Xabi Alonso foi um meio-campista do mais alto quilate nos tempos de Real Sociedad, Liverpool, Real Madrid e antes da aposentadoria no Bayern de Munique. Aos 42 anos, é tratado como o mais promissor treinador do planeta. Recentemente, foi o mais cobiçado do mercado da bola. Não por acaso. Na primeira temporada como dono da prancheta de um time profissional, levou a equipe da multinacional farmacêutica ao inédito título da Bundesliga com campanha invicta, façanha jamais alcançada na era moderna do principal torneio da Alemanha. E pode não parar por aí. Nesta quarta-feira (22/5), às 16h, contra a Atalanta, na Irlanda, ele pode coroar 2023/2024 com o título da Liga Europa e reforçar o time de técnicos respeitados com campanhas de sucesso em competições nacionais e do Velho Continente na mesma temporada.
De 2010 para cá, quando a entidade máxima do maior centro do futebol rebatizou a Copa da Uefa de Liga Europa, sete treinadores comemoraram uma dobradinha de títulos. Xabi Alonso pode ser o oitavo. Inspirações não faltam ao ex-volante. Três mentores dele nos tempos dentro do gramado compõem a lista. Voz da consciência de Xabi Alonso no Real Madrid, Carlo Ancelotti monopolizou o Campeonato Espanhol e a Liga dos Campeões com o Real Madrid em 2022. Vitorioso na LaLiga, ele pode repetir a dose em caso de êxito contra o Borussia Dortmund no último ato da Champions, em 1º de junho. Em 2010, o português José Mourinho levou a Internazionale ao tri da Champions e ao 18º scudetto da Série A.
Última referência de Xabi Alonso como treinador, o compatriota Pep Guardiola é o mais habituado ao feito. É o único a ter erguido duas vezes os troféus do torneio de clubes mais badalado do mundo e de campeonatos nacionais. No ano passado, realizou o sonho do ricaço Manchester City de faturar a Liga dos Campeões após emplacar o tri consecutivo da badalada Premier League. Embora tenha bebido das fontes de alguns dos principais influenciadores à beira do gramado, o técnico do Bayer Leverkusen rechaça ter um mestre favorito.
"Com certeza, adquiri experiências como jogador com esses grandes treinadores, mas também aprendo muito com os jogadores (do Leverkusen). Eles me ensinam muitas coisas, e a gente tenta melhorar com os erros", esquivou-se, ontem, na coletiva antes da decisão.
A lista para qual Xabi Alonso pretende entrar tem outro espanhol: Luis Enrique. Em 2015, ele converteu as expectativas do Barcelona com o trio MSN — Messi, Suárez e Neymar — em títulos da LaLiga e da Liga dos Campeões. Dois anos antes, o alemão Jupp Heynckes guiou o Bayern de Munique às conquistas da Bundesliga e da Champions. Mesmo seguido por Hansi Flick, mente por trás do sucesso do Gigante da Baviera em 2021. Velho adversário de Xabi Alonso, Zinedine Zidane colocou o Real Madrid no topo da Espanha e da Europa em 2017.
Xabi Alonso pode ser o primeiro a entrar na lista com o título da Liga Europa. O feito mostra como o espanhol fura a bolha do futebol. A tendência dos gramados aponta para domínio nacional dos clubes envolvidos na Liga dos Campeões. Nesta temporada, por exemplo, os representantes da Bundesliga na competição nacional foram Bayern de Munique, RB Leipzig, Union Berlin e o finalista Borussia Dortmund.
O técnico espanhol elevou o patamar da companhia de Leverkusen. O time entrará em campo contra a Atalanta ostentando a maior invencibilidade da era recente do futebol europeu: 51 jogos. Xabi Alonso não tem medo em compartilhar a receita do sucesso. "Trata-se da consistência e do nosso nível de desempenho, do nível mental e de foco. Em termos de mentalidade e concentração, a equipe não sofreu nenhum desastre ou um único momento ruim durante qualquer jogo, e isso permitiu-nos ter uma temporada excepcional", comentou.
"Fomos competitivos em todos os jogos, quer jogássemos bem ou mal. Jogamos bem na maioria dos jogos, mas não desistimos naqueles em que não estivemos bem. Isso diz muito sobre o empenho desta equipe na preparação para cada jogo. Não desconsideramos nenhum, preparámo-nos muito bem e isso exige muito", emenda o treinador.
Caso não perca para os italianos, o Bayer Leverkusen chegará à decisão da Copa da Alemanha, contra o Kaiserslautern, no sábado, com possibilidade de faturar a tríplice coroa e, de quebra, orgulhar-se de concluir a temporada sem nenhuma derrota, algo sem precedentes na Europa. A decisão de hoje, porém, não será tarefa fácil para os alemães.
A Atalanta é a quinta colocada da Série A, empatada com os mesmos 68 pontos de Bologna (3º) e Juventus (4º). É comandada por Gian Piero Gasperini. O volante brasileiro Éderson, ex-Corinthians e recém-convocado por Dorival Jr. para a Copa América, é um dos homens da segunda linha do esquema 3-4-2-1 da equipe. É a primeira final continental do time de Bergamo. Em 2019/20, alcançou as quartas de final da Champions, quando foi derrotado pelo Paris Saint-Germain. O Leverkusen faturou a Liga Europa em 1988 e mira o bi.
Ficha técnica
Atalanta x Bayer Leverkusen
Liga Europa - Final (jogo único)
Local: Dublin Arena, Irlanda
Horário: 16h
Transmissão: ESPN, SBT e TV Cultura
Árbitro: István Kovács (Romênia)
Prováveis escalações
Atalanta - Musso; Rafael Tolói, Hien, Djimsiti; Zappacosta, Koopmeinres, Ederson, Ruggeri; Ketelaere, Scamacca, Lookman. Técnico: Gian Piero Gasperini
Bayer Leverkusen - Kovar; Kossounou, Jonathan Tah, Tapsoba; Frimpong, Andrich, Xhaka, Alex Grimaldo; Adli, Florian Wirtz; Patrick Schick. Técnico: Xabi Alonso