FUTEBOL

Brandt e Rodrygo: os pés de apoio nas caminhadas de Dortmund e Real

No segundo capítulo da série sobre personagens de Borussia Dortmund e Real Madrid, saiba mais do meia coringa do clube alemão e do atacante "socorrista" da companhia merengue

A final da Liga dos Campeões, no sábado (1º/6), às 16h, em Wembley, tem enredo semelhante aos de filmes de super-heróis. Quem observa os protagonistas nem sempre se recorda dos coadjuvantes. A presença de Borussia Dortmund e Real Madrid no último ato do torneio entre clubes mais badalados do planeta bola se deve aos astros e, claro, às peças solidárias. Personagens do segundo capítulo da série do Correio sobre a decisão em Londres, o meio-campista alemão Julian Brandt e o atacante brasileiro Rodrygo são assim: esbanjam a qualidade individual e se destacam pela entrega ao jogo coletivo.

Embora não sejam considerados protagonistas, Brandt e Rodrygo cumprem funções vitais para o funcionamento das engrenagens alemã e espanhola. O meia e o atacante parecem peças feitas sob medida para Borussia Dortmund e Real Madrid. Não foram forjados nas categorias de base das equipes, mas jogam como se fossem aurinegro e merengues desde pequenos. A entrega em campo alinhada à técnica apurada os levam a desfrutar do melhor momento da carreira e do prestígio de quase intocáveis nos times de Edin Terzic e Carlo Ancelotti.

Julian Brandt poderia ser descrito como um "carregador de piano" moderno. Está longe de ser um meia de força bruta, mas é conhecido pela versatilidade. É um faz-tudo no Borussia Dortmund. No sistema 4-2-3-1 do técnico Edin Terzic, é uma das vias responsáveis por abastecer o centroavante
Fullkrug. Porém, o camisa 19 soube se adaptar às necessidades. Além de recompor, também é alternativa para o jogo pelas beiradas.

O meia que costuma tirar onda de atacante está cada vez mais à vontade no Borussia Dortmund. Talento forjado nas categorias de base do atual campeão alemão, o Bayer Leverkusen, Brandt tem 26 participações diretas em gols em 46 partidas — 10 bolas na rede e seis assistências. Em 11 compromissos pela Liga dos Campeões, vazou a meta adversária duas vezes e foi garçom para os companheiros em três oportunidades.

Embora não seja prata da casa, Brandt está no álbum de glórias recentes do clube fundado em 19 de dezembro de 1909. Esteve presente em duas das campanhas vitoriosas nos últimos 10 anos. Em 2019, foi campeão da Supercopa da Alemanha diante do papa-títulos Bayern de Munique. Dois anos depois, formou quarteto com Jadon Sancho, Jude Bellingham e Erling Haaland e brindou o time aurinegro com o quinto caneco da Copa da Alemanha.

Brandt foi mais um "achado" do Borussia Dortmund. Apesar de não conseguir competir com o poderio ofensivo de gigantes e ricaços, como Real Madrid, Barcelona, Manchester City e Bayern de Munique, o time da região da Renânia do Norte-Vestfália se especializou na captação de jovens talentos. Bellingham foi comprado por 30,5 milhões de euros junto ao Birmingham City e saiu como a segunda maior venda do clube, por 103 milhões de euros, para o Real Madrid. Haaland foi adquirido por 20 milhões de euros e transferido ao Manchester City por 60 milhões de euros. Brandt segue caminho parecido. A diretoria aurinegra desembolsou 25 milhões por ele na negociação com o Leverkusen. Hoje, o meia tem valor de mercado avaliado em 40 milhões de euros.

Há uma curiosidade por trás do destino de Brandt. Antes de aterrissar em Dortmund, esteve no radar do Real Madrid. Os galácticos, porém, encontraram outra jovem solução: Rodrygo. O Menino da Vila nascido em Osasco deixou o Santos como segunda maior venda, por 45 milhões (cerca de R$ 193 milhões à época), atrás apenas da operação com o Barcelona envolvendo Neymar (88,4 milhões de euros).

Rodrygo é precoce. O jogador de 23 anos seguiu o caminho inverso de outros jovens da rede de talentos do Real Madrid. Disputou três partidas pelo time B merengue, marcou dois gols e foi prontamente alçado ao elenco principal pelo então treinador Zinédine Zidane. Assim como nos tempos de jogador, o ex-meia francês previu o lance. Rodrygo foi peça fundamental para os últimos títulos da equipe espanhola. Não tinha o protagonismo em elencos com Luka Modric, Karim Benzema, Vinicius Junior, Toni Kroos, mas salvou a pátria quando poucos esperavam.

O jogo de volta da semi da Champions 2021/2022 é um dos exemplos. O Real perdia por 1 x 0 para o Manchester City até os 45 minutos da etapa final e estava sendo eliminado. Foi aí que Rodrygo chamou a responsabilidade ao marcar dois gols em sequência e inspirar Benzema a anotar o terceiro e decretar a classificação para decisão contra o Liverpool. Nesta edição do torneio, o camisa 11 é o segundo maior goleador merengue, com cinco. Fica atrás apenas do compatriota Vini Junior, autor de seis.

*Estagiário sob a supervisão de Victor Parrini

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