. Levei um tapa na Euro 2020, com uma competição fracassada. Foi a competição com a qual mais aprendi, isso é certo. Essa é a grande mancha no meu currículo em seleção. A Euro foi base para a Copa do Mundo no Catar. Perdemos nos pênaltis e também é experiência, e te enriquece como homem e como jogador", discursou durante a preparação.

Mbappé guarda rancor da Euro e a trata como mais difícil do que ganhar a Copa do Mundo. "Tenho uma mentalidade vingativa, o jogador que sou ainda tem tudo para demonstrar na Euro. É uma competição muito complicada, para mim, mais complicada do que uma Copa do Mundo. Se falamos de nível, é difícil, pois todos os times se conhecem, estão acostumados a jogar entre si o tempo todo. Taticamente, é um futebol parecido. Não ganhamos há vinte e quatro anos, é enorme para um país como o nosso."

Embora o campeão mundial pela França em 2018 esteja focado na partida, ontem quebrou o protocolo da entrevista coletiva pré-jogo para comentar a situação política no país. O atacante do país se posicionou contra a extrema direita francesa e convocou os compatriotas para as eleições antecipadas, em 30 de junho e 7 de julho. "Estamos num momento crucial na história do país. Você tem que saber resolver as coisas e ver prioridades. Somos cidadãos acima de tudo, não devemos estar desligados do mundo. Estamos numa situação sem precedentes", ressaltou.

O discurso de Mbappé foi voltado, especialmente, para a nova geração que o acompanha. "Vemos que os extremos estão às portas do poder. Temos a possibilidade de mudar tudo. Espero que minha voz seja transmitida o máximo possível. Precisamos nos identificar com valores de tolerância, respeito, diversidade. Cada voz conta", completou.

A 39 dias da abertura dos Jogos Olímpicos de Paris-2024, a França vive turbulência política diante do avanço da extrema direita após o presidente, Emmanuel Macron dissolver o parlamento e antecipar as eleições. Uma das pautas das siglas conservadoras é a contenção dos imigrantes. Hoje, a maioria dos pés-de-obra da seleção bicampeã mundial são importados. Principal estrela do esporte nacional, Mbappé tem pai camaronês e mãe argelina. Segundo a imprensa francesa, como a Eurocopa terminará em 14 de julho, a delegação deve votar remotamente.

O técnico mais longevo entre os 24 inscritos na Euro-2024 pertence à França. Campeão da Copa do Mundo de 1998 como jogador e de 2018 à beira do gramado, Didier Deschamps ostenta a prancheta dos Bleus há quase 12 anos. Para a jornada no torneio continental na Alemanha, reformulou praticamente todo time em relação à edição de 2020. Apenas o goleiro Maignan, o defensor Pavard, o volante Kanté, o meia Rabiot, e os atacantes Griezmann, Mbappé, Giroud, Thuram e Coman estiveram na última disputa. Os demais 16 são estreantes.

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postado em 17/06/2024 06:00
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